quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Para a agenda - Transmitir o objecto cultural



"A comunicação do objecto cultural" será o tema de palestra marcada para 2 de Novembro, na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal. Uma conversa com Maximiano Gonçalves, membro da Associação Cultural Sebastião da Gama, que promove a actividade em parceria com a própria Biblioteca. Por esta comunicação hão-de circular temas como: definir cultura, o Objecto Cultural, o turista perante os objectos culturais,  turismo e turismo cultural, comunicação do Objecto Cultural, o que caracteriza uma individualidade em Turismo, Comunicação Orientada, Imagem e imagem do conjunto de objectos culturais, a iniciativa da Comunicação Cultural, a conjugação dos objectos culturais, disponibilizar recordatórios – uma sugestão a propósito de Literatura, a Comunicação do Objecto Cultural – o que fazer.
Linhas assaz importantes para que a palestra se não perca. Para a agenda!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Para a agenda - Teatro "O Bando" com José Saramago, na jangada



Pouco mais de dez dias para ver "O Bando" com Saramago, a bordo da Jangada de pedra. De 30 de Outubro a 10 de Novembro. Para a agenda!

A política como jogo - Os deputados "municiados"

Ontem, ouvi o deputado Nuno Magalhães na Antena 1 a  justificar o encontro entre os deputados do CDS e do PSD com o Governo, a propósito da proposta de orçamento, como uma medida útil e necessária para todos estarem informados e para os deputados ficarem "municiados"... para o debate que se irá seguir, supomos.
Como as palavras são traidoras das intenções, ou, por outras palavras, como as palavras revelam as intenções de quem as profere, fácil se torna perceber que ir buscar o termo "municiar", ainda que como metáfora, só revela que a política não passa de um jogo, que, por vezes, é perigoso, como são todos os jogos de guerra. "Municiar" é termo do vocabulário militar, da área do belicismo. Como exemplo de prática democrática, é pobre, paupérrimo. A democracia faz-se com argumentos, não com balázios! Tem sido esse o nosso azar desde há bastantes anos...

sábado, 26 de outubro de 2013

Para a agenda: Homenagem a Rui Serodio, hoje



Rui Serodio e a homenagem merecida. A não perder. Hoje, no Forum Luísa Todi. Com a memória, a música e a "presença" do Rui e da amizade. Para a agenda.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Manuel Medeiros - a derradeira mensagem do "Livreiro Velho"



A mensagem final de Manuel Medeiros. Um testemunho que comoveu os presentes no Forum Luísa Todi, em Setúbal, na tarde de domingo passado, quando se concluía o espectáculo de homenagem aos 40 anos da livraria Culsete. Na manhã de 4ª feira, Manuel Medeiros partia...
Um texto para guardar. Para ouvir muitas vezes. Para se transcrever. Não só por lembrança e por memória. Pela mensagem. Pela essência. Por obrigação. Porque sim. Grande Manuel Medeiros!

Para a agenda - Mês da Música, em Setúbal - de 27 de Outubro a 1 de Novembro



O "Mês da Música", em Setúbal, próximo do final, com entrada por Novembro. Um coral, sons de Rossini e um aplauso a Setúbal. Para a agenda.

Para a agenda: Koltés em Setúbal, em "A noite antes da floresta"



Da informação prestada pelo Teatro Fontenova: «A peça de Bernard-Marie Koltés, apresenta o encontro de dois seres que vagueiam na noite, estrangeiros e marginalizados. Numa esquina de uma cidade qualquer, um homem que, sem ter para onde ir e completamente ensopado pela chuva, tenta comunicar com outro homem na rua, estabelecer um contacto humano em condições desumanas de sobrevivência. Quem será esse interlocutor? Pode ser o próprio espectador ou ainda um duplo do personagem, um espectro? (…) Após ter estreado em Agosto na Festa do Teatro – FITS (Festival Internacional de Teatro de Setúbal) e ter estado no Teatro do Bairro / Festival Move’s em Lisboa, com lotações quase esgotadas, A noite antes da floresta regressa para uma carreira no Espaço Fontenova.»

Na ficha técnica, constam os nomes de Bernard-Marie Koltés (texto), Eduardo Dias (tradução e interpretação), José Maria Dias (encenação, espaço cénico e desenho de luz), Graziela Dias (figurino) e Leonardo Silva (realização, videomapping, assistência de encenação e operação de som).
Para a agenda.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Memória: Manuel Medeiros (1936-2013)



Partiu na manhã de hoje o amigo Manuel Medeiros. Deixou que se concluísse o ciclo de celebrações dos 40 anos da livraria que fundou, a Culsete, para brindar com uma mensagem de simplicidade, de saber e de afecto à leitura e ao trabalho desenvolvido (gravada no hospital) todos quantos acorreram ao Forum Luísa Todi na tarde de domingo.
O Manuel Medeiros partiu e sente-se a saudade das conversas, da disponibilidade, dos pequenos prazeres do jogo das palavras e das ideias, de uma pessoa séria, culta, humana.
Devo-lhe muitos momentos de alegria e de aprendizagem. De descoberta. De partilha. De vida. Dos livreiros que conheci foi talvez o mais completo, aquele que dialogava com os livros, lhes transmitia vida e os chamava para a sua mesa como quem convida um amigo. É forte a emoção, porque olho para muitos títulos que foram apreciados com ele, alguns sugeridos por ele, outros vividos com ele.
Continuaremos amigos. Enquanto pudermos conversar. Enquanto a vida nos possibilitar. Enquanto a memória nos ajudar. Enquanto houver no mundo gratidão e reconhecimento.
A última despedida de Manuel Medeiros será na Igreja de Jesus, em Setúbal, a partir de hoje à tarde, com exéquias marcadas para as 10h00 de amanhã.

