Na edição online do jornal A Bola, António Simões assina o texto “Porque o Fiat do Infante D. Afonso chegou em segundo mas ficou em primeiro...”, crónica com curiosidades sobre o advento do automóvel em Portugal, dizendo, a dada altura, sobre o Panhard et Levassor que o Conde de Avilez fez importar de França em 1895 – o que lhe confere o estatuto de o primeiro automóvel no nosso país –, que “os Avilez tinham palácio em Santiago do Cacém – e na primeira viagem, de Cacilhas para lá, o primeiro acidente: um burro atropelado e morto.”
Com efeito, Alfredo Duro, ao relatar a História do primeiro automóvel entrado em Portugal (Lisboa: 1955), conta que, na viagem, iniciada em Lisboa, o Conde Avilez veio até Palmela sem incidentes; “porém, na passagem daquela vila, se não fossem os bons travões do carro e o sangue frio do sr. Conde de Avilez (Jorge) para evitar matar um burro, o auto ter-se-ia voltado”, acrescentando em rodapé que quem evitou maior desastre foi o burro, que fez parar o carro que descia embalado, e remata: “Claro que o burro morreu e o sr. Conde de Avilez pagou ao dono, a Família Folque, de Palmela, o melhor de dezoito mil réis, quando um burro naqueles tempos custava apenas cinco mil réis!”
Não é seguro que o desfecho tenha sido esse, ainda que a versão relatada pelo jornal setubalense O Districto, de 20 de Outubro de 1895, tenha algumas coincidências. Nesse semanário é reportado: “Esteve na terça-feira nesta cidade o novo trem movido a petróleo. Veio numa hora do Barreiro a Setúbal por Palmela, onde foi enganado no trajecto a seguir, tendo de descer a calçada de Palmela, que é muito íngreme. O trem, ao chegar ao fim da calçada, involuntariamente atropelou um burro, molestando-o levemente.” E, mais adiante, conta o desfecho do atropelamento: “diversos sujeitos fizeram com que o sr. Conde de Avilez depositasse quarenta mil réis, aliás não o deixariam seguir. Resolveu aquele cavalheiro depositar o referido dinheiro com a condição de trazerem o burro no dia seguinte à cidade para ser inspeccionado, o que se fez, sendo o prejuízo avaliado apenas em dois mil réis, devolvendo o dono do burro o resto do dinheiro.”
É, pois, o que se sabe do primeiro acidente com um automóvel em Portugal. E, a acreditar no repórter local, o burro não morreu do acidente. Quanto ao carro, foi um sucesso nas ruas de Setúbal. Escrevia o repórter do jornal sadino O Elmano, na edição de 16 de Outubro, que “o trem caminha perfeitamente e dá as voltas muito bem” e que, “na praça de Bocage, juntaram-se mais de mil e quinhentas pessoas para assistir à partida do senhor Conde”.
Com efeito, Alfredo Duro, ao relatar a História do primeiro automóvel entrado em Portugal (Lisboa: 1955), conta que, na viagem, iniciada em Lisboa, o Conde Avilez veio até Palmela sem incidentes; “porém, na passagem daquela vila, se não fossem os bons travões do carro e o sangue frio do sr. Conde de Avilez (Jorge) para evitar matar um burro, o auto ter-se-ia voltado”, acrescentando em rodapé que quem evitou maior desastre foi o burro, que fez parar o carro que descia embalado, e remata: “Claro que o burro morreu e o sr. Conde de Avilez pagou ao dono, a Família Folque, de Palmela, o melhor de dezoito mil réis, quando um burro naqueles tempos custava apenas cinco mil réis!”
Não é seguro que o desfecho tenha sido esse, ainda que a versão relatada pelo jornal setubalense O Districto, de 20 de Outubro de 1895, tenha algumas coincidências. Nesse semanário é reportado: “Esteve na terça-feira nesta cidade o novo trem movido a petróleo. Veio numa hora do Barreiro a Setúbal por Palmela, onde foi enganado no trajecto a seguir, tendo de descer a calçada de Palmela, que é muito íngreme. O trem, ao chegar ao fim da calçada, involuntariamente atropelou um burro, molestando-o levemente.” E, mais adiante, conta o desfecho do atropelamento: “diversos sujeitos fizeram com que o sr. Conde de Avilez depositasse quarenta mil réis, aliás não o deixariam seguir. Resolveu aquele cavalheiro depositar o referido dinheiro com a condição de trazerem o burro no dia seguinte à cidade para ser inspeccionado, o que se fez, sendo o prejuízo avaliado apenas em dois mil réis, devolvendo o dono do burro o resto do dinheiro.”
É, pois, o que se sabe do primeiro acidente com um automóvel em Portugal. E, a acreditar no repórter local, o burro não morreu do acidente. Quanto ao carro, foi um sucesso nas ruas de Setúbal. Escrevia o repórter do jornal sadino O Elmano, na edição de 16 de Outubro, que “o trem caminha perfeitamente e dá as voltas muito bem” e que, “na praça de Bocage, juntaram-se mais de mil e quinhentas pessoas para assistir à partida do senhor Conde”.
1 comentário:
tenho um exemplar do livro Historia do primeiro automovel entrado em Portugal de Alfredo Duro o mesmo encontra-se autografado pelo autor este livro tera algum valor colecionavel?
Enviar um comentário