... em homenagem a Hans Christian Andersen, nascido em Odense neste dia do ano de 1805, uns poucos de meses antes de, ainda no mesmo ano, ter morrido o maior poeta das margens do Sado, Bocage.
Quando em 1866 Andersen visitou Portugal, também Setúbal calhou no roteiro, uma vez que a família O'Neill, anfitriã do dinamarquês, também por aqui tinha poiso. E foi na Quinta dos Bonecos, em Setúbal, que Andersen se inspirou para um dos seus contos, "O sapo", um texto que começa assim:
"O poço era fundo, por isso a corda era comprida. A roldana rodava com dificuldade, quando se puxava o balde com água para a borda do poço. O sol nunca conseguia descer para espelhar-se na água, por muito clara que fosse, mas até onde conseguia brilhar, crescia a erva entre as pedras. Aí vivia uma família da raça dos sapos que imigrara e que propriamente viera de cabeça para baixo, com a velha sapa-mãe ainda viva. As rãs verdes, que há muito tempo aqui estavam instaladas e nadavam na água, reconheceram-nos como primos e chamaram-lhes 'hóspedes do poço'. Estes traziam bem o propósito de aí ficar. (...)"
E, um dia, um sapo resolveu viajar até ao exterior do poço para ver mundo e aprender vida. E, a acompanhar a peregrinação do sapo, o narrador vai ensinando ao leitor algumas verdades na vida aprendidas. Como esta: "Não há nada mais belo do que aquilo que é de nós próprios.". Ou esta: "Não temos olhos ainda para ver dentro de toda a magnificência que Deus criou, mas temo-los, e isso vem a ser o conto mais belo, pois nós próprios lá estamos!"
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