Para a agenda:: fome e pobreza na península de Setúbal



Fome e pobreza na península de Setúbal? Sim, sem ser novidade. Sim, tem de ser vista. Eugénio Fonseca, homem com experiência intensa no âmbito da solidariedade, responsável pela Caritas, vai falar sobre o assunto no fim de semana que se aproxima, em evento realizado pelo Centro de Estudos Bocageanos. A não faltar... Para a agenda!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Maria Luísa de Barros: "Há sempre um horizonte"


 
O título do livro de Maria Luísa de Barros faz uma promessa ao leitor – a de que… Há sempre um horizonte (Lisboa: Edições Vieira da Silva, 2013). Como quem diz: as hipóteses de salvação aparecem-nos sempre pelo caminho. Ou, citando Clarice Lispector, que epigrafa a história: “Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas…” Bom programa de vida, por certo!
A primeira justificação da autora para o aparecimento deste escrito é simples e surge na “introdução”: “Se me perguntam porque escrevo, mais uma vez a minha resposta é simples. Gosto de palavrar.” Então, acredita o leitor, a questão já várias vezes aflorou e a resposta renova-se na sua repetição, reforçando o poder da palavra e da imaginação. Salman Rushdie, num artigo publicado na revista Granta em 1998 (recentemente divulgado no nº 2 da edição portuguesa da mesma revista), registava que “o espaço interior da nossa imaginação é um teatro que nunca pode ser fechado” e, insistindo no poder da palavra, destacava que a literatura detinha a capacidade única de nos deixar “ouvir vozes que falam de tudo de todas as maneiras possíveis”.
O leitor encontra Inês, a personagem central desta história, “sentada num rochedo com os braços em volta dos joelhos, perdida no tempo, olhando o mar”, até ser “despertada do estado de letargia em que se encontrava por um bater de asas de um pássaro”. A moldura é a da Arrábida, que funciona como espaço de refúgio e de contemplação, várias vezes chamado para cenário, onde uma outra personagem, um “desconhecido”, também se albergava na sua solidão.
Está-se em 2012 e o encontro com esta ausência leva a narração, via analepse, até uma década antes, quando, no Brasil, Inês teve uma história, um caso, com Iraci, que a deixou marcada e a perseguiu por esse tempo de dez anos. Nesta visita à serra, que se repete nos dias, acontece a oportunidade para que a personagem se conheça, revelada num dia em que o “desconhecido” se descobre e aproxima – afinal, ambos se deixavam escorrer na paisagem, ora porque a poesia de Sebastião da Gama levara Inês “a compreender melhor a serra e os seus encantos”, ora porque aquele cenário representava para o homem agora revelado uma mescla de “deleite, evasão, reflexão” e “busca da [sua] verdade”. A partir daqui, não pode haver jogo anónimo e as personagens apresentam-se: Inês, tradutora, viúva, e David, arquitecto, divorciado.
A relação vai correndo lenta, numa atitude de dar tempo à personagem feminina para se convencer, para se reconstruir. Contudo, são frequentíssimas as situações em que tudo acontece “de repente”, “rapidamente”, “num ápice”, em situações que vencem o narrador, que tem alguma dificuldade em relatar a passagem do tempo.
Apesar de, desde início, parecer ao leitor que a história de Inês e David terá um bom final, algumas dificuldades se vão interpondo, como aquela em que o irmão gémeo de David é visto por Inês num café, gerando-se uma situação de equívoco, agravado por ele estar com uma mulher, pensando Inês que se tratava de David… ou uma outra em que David, na sequência de um azarado salto de parapente, é hospitalizado e corre perigo de vida.
As adversidades são vencidas e a história acaba num episódio de felicidade. Ambas as personagens sobem ao morro da serra de onde a história tinha partido, cerca de uma centena de páginas antes, olham-se, dão-se as mãos e metaforizam-se: “tu és a minha vela”, diz ele; “e tu a minha embarcação”, conclui ela.
Neste trajecto, em que duas personagens se revelam, muitas cenas acontecem tendo a mesa e o momento da refeição como espaço e tempo privilegiados, muito embora as descrições não sejam aprofundadas. Esse tempo funciona sobretudo como possibilidade de encontro, como pontear que vai marcando a história, fechando segmentos de pequenos avanços, embora numa situação, quando ambos estão na quinta a preparar um churrasco e ele lhe sugere irem “atear o carvão”, o momento possa ser lido na sua dimensão simbólica como janela aberta para uma imagem especular de um outro ateamento, o da paixão.
A escrita desta história não se confronta com heróis, pois que uma e outra personagens se confundem com criaturas comuns num quotidiano entrecruzado de instantes de felicidade, de horas de preocupação, de momentos de banalidade. A acção vai avançando com alguma intromissão por parte do narrador, que, por vezes, se identifica com a personagem feminina, numa história cujos indicadores vão quase sempre apontando na única direcção do desfecho feliz.
Resultado de “palavrar”, dizia-se no início, é este livro. Mas nesse jogo em que as palavras se vestem com emoções e se escondem em actores, teria valido a pena um mais exaustivo trabalho em torno das personagens, conferindo-lhes maior densidade psicológica, dando-lhes mais autonomia, confrontando-as mais com o esforço a ser feito na descoberta e no desenho do horizonte. De igual forma, mesmo porque o título nos remete para a paisagem, a paleta da escrita poderia derramar mais cor sobre os espaços. Afinal, o horizonte ganha-se na justa medida em que a criatura se cruza com o espaço e o domina ou por ele se deixa arrebatar!
O argumento que cimenta esta relação de Inês e de David – o da busca da felicidade, tema que a autora, de resto, tem já tratado noutras obras – alimenta uma narrativa de hoje, o que, com um olhar feminino sobre o mundo e sobre as relações, dá o condimento necessário para uma história bem alicerçada, assim o acto de a contar se deixe densificar pela palavra, ela própria a única possibilidade para que estas personagens vivam e possam mesmo ser reencontradas num outro capítulo, num outro título, numa outra obra. Fica o desafio.
[Na apresentação da obra, em 20 de Outubro, na Casa da Baía, em Setúbal]
 

