sábado, 22 de dezembro de 2012

Fragmentos 02 - Incertezas


Estou a pagar no posto de abastecimento e o indivíduo aproxima-se de mim. “Bem me parecia que conheci esta voz”, diz-me, no prazer do reencontro depois de muitos anos de desencontro.
Era PC, meu aluno de há vinte e tal anos, outros tantos de tempo sem nos vermos. “Que fazes?” E desfiou-me o rol dos seus projectos, que sempre fora um rapaz de aventura, dinâmico, imparável. Negócios, projectos empresariais, alguma sorte na vida, negócios de família. “Tenho um amigo suíço que desafiei para meu sócio. Quer saber a resposta?” Perante o meu ar de curioso, acabou a história: “Ó pá, entrar na constituição de uma empresa em Portugal? Então a gente nunca sabe o que vai ser isto!... Os impostos são uma coisa de manhã, outra à tarde e outra no dia seguinte… Quem se governa assim? Há empresa que se sustente?”
Ainda conversámos mais. Mas a tónica da conversa estava na contrariedade que se oferece aos projectos empresariais. “Sabe, professor? Dou um ano para isto… Caso não haja resultados, vou-me embora. Já estive de malas feitas para Moçambique e resisti, mas não sei por quanto tempo mais!...”

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