Em
1 de Dezembro de 1934, há 80 anos, era posto à venda o título Mensagem, único livro que Fernando
Pessoa publicou em português. Para lá da simbologia que poderia haver na
escolha da data para a entrada do título no circuito comercial por parte da
editora Parceria António Maria Pereira, também é verdade que o livro esteve
para ter o título de Portugal.
Se
não o teve foi por influência de um amigo do autor e por uma decisão de
rejeição. Com efeito, o nome do país andava a ser usado comercialmente em
campanha promotora do nome “Portugal”. E Pessoa confessa num dos seus escritos:
“O meu livro Mensagem chamava-se
primitivamente Portugal. Alterei o
título porque o meu velho amigo Da Cunha Dias me fez notar – a observação era
por igual patriótica e publicitária – que o nome da nossa Pátria estava hoje
prostituído a sapatos, como a hotéis a sua maior Dinastia.”
Onésimo
Teotónio de Almeida cita texto de José Blanco a propósito do prémio atribuído a
Mensagem em 1934: “A Mensagem não chegava às 100 páginas
regulamentares, ao contrário do livro do padre Vasco Reis, pelo que concorreu à
categoria B (poema ou poesia solta). Foi, como se sabe, por intervenção directa
de António Ferro que o montante do respectivo prémio, para o qual a Mensagem tinha sido passada apenas por
uma simples questão de número de páginas, foi elevado para 5000$00, exactamente
o mesmo atribuído pelo regulamento à obra premiada na categoria A.” (in Pessoa, Portugal e o Futuro. Lisboa:
Gradiva, 2014)
Vasco Reis, sacerdote flaviense, ganhou o prémio com A Romaria, também publicado em 1934.
Mais tarde, passaria a assinar as suas obras, romances de teor colonial (entre
outros: Cafuso, 1956; Filha de Branco, 1960; Caminhos, 1961; Queimados do sol, 1966),
com o nome de Reis Ventura, pseudónimo de Manuel Joaquim Reis Barroso (1910-1992).
Em vários momentos, o autor de A Romaria
confessou que o verdadeiro vencedor do Prémio Antero de Quental de 1934 deveria
ter sido Mensagem.
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