A ideia de
um Museu Escolar para Setúbal vai sendo falada de vez em quando, uma tentativa
de historiar a educação em Portugal e na região, com certeza. Mas pólos
importantes de uma musealização na área do ensino são também as próprias escolas,
sobretudo as mais antigas, que guardarão um espólio a todos os títulos
interessante.
Uma prova
disso é a recente publicação do catálogo Património
museológico alusivo à Escola
Secundária de Bocage (Setúbal: Escola Secundária de Bocage, 2013), devido aos
professores Isilda Silva, António Vasconcelos e Miguel Boullosa, mostra de um
mais vasto projecto, o da base de dados do Património Museológico da Educação,
a cargo do Ministério da Educação e Ciência.
Desde a
criação do Liceu de Setúbal em 1858, a funcionar então no Convento da Boa Hora,
mais de século e meio passou sobre a que é agora a Escola Secundária de Bocage,
tempo importante para a identidade sadina e para a história da educação em
Setúbal. Além do que terão sido os investimentos de origem local ou nacional no
património desta escola, também foram importantes as doações levadas a cabo por
Arronches Junqueiro (1868-1940) e, mais recentemente, por Ireneu Cruz
(1937-2011).
No catálogo on line do Ministério da Educação e Ciência constam 725 peças do acervo da
Escola Secundária de Bocage anteriores a 1974; o catálogo agora editado, em
pouco mais de uma centena de páginas, apresenta cerca de duas centenas de
reproduções fotográficas em que se incluem as categorias “instrumentos
científicos”, “materiais didácticos” (biologia, zoologia, geologia,
paleontologia, cerâmica, artes visuais, mineralogia, cristalografia) e
“fotografia”. Utensílios, mapas, quadros parietais, animais embalsamados,
modelos vários e diapositivos em vidro constituem outras tantas modalidades dos
materiais apresentados. O livro fecha com a descrição das peças do espólio
apresentadas, embora sem as datas da concepção ou aquisição das mesmas, consideradas
pelos autores como as “mais significativas quanto ao seu interesse científico e
pedagógico e qualidade estética”.
Com esta
obra, interessante e elucidativa, está o leitor perante uma boa oportunidade
para revisitar a história, para um encontro com o que constituiu a via
experimental em prática no ensino em Portugal, para o conhecimento do trajecto
do que tem sido a vida nas escolas, do que tem sido o ensino, a aprendizagem e
a actualização didáctico-científica ao longo dos tempos.
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