segunda-feira, 13 de maio de 2013

Alexandrina Pereira: a Arrábida em forma de poema




Quando Alexandrina Pereira escolheu a Arrábida como objecto do seu amor, do seu poema (Arrábida, meu amor, meu poema. Setúbal: ed. Autor, 2013), abriu as portas para um passeio de mãos dadas com a serra, enveredando por ecos que nos chegam de poemas já ouvidos, já cantados, todos eles celebrantes da maravilha com que a serra se apresenta.
Vai o leitor contemplando este poema em que a serra está vestida de flores e as sensações visuais acumulam-se num espraiar de versos, ao mesmo tempo que as emoções respiram a tradição literária em torno da Arrábida.
Ponto em que o vento “sibila segredos” ou onde “a Primavera é infinita”, ao poeta (ou ao leitor) resta o pasmo perante a maravilha que sucede à maravilha (como algures registou Sebastião da Gama), em frente de um universo de beleza tornada espanto e admiração.
No meio de todo este silêncio sugerido, distingue-se o rumor que nos chega de Frei Agostinho, mas também o cântico emergente da tela de palavras com que Sebastião aureolou a Arrábida, não só por a ter elevado ao estatuto de mãe, que é como quem diz fonte da vida, mas também porque a conheceu como ninguém e partilhou os segredos que ela própria lhe revelou. Um deles é esta possibilidade de a Arrábida ser poesia, de ser corpo vivo que nos enleva e se nos mostra, assim cada um queira ser seu confidente. Alexandrina Pereira foi por esse caminho…
E, neste tempo em que passam 60 anos sobre a ida de Sebastião da Gama para o infinito das estrelas e da memória e em que se fala da Arrábida como esperança de vir a ser um elemento integrante do património mundial (que já o é, de facto), é pertinente lembrar o tom de felicidade que jorra da sempre doce Arrábida.
Arrábida, meu amor, meu poema. Arrábida, razão de ser e de cantar. Arrábida, feliz Arrábida!
[Nota prefacial ao livro, que foi apresentado publicamente
em 27 de Abril, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal.]

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