O
primeiro centenário do nascimento do poeta azeitonense Alcindo Bastos passou
ontem. A sua terra natal não o esqueceu e dedicou-lhe uma exposição no Museu
Sebastião da Gama. Sítio ideal, mesmo porque os dois poetas foram amigos…
De
seu nome completo Alcindo Porfírio de Sousa Bastos, nasceu em Aldeia Rica
(Azeitão) em 5 de Janeiro de 1913 e faleceu em Cruz de Pau em 24 de Agosto de
1986.
Ainda
na infância, seus pais tiveram de mudar-se para o Alentejo, ficando Alcindo
Bastos a viver a cargo dos avós e ajudando o avô na tarefa da carpintaria. No
entanto, logo que pôde, optou por se alistar na Marinha de Guerra, mudando-se,
mais tarde, para a Marinha Mercante, com prestação de serviço em vários navios
do trajecto da África Oriental.
Entretanto,
depois de uma história de amor contrariada, casou com Júlia da Conceição
Carvalho, união de que nasceram dois filhos, Viliane e Edite.
Nas
viagens a Moçambique, alguns amigos acabaram por o influenciar, designadamente
o marido de Amália Rodrigues, tendo Alcindo Bastos decidido radicar-se na
Beira, onde viveu por um período de três anos ausente da família, a trabalhar
numa serração como capataz ou na Trans Zambézia Railway, onde foi fogueiro e,
depois, maquinista.
Em
1949, chamou a família para junto de si e por Moçambique viveu até 1968. A
partir daqui, a sua vida decorreu entre Moçambique e Azeitão, até ao seu
regresso definitivo em 1974. Por
razões de saúde, os últimos tempos da sua vida foram passados na casa da filha,
em Cruz de Pau.
Apesar
de os seus estudos terem ficado pela instrução primária, o seu gosto pela
poesia e pela música levaram-no a versejar, tendo sido autor de variados poemas,
com algumas adaptações a fado. A figura de Alcindo Bastos ficou ainda conhecida
pela sua dedicação à actividade teatral (na Sociedade Filarmónica Perpétua
Azeitonense) e pela sua intervenção em várias campanhas de solidariedade.
Postumamente,
a família decidiu dar à estampa a obra O livro da vida de Alcindo Bastos (1989), onde surge reunida a sua obra
poética, dominada pelo cunho autobiográfico e pelas evocações dos afectos e das
paisagens da sua vida. Na sua obra perpassam também algumas telas de ironia,
como se pode verificar no poema “Auto-retrato”, que se reproduz.
O Museu Sebastião da Gama, em Azeitão, organizou, a
propósito deste centenário, exposição evocativa (em que se inclui o cartaz com
o poema transcrito), inaugurada em 14 de Dezembro, que pode ser vista até 26 de
Janeiro.
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