Para a agenda - Mês da Música, em Setúbal - de 24 a 26 de Outubro



O "Mês da Música", em Setúbal, continua diversificado. A música levada à contemplação do ouvinte, a música para homenagear. Das escolas aos mestres. Com a presença da memória e da obra de Rui Serodio. Para a agenda.

domingo, 20 de outubro de 2013

Nos 40 anos de uma livraria, a Culsete, em Setúbal



Uma livraria pode antecipar uma biblioteca. E, se se gostar de uma e de outra, impossível se torna não parar na Culsete, em Setúbal (na Av. 22 de Dezembro, ali ao pé do jardim do Bonfim), livraria com 40 anos de serviço (tempo assinalado com um programa que hoje se conclui no Forum Luísa Todi, pelas 16h00) e com outro tanto tempo de prestação na área da cultura e da dinamização daquilo que é o acto de ler.
A livraria Culsete foi um dos achados que me cativou em Setúbal. Ali podem ser descobertos os últimos títulos do circuito comercial, mas também – e sobretudo – (d)ali se pode partir à descoberta do tesouro que encerra uma livraria, seja na demanda de edições que já não povoam os dias, seja no cruzamento com as memórias de quem faz a livraria. Tem sido esta conjugação de aspectos que me tem mantido ligado à Culsete, que já conheço há quase três décadas.
Procuro-a por aquela voracidade e contumácia que a leitura me impõe, procuro-a pelo desejo de saber o que vai aparecendo, procuro-a pela vontade de demandar e de descobrir, procuro-a pela vontade de saber, procuro-a pelo prazer dos livros. A tudo isto somem-se os muitos encontros que a livraria vai proporcionando: com autores, com livros, com leitores, com os outros. Lá tenho conhecido pessoas, lá tenho encontrado amigos que já não via há muito, lá tenho descoberto leituras, lá tenho participado em sessões, lá tenho trazido amigos. De lá tenho memórias. Lá já levei alunos, num convite para a descoberta do que é a leitura.
Uma livraria não se faz sem pessoas. E justo será destacar o papel que Manuel Medeiros tem tido como o criador da Culsete. Livreiro assumido, culto, dado, crítico, estudioso, humano. Livreiro a sério, vivendo os livros como se vive a vida.
Quando passam 40 anos sobre a história da Culsete, uma história feita de livros, de autores, de leitores, de editores, de livreiros, é justo assinalar o contributo que a livraria tem tido para a cultura em Setúbal. Porque mais justo é que os tempos não apaguem a Culsete e que Setúbal continue a acarinhar este projecto, uma sorte, visto que as livrarias, as que fazem viver os livros, vão entrando cada vez mais pela via da memória.
Parabéns, Culsete!

sábado, 19 de outubro de 2013

Salman Rushdie e o poder da literatura no nº 2 da "Granta"



O nº 2 da edição portuguesa da revista Granta já anda por aí. Entre os muitos textos, um de Salman Rushdie, que li hoje, alberga-se sob o título de "Mas já nada é sagrado?" e o tema da revista é o "poder". Imagine-se sobre que poder Rushdie escreve... Isso mesmo: sobre o poder da arte que é a literatura.
Do que conheço sobre o assunto, é um dos textos mais bonitos que responde ao porquê de se escrever ou ao porquê de se ler... ou aos dois em conjunto. Vale a pena.
Deixo duas citações, profundas e intensas. A primeira: "O espaço interior da nossa imaginação é um teatro que nunca pode ser fechado; as imagens aí criadas compõem um filme que ninguém pode destruir." E a segunda: "A literatura é o único lugar em qualquer sociedade onde, na privacidade das nossas próprias cabeças, podemos ouvir vozes que falam de tudo de todas as maneiras possíveis."


Vinicius de Moraes, 100 anos



Faria hoje 100 anos o poeta brasileiro Vinicius de Moraes. Dele nos ficou a obra. Para celebrar a memória, o seu poema, um soneto, "O verbo no infinito" (in Livro de sonetos. 11ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1980):

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Para a agenda: Mais uma ficção de Maria Luísa Barros



A história de Inês, contada no feminino. Há sempre um horizonte nas margens da Arrábida. Mais uma ficção de Maria Luísa de Barros. Em 20 de Outubro, à tarde, na Casa da Baía. Para a agenda.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Para a agenda - Mês da Música, em Setúbal - 19 e 20 de Outubro



No "Mês da Música" de Setúbal, mesclam-se artes várias - a música, o cinema, a escrita. Para gostos diversos, em 19 e 20 de Outubro. Para a agenda.

Para a agenda: a ficção de Maria Teresa Meireles



Depois de ter estudado e publicado sobre os contos tradicionais, Maria Teresa Meireles apresenta-se nos domínios da ficção. Na Biblioteca Municipal de Pinhal Novo, em 19 de Outubro. Para a agenda.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Para a agenda: Nos 40 anos da livraria Culsete, os "Filhos da Leitura"



