Em 2006, a APPACDM de Setúbal procedeu à apresentação pública de uma antologia intitulada Um olhar diferente, que reunia os premiados de uma década de poemas e de concursos de escrita levados a cabo pela instituição. Mais três anos passaram e a mesma APPACDM mostra que não só insistiu no certame mas também o alargou ao público escolar, de modo a que também os jovens dissessem dos seus diferentes olhares sobre a realidade da vida, ainda que agora sob o tema “Aprender contigo”.
E neste livro [Aprender contigo - Três anos de poesia (2006-2008). Coimbra: Temas Originais, 2009] está a partilha de mais três anos de reflexões, mais três anos de refúgios de escrita, mais três anos de dádiva, que congrega cerca de 50 textos, numa mensagem contra a indiferença e numa vertigem que nos obriga a olharmos para nós.
Estes textos são apenas uma parte dos muitos que apareceram. Este concurso tornou-se um evento com calendário marcado e esperado e é motivação forte para muitas vozes. Nesta antologia surgem apenas os textos contemplados com prémio ou com menção honrosa, amostra do vasto conjunto de missivas que chegaram, pontuada pelas preferências dos júris e por sentidos de vida.
Viajamos nestes poemas e confrontamo-nos com uma ecologia do sentir, em que cada poeta peregrina por si dentro para descobrir que com o outro aprendeu a ingenuidade, o saber esperar, o ser diferente, o dizer obrigado, o olhar para o lado, a dádiva, a generosidade, a alegria. Fica-se com a sensação de que foi preciso um confronto com este outro para se aprender algo que é natural, algo que andava cá dentro mas que não tinha sido descoberto, para aprender a simplicidade de viver.
E o mundo, como a vida, oscila em torno de sensações ou aprendizagens fortes, sejam elas as da dura realidade ou as da contemplação da natureza. Como não nos sensibilizarmos perante um poema de aprendizagem como “Fana”, em que se descobre a docilidade e as raízes de uma amizade? Como não alinharmos numa pequena fábula como a do poema “Historinha curta” em que se vislumbra o que aprender com os outros, mesmo quando são mais pequenos? Como ficar perante uma poeta que se confessa mãe, dizendo: “Que mais, meu filho, tu terás para me ensinar? Quero até aprender a esquecer a revolta tão contida… Ensina-me, meu amor, meu querido professor, meu exemplo de vida!”? Como ficar? Ou como não aderir a um caminho em que com o outro há lugar para “aprender coisas novas, o arco-íris procurar e para além dele ver o sol brilhar”?
São possíveis balizas as que acabo de indicar. Mas que só valem como figuração, como símbolo, como apelo à procura a fazer por cada um. Ou, como é dito noutro poema, “aprender contigo é uma luz para me encontrar”. E é esse um encanto deste livro: a disponibilidade de cada poeta para ir ao seu próprio encontro, para descobrir o que pode significar uma partilha do mundo com o outro, para descobrir o que de si deve ao outro. Tudo numa linguagem muito simples, onde se nota que os poemas são construídos sem outra pretensão que não seja a da partilha, a da alegria de viver nos outros ou com os outros.
E neste livro [Aprender contigo - Três anos de poesia (2006-2008). Coimbra: Temas Originais, 2009] está a partilha de mais três anos de reflexões, mais três anos de refúgios de escrita, mais três anos de dádiva, que congrega cerca de 50 textos, numa mensagem contra a indiferença e numa vertigem que nos obriga a olharmos para nós.
Estes textos são apenas uma parte dos muitos que apareceram. Este concurso tornou-se um evento com calendário marcado e esperado e é motivação forte para muitas vozes. Nesta antologia surgem apenas os textos contemplados com prémio ou com menção honrosa, amostra do vasto conjunto de missivas que chegaram, pontuada pelas preferências dos júris e por sentidos de vida.
Viajamos nestes poemas e confrontamo-nos com uma ecologia do sentir, em que cada poeta peregrina por si dentro para descobrir que com o outro aprendeu a ingenuidade, o saber esperar, o ser diferente, o dizer obrigado, o olhar para o lado, a dádiva, a generosidade, a alegria. Fica-se com a sensação de que foi preciso um confronto com este outro para se aprender algo que é natural, algo que andava cá dentro mas que não tinha sido descoberto, para aprender a simplicidade de viver.
E o mundo, como a vida, oscila em torno de sensações ou aprendizagens fortes, sejam elas as da dura realidade ou as da contemplação da natureza. Como não nos sensibilizarmos perante um poema de aprendizagem como “Fana”, em que se descobre a docilidade e as raízes de uma amizade? Como não alinharmos numa pequena fábula como a do poema “Historinha curta” em que se vislumbra o que aprender com os outros, mesmo quando são mais pequenos? Como ficar perante uma poeta que se confessa mãe, dizendo: “Que mais, meu filho, tu terás para me ensinar? Quero até aprender a esquecer a revolta tão contida… Ensina-me, meu amor, meu querido professor, meu exemplo de vida!”? Como ficar? Ou como não aderir a um caminho em que com o outro há lugar para “aprender coisas novas, o arco-íris procurar e para além dele ver o sol brilhar”?
São possíveis balizas as que acabo de indicar. Mas que só valem como figuração, como símbolo, como apelo à procura a fazer por cada um. Ou, como é dito noutro poema, “aprender contigo é uma luz para me encontrar”. E é esse um encanto deste livro: a disponibilidade de cada poeta para ir ao seu próprio encontro, para descobrir o que pode significar uma partilha do mundo com o outro, para descobrir o que de si deve ao outro. Tudo numa linguagem muito simples, onde se nota que os poemas são construídos sem outra pretensão que não seja a da partilha, a da alegria de viver nos outros ou com os outros.
[Na apresentação pública do livro, ocorrida ontem, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal]
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