Bom professor - «Um dos problemas básicos das Ciências da Educação foi
querer transformar o acto de ensinar em ciência, padronizando tudo. A maneira
de ensinar História tornou-se semelhante à de ensinar Português, Física… As
funções cognitivas e intelectuais que a História desenvolve não têm que se
reproduzir noutra disciplina. Um bom professor vai à procura dos lugares-comuns
da História: do rei que gostava de comer, dos amores deste com aquele… A sala
de aula deve ser mais ou menos como um palco, onde a palavra do professor tem
que ser vital. As últimas décadas de ensino, centradas no aluno, mataram a
auto-confiança dos professores na palavra. É preciso repensar a formação dos
professores neste sentido. Infelizmente, quando um professor sai da faculdade,
logo no início de carreira, alguém decide se ele é bom ou mau. Mas um mau
professor no início da carreira pode ser óptimo no fim, e o inverso também pode
acontecer. A ideia de avaliar professores é errada. Um professor constrói-se ao
longo de uma vida.»
Bom aluno - «Criámos a ideia de que o aluno que está sempre a
participar é um bom aluno, mas, na verdade, é-o quem está intelectualmente
activo, o que muitas vezes só se manifesta a prazo. Mais do que com o
professor, o bom aluno deve mostrar empatia com o conhecimento. Durante mais de
uma geração tivemos uma ditadura que impôs o silêncio. Gostava que pensássemos
na possibilidade de democratizar o silêncio. (…) Essa democratização tem de vir
de uma adesão voluntária da sociedade. Era fundamental para se repensar a
própria ideia de escola. A escola carece de silêncio.»
Gabriel Mithá Ribeiro (em entrevista a Francisca Cunha
Rêgo).
“O presente da História”. JL – Jornal de Letras (supl. “JL – Educação”,
pg. 2): nº 1103, 09.Janeiro.2013.
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