Um dia, ao entrar na livraria setubalense Culsete, manifestei a estranheza por não estar no escaparate nem um exemplar de uma qualquer obra daquelas que, tão vertiginosamente como aparece, desaparece e ninguém a fica a lembrar. Já não recordo o título, confesso, mas tinha lugar marcado em todas as montras de livrarias e papelarias, aqui ou ali, em Setúbal como em Lisboa. Resposta do Manuel Medeiros: "Livros é que eu quero, não é papel..." Percebi, achei piada à resposta. Nesta repentista tirada reflectia-se o pensamento de uma profissão e de uma vida. E, agora, aí está Papel a mais, que não conta esta história (insignificante, claro!), mas conta outras que ajudam a perceber a consistência de uma tal resposta.
Este Papel a mais, de Resendes Ventura, poeta acumulado com Manuel Medeiros, livreiro em Setúbal, é um caso. De leitura, de reflexão, de partilha e de vida. Bem poderia o autor chamar-lhe, pedindo o título emprestado a Régio, "O meu caso"... É leitura obrigatória para quem goste de livros, de memórias, de testemunhos, de se cruzar com outros nomes grados das letras, de poesia, dos Açores, do ensaio, dos momentos em que se pensa a vida. O convite aí fica, pois!
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