As comemorações do 40º aniversário da livraria Culsete vão concluir-se com o espectáculo “Filhos da Leitura”, a ocorrer em 20 de Outubro, às 16h00, no Forum Municipal Luísa Todi, em Setúbal.
Um espectáculo multidisciplinar, cheio de palavras. Ditas. Cantadas. Com música. Com bailado. E com alguns dos artistas de maior relevo na cidade do Sado.
Na nota de apresentação do que vai ser o espectáculo, as palavras entram por nós dentro até nos comoverem: “A finalidade deste espetáculo é reunir sob o signo da leitura, de leituras, todos os que se considerem seus filhos, aqueles que, através das leituras que foram fazendo, cresceram e se afirmaram como indivíduos com pensamento livre, crítico e atuante, todos aqueles cujas raízes cada vez mais estejam presas ao livro e à leitura. Pretende-se festejar os 40 anos da Culsete com um ramalhete de palavras, sentir a sua força, escutar a sua música, quer sejam lidas, ditas ou cantadas, deixar ecoar o seu som ao lado de outros sons, produzidos por instrumentos que não a voz humana. Ver o seu bailado em poemas, monólogos e frases, ao lado do movimento dos corpos propondo-nos outras leituras. Festa é alegria, é contentamento, é o entrecruzar de gestos, sons e imagens que se colam a nós, transportando-nos para outros lugares. Também dos momentos de festa e júbilo nos alimentamos.
O preço dos bilhetes é simbólico (3,00 €), sendo que parte do seu valor reverte a favor da CECP, Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos, e o restante se destina à manutenção da sala de espectáculos.

Para a agenda, claro!

domingo, 13 de outubro de 2013

Edições facsimiladas da Biblioteca da Universidade de Coimbra



O diário Público começou a editar a colecção "Primeiras edições facsimiladas" a propósito da passagem dos 500 anos da Biblioteca da Universidade de Coimbra. O primeiro número da colecção foi essa obra que é fundacional em termos de identidade e que continua a obra magna da cultura e da literatura portuguesa que é Os Lusíadas, de Camões, pela primeira vez editada em 1572, saída na 3ª feira passada. Para 15 de Outubro, 3ª feira (dia em que saem os vários títulos da colecção), será a vez do Padre António Vieira e do seu livro "anteprimeiro" da História do Futuro, que teve primeira edição em 1718.
Uma colecção simpática e importante, que a todos mostrará também a história do livro em Portugal, além de fazer um percurso por obras identitárias da cultura portuguesa, tal como se pode ver pela lista dos títulos que se seguem aos dois já enunciados: Mau tempo no Canal (1944), de Vitorino Nemésio (22 de Outubro); O crime do padre Amaro (1876), de Eça de Queirós (29 de Outubro); Portugal na balança da Europa (1830), de Almeida Garrett (5 de Novembro); Esteiros (1941), de Soeiro Pereira Gomes (12 de Novembro); Nome de guerra (1938), de Almada Negreiros (19 de Novembro); A confissão de Lúcio (1914), de Mário de Sá-Carneiro (26 de Novembro); Portugal pequenino (1930), de Maria Angelina e Raul Brandão (3 de Dezembro); As praias de Portugal (1876), de Ramalho Ortigão (10 de Dezembro); Fado (1941), de José Régio (17 de Dezembro); (1892), de António Nobre (24 de Dezembro); Contarelos (1942), de Irene Lisboa (31 de Dezembro); Grandes aventuras de um pequeno herói (1946), de Natália Correia (7 de Janeiro); Mensagem (1934), de Fernando Pessoa (14 de Janeiro) e Coração, cabeça e estômago (1862), de Camilo Castelo Branco (21 de Janeiro). A não perder!

Invocar a educação em vão - Não é pecado, mas devia ser...



Filinto Lima escreve no Público de hoje sobre um tema que deveria ser pecado, isto é, que deveria ser lamentado por todos os portugueses: o facto de a educação, especialmente a escola pública, ser pau para toda a colher e de sobre ela se dizerem (e cometerem) aberrações e atrocidades.

sábado, 12 de outubro de 2013

Em 12 de Outubro de 1895, o Conde de Avilez trazia o primeiro automóvel para Portugal... e provocava o primeiro acidente automóvel



