O Pequeno Príncipe a a raposa, em aguarela de Saint-Exupéry (em Le Petit Prince)
Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lyon há 110 anos. Com 44 anos, no último dia de Julho, desapareceu num voo ao largo de Marselha, desde aí se construindo uma história sobre a origem do acidente (alvejado pelos inimigos, suicídio ou falha?). Paralelamente, ficou a sua obra, sobretudo esse fascínio que é Le Petit Prince, que teve direito a desenhos do autor e tem deliciado gerações, num caminho de leitura para todas as idades. A história d’O Principezinho (assim conhecido na versão portuguesa, em traduções devidas a Alice Gomes, Joana Morais Varela, Manuel Alberto ou Margarida Osório Gonçalves) teve a sua primeira edição em 1943, nos Estados Unidos, correspondendo a um pedido de um conto de Natal que os editores tinham feito a Saint-Exupéry, enquanto a edição francesa só apareceu em 1946, dois anos depois do desaparecimento do seu autor.
Episódios como o da raposa ou o da rosa têm arrebatado os leitores e são, talvez, os mais conhecidos. Mas a história é um prodígio de simplicidade, em que, como escreveu Jean Montenot, o saber do Pequeno Príncipe é “un savoir du coeur qui ne se donne qu’à ceux qui peuvent l’entendre” e cuja filosofia, “si philosophie du conte il y a, consiste moins à donner une réponse à l’éternelle question du sens de l’existence qu’à montrer l’urgence qu’il y a à s’en inquiéter” (in Lire, hors-serie nº 9, 2009).
O fascínio desta história tocou, por exemplo, Orson Welles, que, ainda em 1943, comprou os direitos para adaptar a obra ao cinema, projecto que só não teve sequência porque Welles e Walt Disney não se entenderam: é que Welles precisava de Disney para a animação, mas a conversa, apesar do entusiasmo e do brilhantismo de Welles, não chegou a bom termo. Conta Barbara Leaming, biógrafa de Welles, que Disney abandonou a reunião sob o pretexto de uma chamada telefónica, confidenciando depois a um dos presentes: “Aqui não há lugar para dois génios!”
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