Quando
Alexandrina Pereira escolheu a Arrábida como objecto do seu amor, do seu poema (Arrábida, meu amor, meu poema. Setúbal: ed. Autor, 2013),
abriu as portas para um passeio de mãos dadas com a serra, enveredando por ecos
que nos chegam de poemas já ouvidos, já cantados, todos eles celebrantes da
maravilha com que a serra se apresenta.
Vai
o leitor contemplando este poema em que a serra está vestida de flores e as
sensações visuais acumulam-se num espraiar de versos, ao mesmo tempo que as
emoções respiram a tradição literária em torno da Arrábida.
Ponto
em que o vento “sibila segredos” ou onde “a Primavera é infinita”, ao poeta (ou
ao leitor) resta o pasmo perante a maravilha que sucede à maravilha (como
algures registou Sebastião da Gama), em frente de um universo de beleza tornada
espanto e admiração.
No
meio de todo este silêncio sugerido, distingue-se o rumor que nos chega de Frei
Agostinho, mas também o cântico emergente da tela de palavras com que Sebastião
aureolou a Arrábida, não só por a ter elevado ao estatuto de mãe, que é como
quem diz fonte da vida, mas também porque a conheceu como ninguém e partilhou
os segredos que ela própria lhe revelou. Um deles é esta possibilidade de a
Arrábida ser poesia, de ser corpo vivo que nos enleva e se nos mostra, assim
cada um queira ser seu confidente. Alexandrina Pereira foi por esse caminho…
E,
neste tempo em que passam 60 anos sobre a ida de Sebastião da Gama para o
infinito das estrelas e da memória e em que se fala da Arrábida como esperança
de vir a ser um elemento integrante do património mundial (que já o é, de
facto), é pertinente lembrar o tom de felicidade que jorra da sempre doce
Arrábida.
Arrábida,
meu amor, meu poema. Arrábida, razão de ser e de cantar. Arrábida, feliz
Arrábida!
[Nota prefacial ao livro, que foi apresentado publicamente
em 27 de Abril, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal.]
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