"Minha pátria é a língua portuguesa", escreveu Fernando Pessoa. E esta frase tem feito, como legado, sucesso em tudo quanto seja politicamente correcto sobre a força, a expressão, a vida da língua portuguesa. E poderia haver razões para assim ser, de facto, porque uma língua faz também um povo, porque uma língua é ponte que liga pontos inimagináveis.
Coincidência foi o facto de as provas de aferição de Língua Portuguesa do 6º ano terem ocorrido hoje, com a petizada a preparar-se para o efeito, com preceito. Haja em vista que estas provas não contribuem para a avaliação dos alunos, mas editoras há que publicam uns livros de exercícios com os sugestivos títulos do género de "preparar as provas de aferição"... algo que só pode ser entendido como uma ajuda à imagem que o Ministério da Educação quer ter de si mesmo. E o sistema embarca nisto, mesmo sabendo que os resultados não contam para a avaliação dos alunos, mas para algo como a avaliação do próprio sistema, contribuindo com preparação dos alunos para as provas de aferição, etc., etc.
É claro que a miudagem não pensa nisto, só pensa em alcançar o tão propalado sucesso, pequeno espelho do que pode ter sido o seu trabalho ao longo dos tempos. Mas, apesar de tudo, pensa. Querem ver?
"Ó pai, sabes o que foi uma das perguntas da prova de aferição de hoje? Foi pedido para ordenarmos alfabeticamente uma lista de palavras... Já viste? No 6º ano a fazermos isto!..." E não há palavras. Ou há: com elas se faz a língua portuguesa e hoje era o seu dia. Pena é que com elas também se fazem os padrões de exigência... e, no 6º ano, podia haver perguntas mais interessantes. Ou não?
De qualquer forma... o Pessoa continuará a ter razão: a minha pátria é a língua portuguesa. Mas tratemo-la com um pouco mais de cerimónia, já agora que até celebramos o seu dia!...
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