Há dias, a propósito do estudo da escrita
autobiográfica, convidei os alunos a escreverem um texto sob o título “Quem sou
eu?”, género de auto-retrato, lembrando-lhes que só se deviam expor até ao
ponto que quisessem.
M. tem 14 anos, frequenta o 8º ano. Acabei de ler o seu trabalho e, quando vi os
dois últimos parágrafos, senti um arrepio. Aqui os transcrevo.
O leitor perceberá porquê.
“(…) Há dias em que me apetece desaparecer, porque as
pessoas não percebem que o nosso país vai de mal a pior e se ninguém contribuir
para um mundo melhor isto vai ficar mesmo mal, até chegar ao ponto de não
existirem crianças no nosso país, mas espero que isto melhore e que fique tudo
bem.
Sempre quis ser professora, mas isto está muito
complicado cá em Portugal. Por isso, penso sair do país, um dia mais tarde.
Todas as pessoas dizem que isto vai melhorar, e eu espero bem que sim, mas de
certa forma tenho medo de ficar em Portugal e não ter uma vida digna.”
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