Quando, no início do século XX, surgiram os primeiros automóveis em Viana do Castelo, os cocheiros dos trens de aluguer e das diligências protestavam contra os sustos que os bólides causavam às suas parelhas, tendo mesmo aparecido uma quadra atribuída ao poeta repentista Manuel de Araújo, que era, na cidade do Lima, cônsul da França, que rimava a propósito do espanto dos animais: "Se um carro sem besta à frente / passa à frente, resfolegante, / besta de trem ou carroça / não me espanta que se espante!".
O verso vem a propósito do primeiro acidente de automóvel que houve em Portugal e que ocorreu em Palmela, tendo tido como protagonistas um automóvel e um burro.
Corria o ano de 1895, quando, em Outubro, o Conde de Avilez recebeu em Lisboa o seu automóvel encaixotado, vindo de França acompanhado por um mecânico. Jorge de Avilez era grande proprietário no Alentejo, tinha funções na Casa Real, possuía residência em Santiago de Cacém e nutria a paixão pelo desporto. O seu Panhard-Levasser, a trabalhar a gasolina depois de acender dois maçaricos e de rodar a manivela, iria tornar-se objecto de espanto e de atracção entre as pessoas que o viam passar.
No dia 14 desse mês, o carro chegou a Setúbal ao anoitecer, tendo partido, no dia seguinte, para Santiago de Cacém. O repórter do jornal O Elmano, de 16 de Outubro, contava: "o trem caminha perfeitamente e dá as voltas muito bem" e, "na Praça de Bocage, juntaram-se mais de mil e quinhentas pessoas para assistir à partida do senhor Conde". A notícia era curta de pormenores, talvez porque tivesse ainda decorrido pouco tempo entre o evento e a redacção, mas o semanário O Districto, que se publicou no domingo seguinte, 20 de Outubro, contava mais pormenores, dizendo que o Conde de Avilez, antes de partir, percorreu "algumas ruas da cidade, concorrendo muito povo a admirar este novo phaeton, primeiro em Portugal", relatando mesmo a viagem que o carro fizera desde o Barreiro até Setúbal: "Esteve na terça-feira nesta cidade o novo trem movido a petróleo. Vinham no referido trem o seu proprietário, sr. Conde de Avilez e um engenheiro francês, segundo nos consta. Veio numa hora do Barreiro a Setúbal por Palmela, onde foi enganado no trajecto a seguir, tendo de descer a calçada de Palmela, que é muito íngreme. O trem, ao chegar ao fim da calçada, involuntariamente atropelou um burro, molestando-o levemente". Tinha acontecido o primeiro acidente de automóvel em Portugal.
O que sucedeu depois? É ainda O Districto quem conta: "diversos sujeitos fizeram com que o sr. conde de Avilez depositasse quarenta mil réis, aliás não o deixariam seguir. Resolveu aquele cavalheiro depositar o referido dinheiro com a condição de trazerem o burro no dia seguinte à cidade para ser inspeccionado, o que se fez, sendo o prejuízo avaliado apenas em dois mil réis, devolvendo o dono do burro o resto do dinheiro". Assim, não ficava o proprietário do animal tão beneficiado quanto desejaria, uma vez que a soma depositada pelo conde era avultada, nem o conde era enganado na indemnização a pagar..
O Panhard-Levasser do Conde Avilez encontra-se hoje exposto na Secção Regional do Norte do Automóvel Clube de Portugal, no Porto, não podendo sair desta cidade para nenhum outro ponto, por disposição testamentária do seu último proprietário. Trata-se de um carro com motor Daimler de gasolina, com potência de 2 cavalos, podendo atingir uma velocidade máxima de 20 quilómetros por hora. A iluminação do carro, mais para ser visto do que para o condutor ver, é feita por dois cotos de vela protegidos dentro de duas lanternas, uma de cada lado do veículo. A marca do carro deve-se aos apelidos dos seus construtores, René Panhard e Émile Levasser, ambos franceses, que se associaram para a construção automóvel, tendo iniciado os motores a gasolina em 1891, à custa da patente negociada com Daimler.
Este acidente ocorrido em Palmela entre um carro e um burro não foi o único do género na história local. Em Abril de 1968, a edição do jornal O Setubalense do dia 17 noticiava que, na freguesia de Quinta do Anjo, "uma muar que se espantou provocou o choque entre uma camioneta e uma carroça", tendo os dois ocupantes da carroça ficado feridos e sido transportados para o hospital de Palmela.
O primeiro acidente de automóvel em Portugal acontecido em Palmela iniciou uma longa lista de desastres que a sociedade e o poder político têm tentado combater, mas a história dos automóveis ligada ao concelho de Palmela tem tido episódios bem mais felizes, seja pelos indicadores de industrialização e emprego, como é o caso da fábrica da Volkswagen (a Autoeuropa), localizada na freguesia de Quinta do Anjo, seja por razões de turismo e de lazer, como é o caso do Kartódromo Internacional de Palmela, situado na freguesia de Palmela, uma e outra instituições já reconhecidas pela sua qualidade e dinâmicas.
[Foto: reprodução de selo do Mali com o desenho do primeiro modelo Panhard & Levassor.]

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Brissos-Lino: a propósito de "Fado - A torcer o destino"



