Lápide de homenagem a Almeida Carvalho descerrada na tarde de hoje
Os dias de sexta-feira e de
sábado, 8 e 9 deste Setembro, são ocupados pela memória e homenagem a João
Carlos de Almeida Carvalho, um dos mais extraordinários coleccionadores de
informações sobre a história de Setúbal e fundador do jornal O Setubalense, nas instalações do antigo
Quartel do 11.
Com organização do Museu de
Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), da Associação dos
Municípios da Região de Setúbal (AMRS), da Câmara Municipal de Setúbal, do
Arquivo Distrital de Setúbal, da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA) e
da Universidade Sénior de Setúbal (UNISETI), os dois dias são dedicados ao “Encontro
de Homenagem a Almeida Carvalho”, tendo incluído a sexta-feira um momento para
o descerramento de uma lápide evocativa na casa em que nasceu Almeida Carvalho,
mesmo em frente ao antigo Quartel do 11.
As sessões de sexta-feira foram,
sem favor, profícuas e de grande qualidade. Na parte da manhã, Fátima Ribeiro
de Medeiros falou sobre as “Referências literárias em Acontecimentos, Lendas e
Tradições da Região Setubalense, de Almeida Carvalho”, uma leitura atenta a
todas as alusões literárias nessa obra de Almeida Carvalho que foi publicada na
década de 1960, reunindo um (restrito) conjunto de notas do vastíssimo acervo
deste investigador; seguiu-se Maria João Pereira Coutinho, que abordou o tema
festivo sob o título “Do cerimonial religioso ao aparato régio: o contributo de
Almeida Carvalho para o estudo das celebrações em Setúbal na Época Moderna”,
comunicação em que a autora perpassou sobre o contributo dos registos de
Almeida Carvalho para se conhecer um conjunto de elementos do quotidiano
festivo em Setúbal; Carlos Mouro apresentou “Notas sobre a indústria de
curtumes setubalense” para falar sobre a designada “Fábrica da Sola”, hoje
esquecida, a demonstrar que a industrialização em Setúbal não tem ligações
apenas com as conservas; Ernesto Castro Leal interveio com uma leitura sobre “Estado
liberal e poder municipal: Almeida Carvalho e a Reforma Administrativa de 1855”,
perpassando pelos editoriais assinados por Almeida Carvalho em O Setubalense e pelas críticas que este
investigador fez à anexação de Palmela e de Azeitão no concelho de Setúbal em
1855; João Costa fez o ponto da situação do seu estudo sobre “O Tombo da Câmara
de Palmela (Séc. XIV-XIX): Da arqueologia dos documentos à arqueologia a partir
dos documentos - Um contributo de João Carlos Almeida Carvalho”, salientando o
contributo importante de Almeida Carvalho para a reconstituição do Tombo de Palmela
naquele período (haja em vista a perda e desaparecimento de muitos documentos
alusivos à história de Palmela); Rogério Palma Rodrigues analisou “A Casa da
Roda dos Enjeitados”, destacando o contributo dos elementos recolhidos por
Almeida Carvalho para um estudo sobre este fenómeno na região de Setúbal.
A tarde teve os contributos de
Carlos Tavares da Silva, ao falar sobre “Arqueologia e esboço paleográfico da
Baixa de Setúbal”, em que resumiu as investigações arqueológicas levadas a cabo,
contributos importantes para atestar a construção e o crescimento de Setúbal;
Tânia Casimiro apresentou “Rituais de inumação em Almada (Sécs. XV-XVIII): Os
casos de Murfacém e Igreja da Misericórdia”, em que deu conta das investigações
levadas a cabo nestes dois pontos; Eurico Sepúlveda falou sobre “Cerâmica de paredes
finas de Salacia Urbs Imperatoria - Recolhas de prospecção arqueológica”,
apresentando resultados de descobertas alcacerenses; Pedro Miguel Lage
surpreendeu com o estudo “Antigas Quintas de Setúbal: Espaços físicos e sociais”,
dando nota da sua investigação em curso sobre as mais de 170 quintas da região
de Setúbal que tem em estudo, estabelecendo relações familiares e patrimoniais
nesse emaranhado por conhecer; Isabel Macedo contou a história sobre “A Casa da
Comenda de Raul Lino: De torre medieval a residência de veraneio”, passando
pelas várias fases daquele espaço da antiga freguesia da Ajuda; Fernando
António Baptista Pereira estudou “Almeida Carvalho e o Convento de Jesus” para
chamar a atenção para a necessidade de ser trabalhado o espólio legado por
Almeida Carvalho.
Um programa intenso e de
qualidade, que continuará amanhã, assim se assinalando o segundo centenário do
nascimento de Almeida Carvalho (1817-1897).
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