domingo, 20 de outubro de 2013

Nos 40 anos de uma livraria, a Culsete, em Setúbal



Uma livraria pode antecipar uma biblioteca. E, se se gostar de uma e de outra, impossível se torna não parar na Culsete, em Setúbal (na Av. 22 de Dezembro, ali ao pé do jardim do Bonfim), livraria com 40 anos de serviço (tempo assinalado com um programa que hoje se conclui no Forum Luísa Todi, pelas 16h00) e com outro tanto tempo de prestação na área da cultura e da dinamização daquilo que é o acto de ler.
A livraria Culsete foi um dos achados que me cativou em Setúbal. Ali podem ser descobertos os últimos títulos do circuito comercial, mas também – e sobretudo – (d)ali se pode partir à descoberta do tesouro que encerra uma livraria, seja na demanda de edições que já não povoam os dias, seja no cruzamento com as memórias de quem faz a livraria. Tem sido esta conjugação de aspectos que me tem mantido ligado à Culsete, que já conheço há quase três décadas.
Procuro-a por aquela voracidade e contumácia que a leitura me impõe, procuro-a pelo desejo de saber o que vai aparecendo, procuro-a pela vontade de demandar e de descobrir, procuro-a pela vontade de saber, procuro-a pelo prazer dos livros. A tudo isto somem-se os muitos encontros que a livraria vai proporcionando: com autores, com livros, com leitores, com os outros. Lá tenho conhecido pessoas, lá tenho encontrado amigos que já não via há muito, lá tenho descoberto leituras, lá tenho participado em sessões, lá tenho trazido amigos. De lá tenho memórias. Lá já levei alunos, num convite para a descoberta do que é a leitura.
Uma livraria não se faz sem pessoas. E justo será destacar o papel que Manuel Medeiros tem tido como o criador da Culsete. Livreiro assumido, culto, dado, crítico, estudioso, humano. Livreiro a sério, vivendo os livros como se vive a vida.
Quando passam 40 anos sobre a história da Culsete, uma história feita de livros, de autores, de leitores, de editores, de livreiros, é justo assinalar o contributo que a livraria tem tido para a cultura em Setúbal. Porque mais justo é que os tempos não apaguem a Culsete e que Setúbal continue a acarinhar este projecto, uma sorte, visto que as livrarias, as que fazem viver os livros, vão entrando cada vez mais pela via da memória.
Parabéns, Culsete!

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