Quase uma centena de páginas depois de começar a narrativa que integra a obra Fado – A torcer o destino, de José Brissos-Lino (Lisboa: Novos Autores, 2013), há uma frase-chave sobre a personagem Maria João – “não era da terra e ninguém sabia exactamente de onde viera”.
Está o leitor em companhia da personagem que vai sustentar toda a história, Maria de Fátima por nascimento, que assume o seu trajecto mudando o nome para Maria João (e, depois, para Mary Jane), numa atitude de escolha do nome mais adequado (questão identitária), um pouco a misturar atributos de géneros, a tornar-se um ser outro a partir do momento em que descobre que a vida pode ser outra coisa. Com efeito, a frase que seleccionei mais não é do que um indício do que pode vir a ser a trama desta história – a descoberta da história da própria personagem, num percurso de reconstrução da identidade, num recuo até às origens, sempre dando crédito à sua força de viver o presente.
Essa frase marca a viragem no curso da narrativa, que passa a viver em torno dessa personagem de enigmática origem e de não menor enigmática forma de ser e de ver o mundo. Mas, por outro lado, é também o percurso de descoberta que Maria João vai fazer o responsável pela coerência da narrativa, a explicação para outra não menos enigmática figura que surpreende o leitor desde o início, o Algarvio, pescador em Setúbal, que se sentia mais seguro sobre a água do que sobre a terra.
A história de Maria João é um itinerário através de enigmas, não só do seu (quanto à sua origem), mas também dos de outros – como o de Arcanjo ou o da própria organização denominada “Fadistas”, em que acaba por colaborar.
A narrativa passa por locais como Setúbal, Santiago do Cacém e Lisboa (em Portugal) e Nova Iorque (nos Estados Unidos), todos eles albergando os seus segredos e outros tantos conjuntos de histórias ou episódios que vão marcando o todo que Fado é, haja em vista segmentos como os dos encontros com o jovem poeta Sebastião da Gama, com o eremita da Arrábida (figura entre o humano e o profético) ou com o moleiro Arcanjo (figura que só por si valeria uma longa história, mestre que despoleta o percurso de demanda em Maria João); haja em vista ainda trechos com pequenos quadros que vivem pela sua autonomia também, como os da procissão da Senhora do Monte, da matança do porco, do Monte dos Malucos, do Cabeça de Abóbora ou dos tratadores enjaulados no Jardim Zoológico.
Quanto às personagens, os seus nomes carregam frequentemente uma dimensão simbólica com resquícios mais ou menos bíblicos, pelo menos proféticos e sábios, sendo que algumas das figuras surgem retratadas numa dimensão que ultrapassa o humano, assumindo-se como marcos ou referências, com um saber indiscutível aliado a uma simplicidade desconcertante. O narrador não passa incólume pelo meio destas figuras, deixando que o seu ponto de vista surja frequentemente grudado ao pensamento das próprias personagens, numa quase relação de identificação, sobretudo com Maria João.
O tempo desta história ocorre entre Fevereiro de 1941 e Setembro de 1945, percurso fortemente marcado por indicadores históricos conhecidos: o ciclone de 1941 marca o início da obra e da história, descrição bem construída quanto aos efeitos locais e também quanto ao retrato calamitoso que deixou como herança, podendo mesmo ser visto como metáfora de outros ciclones que assolavam o mundo, à data – o do regime político em Portugal, que aprisionava, com referências múltiplas à polícia política e à perseguição, e o da Segunda Grande Guerra, também ela um intenso marcador do tempo nesta história, que se conclui, de resto, com a assinatura da rendição japonesa, em Setembro de 1945, quando o grupo “Fadistas” é desmantelado e Maria João, agora Mary Jane, vive fase de sucesso e de estabilidade nos Estados Unidos, o “eldorado” para todos os que da Europa tinham fugido na primeira metade da década de 1940.
Por este romance circulam personagens históricas como Peggy Guggenheim, Max Ernst, Saint-Exupéry, Salazar, Aristides Sousa Mendes ou Sebastião da Gama; passam referências à Grande Guerra, ao regime político, à Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, aos espiões que povoavam Lisboa e a zona do Estoril, às falsificações documentais, aos recursos usados para a expressão crítica e oposicionista – como é paradigmático o caso do nome Lazaras dado ao burro por Arcanjo, anagrama de Salazar. A região de Setúbal revê-se também neste trajecto, com referências à vida dos pescadores, ao Sado, à Arrábida, à fábrica de óleo de baleia, ao desenho da cidade ou ao acidente com uma aeronave em Tróia.
Algumas das personagens vão fazendo aprendizagens ao longo da história, sendo o caso mais evidente o da própria Maria João, que começa um percurso de regras numa organização, paradoxalmente a actuar à margem da lei, passo que concilia a personagem consigo própria, ela que se definia à custa de uma metáfora, que contrariava toda a norma: “O pensamento é um cavalo selvagem a correr nos campos, não o posso amarrar.”
Maria João, que descobre a sua data de nascimento e a origem da morte da mãe numa lápide de cemitério, é a personagem que pauta o avanço da narrativa e que também a faz pausar com o recurso ao “flashback” da sua memória ou da tentativa de reconstituição do seu percurso de vida. Esta personagem lida com tanto à-vontade com o universo agitado onde existe “o ronco irritante dos automóveis em coro nas ruas a engasgarem-se nas subidas mais íngremes” como com o “interior despovoado, sem vivalma”, da “cidade dos mortos”, duas imagens que são também os extremos da sua história – o vazio que se fizera quanto aos primeiros tempos da sua vida e a plenitude que encontrou ao descobrir a sua história, afinal, o poder da inscrição.
Fado – A torcer o destino tem, assim, o título plenamente justificado, estabelecendo a circularidade entre o “fado” e o “destino”, ao mesmo tempo que proporciona ao leitor o contacto com momentos que também fizeram a identidade e o retrato do século XX, deixando que da sua personagem principal irradie o ritmo que formata e condiciona a própria história, uma história que cada leitor faz de cada vez que procura afinidades no universo que são as vidas das personagens.


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Adversidade – “Quando vem a adversidade sabe sempre bem encher o peito e fazer-lhe frente. Mostrar-lhe que um dia ela há-de passar, por ser episódica ou mesmo cíclica, e nós ainda continuaremos por cá, porque a vida é nossa e não dela. É a nossa vingança secreta.” (pg. 106)
Aparência – “Nesta vida temos de ser sempre camaleões, estar sempre a mudar de aparência. Num dia senhor, noutro dia operário. Num dia dama, noutro dia criada. Não nos podemos arriscar a ser reconhecidos pela roupa…” (pg. 176)
Casa – “A nossa casa é onde está o nosso coração.” (pg. 52)
Conflitos – “Os conflitos entre os homens, apesar de estúpidos na sua natureza o mais que se possa imaginar, são sempre episódios pontuais na eterna linha do tempo.” (pg. 250)
Coragem – “Ser corajosa não é ter medo. (…) Ser corajosa é enfrentar a situação, mesmo quando temos medo.” (pg. 64)
Dor – “A melhor maneira de lidar com a dor de uma pessoa é (…) exorcizá-la pela via do disparate e da loucura. Resulta no momento, pelo menos.” (pg. 164)
Estar consigo – “Quem está sempre rodeado de muita gente não tem tempo, nem condições, de ficar consigo mesmo. Está centrado nos outros, na forma como comunica, na opinião das pessoas, nos seus sentimentos e ideias. (…) Qualquer pessoa precisa de ter momentos a sós consigo mesmo, reflectir nas suas próprias ideias, sentimentos e sensações. Se não o fizer, corre o risco de viver sempre em função do eco que recebe dos outros sobre si mesmo.” (pp. 45-46)
Guerra – “A guerra é uma fábrica de órfãos e de viúvas. E de loucos.” (pg. 29)
Morte – “Tudo o que fala em morte incomoda as pessoas.” (pg. 157)
Tempo – “Um minuto é um minuto e um segundo é um segundo. Tudo conta. Se querem ser bons profissionais têm de ser pontuais. Se marcamos qualquer coisa às cinco, é mesmo às cinco, não é às cinco e dois minutos. Se (…) falharem um minuto, falham em qualquer coisa.” (pg. 186)
[Na apresentação da obra, em 4 de Outubro, no Salão Nobre da CMS]

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Para a agenda - A Lisboa da II Grande Guerra



"Lisboa da II Guerra Mundial". Um projecto a relembrar a História. Para a agenda.

