Dia paradoxal foi o de ontem, 5 de Outubro. Deixando
de ser assinalado como feriado – o Presidente da República começou o seu
discurso por essa triste invocação –, o 5 de Outubro é arrumado, queiram ou
não, na prateleira. E é paradoxal, porque o regime republicano que temos se
deve a esse 5 de Outubro de 1910. Mas as circunstâncias políticas – de ignorância,
de esponja, de confronto com a memória – assim determinaram: os dois feriados
alusivos a datas fundacionais do regime foram mandados para o lixo – um, foi o
de 5 de Outubro, afirmação da República; outro, o de 1 de Dezembro, afirmação
da independência do país. Que seria feito dos actuais políticos e dos
responsáveis por esta decisão se não estivéssemos num país independente e
republicano? Provavelmente, seriam desconhecidos… provavelmente, fariam o que
fazem…
Dia paradoxal foi o de ontem, 5 de Outubro, em que a
cerimónia evocativa foi feita apenas para convidados, como se uma data
fundacional estivesse reservada a uma dada elite, seja ela de que origem for. E
o mais paradoxal é que, entre essa elite “celebrante”, havia responsáveis pelo
estado a que o país chegou…
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