Para a agenda - Pintura de Jayr Peny em Azeitão



Exposição de Jayr Peny, no Museu Sebastião da Gama, em Azeitão. Para a agenda.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Para a agenda - Mês da Música, em Setúbal - de 11 a 18 de Outubro



Música no "Mês da Música". Entre conferências, concertos, música popular e a diversidade cultural. Entre 11 e 18 de Outubro, continua o programa. Para a agenda.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Para a agenda - O sal nas zonas húmidas - "Setúbal Arqueológica", nº 14



"Pré-história das zonas húmidas - Paisagens de sal" é o título temático da 14ª edição da revista Setúbal Arqueológica, que será apresentada na Casa da Cultura, em 12 de Outubro, pelas 16h00, com apresentação de Joaquina Soares e conferência por uma das pessoas que mais saberá sobre a história e a importância do sal na região, António Cunha Bento. A não perder. Para a agenda!

domingo, 6 de outubro de 2013

Para a agenda: Manuel Ribeiro, em Évora



Manuel Ribeiro é hoje um autor praticamente desconhecido, sina que não recaiu apenas sobre ele, claro. No entanto, nos anos 20 do século passado, as suas obras alimentavam imaginações e eram êxitos, algumas tendo sido pioneiras. Alentejano de Albernoa, Manuel Ribeiro tem exposição na Biblioteca Geral da Universidade de Évora, conduzida pela mão de um dos seus estudiosos, Gabriel Rui Silva, do Centro de Estudos em Letras da Universidade de Évora, que, no catálogo, afirma: "Manuel Ribeiro, cuja filiação se pode enquadrar na Geração de 90 pelo nacionalismo e regionalismo literário, foi autor de uma polémica e singular obra no quadro da literatura portuguesa, uma obra cujo cariz católico e socialismo evangélico se alicerça em valores ruralistas e tradicionalistas, expressão de uma vida fundada na terra e de olhos no céu, síntese do espírito franciscano que o iluminou e alimentou." Para a agenda!

5 de Outubro, ex-feriado, dia de paradoxos

Dia paradoxal foi o de ontem, 5 de Outubro. Deixando de ser assinalado como feriado – o Presidente da República começou o seu discurso por essa triste invocação –, o 5 de Outubro é arrumado, queiram ou não, na prateleira. E é paradoxal, porque o regime republicano que temos se deve a esse 5 de Outubro de 1910. Mas as circunstâncias políticas – de ignorância, de esponja, de confronto com a memória – assim determinaram: os dois feriados alusivos a datas fundacionais do regime foram mandados para o lixo – um, foi o de 5 de Outubro, afirmação da República; outro, o de 1 de Dezembro, afirmação da independência do país. Que seria feito dos actuais políticos e dos responsáveis por esta decisão se não estivéssemos num país independente e republicano? Provavelmente, seriam desconhecidos… provavelmente, fariam o que fazem…
Dia paradoxal foi o de ontem, 5 de Outubro, em que a cerimónia evocativa foi feita apenas para convidados, como se uma data fundacional estivesse reservada a uma dada elite, seja ela de que origem for. E o mais paradoxal é que, entre essa elite “celebrante”, havia responsáveis pelo estado a que o país chegou…

A Escola vista pelo Presidente da República no 5 de Outubro, Dia Mundial do Professor e ex-feriado

«(...) A escola é o espaço de formação da cidadania republicana. É na escola que se concretiza, desde logo, o ideal republicano do sucesso pelo mérito e pelo trabalho.
A exigência e o rigor no ensino são, na sua essência, valores profundamente republicanos. O facilitismo na avaliação de alunos e docentes favorece o privilégio e acaba, de facto, por promover a desigualdade.
É num contexto de exigência que se distingue o mérito e o talento, que se recompensa o esforço e o empenho em saber mais. A defesa da qualidade do ensino, a busca da excelência e o reconhecimento do papel insubstituível dos professores correspondem a princípios essenciais de um civismo mais esclarecido, mais informado, mais amadurecido.
Numa República, a escola é o mais importante instrumento de mobilidade social. É através do saber e do conhecimento, avaliados objetivamente, que se combate a tendência para perpetuar desigualdades fundadas nas origens sociais de cada um. Se o ensino perder critérios de exigência e rigor, serão penalizados, em primeira linha, os alunos de mais baixos recursos, aqueles que só através da educação e do mérito podem progredir na sua vida escolar e, mais tarde, na sua atividade profissional. (...)»
Aníbal Cavaco Silva (Presidente da República)
Excerto do discurso de 5 de Outubro de 2013, em Lisboa

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dia Mundial dos Professores - 5 de Outubro - Parabéns a todos os professores!!!



Dia Mundial dos Professores, 5 de Outubro

um apelo ao respeito e à valorização da profissão docente

Mensagem conjunta de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, Guy Ryder, diretor-geral da OIT, Anthony Lake, diretor-executivo do UNICEF, Helen Clark, administradora do PNUD e Fred van Leeuwen, secretário-geral da Education International

Os professores têm nas mãos as chaves para um futuro melhor para todos. Eles inspiram, desafiam e empoderam cidadãos do mundo inovadores e responsáveis. Eles fazem as crianças frequentarem a escola e as mantêm lá, além de ajudá-las a aprender. Todos os dias, eles ajudam a construir sociedades do conhecimento inclusivas, das quais precisamos para o amanhã e para o século à nossa frente. Neste Dia Mundial dos Professores, juntamos forças para agradecer aos professores e fazer um apelo para termos mais desses profissionais, bem como melhor treinamento e mais apoio a eles.
Nada pode substituir um bom professor. As evidências mostram que os professores, seus conhecimentos profissionais e suas habilidades são o fator mais importante para a educação de qualidade. Isso requer uma sólida formação inicial e o treinamento profissional contínuo para melhorar os resultados de seus desempenhos e aprendizagens. Nós sabemos disto e, ainda assim, muito frequentemente, os professores continuam subqualificados e mal remunerados, com baixo prestígio de seu status e excluídos das questões sobre políticas educacionais e das decisões que os interessam e os afetam.
Além disso, hoje eles são muito poucos. Em âmbito global, devem ser recrutados cerca de 5,24 milhões de professores para atingir o objetivo da educação fundamental universal até 2015 – 1,58 milhão de novas contratações e 3,66 milhões de substituições daqueles que abandonam a profissão. O desafio vai além dos números – mais professores deve significar melhor qualidade de aprendizagem, por meio de treinamento e apoio adequados.
Isso é essencial para garantir o direito de todos os aprendizes à educação de qualidade – especialmente para atingir os 57 milhões de crianças com idade para frequentar a escola primária que estão hoje fora da escola. Na velocidade atual, estimamos que 49% dessas crianças nunca entrarão na escola, enquanto que 28% começarão a frequentá-la tardiamente – 54% delas são meninas. Igualmente preocupante é o baixo nível de aprendizagem. Estima-se que 250 milhões de crianças não sabem ler nem escrever quando atingem a idade para frequentar a 4ª série.
Aproximadamente metade dessas crianças está na escola. A crise da aprendizagem e do acesso à educação deve ser tratada urgentemente.
Não é possível aprender sem professores valorizados, responsáveis, profissionais, bem treinados e bem apoiados. Os professores são a solução principal para a crise da aprendizagem e, ainda assim, muitos são mal treinados e mal apoiados – frequentemente alijados das decisões políticas que os afetam. Eles são o elemento principal de ambientes de aprendizagem seguros e solidários, mas muitos deles ainda ensinam em circunstâncias de extrema dificuldade, em emergências e até mesmo ataques.
No entanto, há também exemplos brilhantes para serem mostrados. Temos visto inúmeros esforços para melhorar o status dos professores – por meio de programas de profissionalização e certificação, incentivos para o trabalho em comunidades remotas e desfavorecidas, leis de salários-mínimos, modelos de desenvolvimento de carreira, desenvolvimento profissional continuado, apoio a professoras escaladas para trabalhar em localidades remotas, apoio entre os próprios professores e tutoria intergeracional, prêmios de reconhecimento e incentivo à progressão de profissional, aumento dos padrões de admissão nos programas de treinamento, campanhas de conscientização pública, cursos gratuitos e bônus de recrutamento. Todas essas práticas garantem igualdade e qualidade, e fazem uma diferença real nos resultados de aprendizagem; por isso, elas devem ser ampliadas e levadas adiante.
Nesse ponto, é essencial a ação internacional efetiva no apoio a esforços nacionais para dar suporte a professores e instituições educacionais, e para melhorar as oportunidades de educação para todas as crianças. Todo esse trabalho deve garantir que a remuneração e as condições de trabalho dos professores reflitam um comprometimento para fornecer educação de alta qualidade, por meio de uma força de trabalho qualificada e motivada. É por isso que os professores encontram-se no cerne da Iniciativa Mundial Educação em Primeiro Lugar (Global Education First Initiative), do secretário-geral das Nações Unidas, para garantir que toda criança vá à escola, receba educação de qualidade e desenvolva um novo senso de cidadania mundial.
Hoje, esse é o nosso apelo para os professores. Junte-se a nós para agradecer e apoiar os professores que temos e para recrutar novas mulheres e homens, com o objetivo de construir sistemas educacionais mais efetivos e preparar jovens e adultos para uma participação ativa e responsável na sociedade. Não há base mais sólida para a paz duradoura e para o desenvolvimento sustentável do que uma educação de qualidade fornecida por professores bem treinados, valorizados, apoiados e motivados. A educação das gerações futuras estará comprometida, a não ser que possamos superar o desafio de colocar o melhor professor possível em cada sala de aula.
Irina Bokova, diretora-geral, UNESCO
Guy Ryder, diretor-geral, OIT
Anthony Lake, diretor-executivo, UNICEF
Helen Clark, administrador, PNUD
Fred van Leeuwen, secretário-geral, Education International

Para a agenda: Um fim de semana com escolhas...





                  

Como se vê, as escolhas... exigem opção! Boas escolhas! Para a agenda!

Para a agenda - Iluministas e educação, em Setúbal



A educação pensada pelos iluministas, numa apresentação de António Chitas. Uma produção do Centro de Estudos Bocageanos para 5 de Outubro, em Setúbal. Para a agenda.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Para a agenda - Arte e ciência em exposição no Portinho



"De profundis" no Portinho da Arrábida. Com arte e ciência. A partir de 5 de Outubro. Para a agenda.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Para a agenda - Crise, troika, alternativas e... um livro



Intervenções do Congresso Democrático das Alternativas, a várias vozes, na discussão de A crise, a troika e as alternativas urgentes (Lisboa: Tinta-da-china). Na Biblioteca Municipal de Setúbal, em 4 de Outubro, à noite. Para  a agenda!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Para a agenda: o segundo romance de Brissos-Lino



Uma história que se relaciona com Setúbal e com o Portugal dos anos 40 do século passado. Uma história em que entra a personagem Sebastião da Gama. Uma história povoada por um Arcanjo ("mais do que homem, menos do que anjo"), por uma Maria de Fátima (que quis ser Maria João), por costumes, por histórias da História, por um tempo de memórias e de segredos. É o segundo romance de Brissos-Lino. A ser apresentado em 4 de Outubro, pelas 15h00. Apresentação a cargo de Fernando Dacosta e de João Reis Ribeiro. Para a agenda.

Para a agenda - Mês da Música, em Setúbal - programação de 1 a 6 de Outubro



Há música para todos os gostos neste "Mês da Música", em Setúbal. Para começar, a programação dos primeiros seis dias do mês. Com a "bênção" de Luísa Todi. Para a agenda!