Natal doutros tempos
Eu sou do tempo em que se cantava ao Menino.
Em que não havia Pai Natal
e o Menino descia p’la chaminé
à meia noite em ponto.
Onde o sapatinho nos saía do pé
e a um canto se acomodava, pronto
a receber a prenda habitual.
Bombons em prata colorida
tal qual nossos olhos como estrelas brilhando
na negrura da noite, esperançando a vida.
Sou do tempo em que se prendava
filhós e azevias e rosetas
polvilhadas de açúcar e canela.
Em que se rufava a ronca
entoando louvores ao excelso e ao infinito céu.
Onde a família galhofava reinadia,
à lareira por dentro a noite fria.
Sou do tempo em que a nossa aldeia
tinha a dimensão do mundo
e o mundo se fazia de todos nós.
Em que o presépio se construía
com musgo catado pelas nossas mãos
e uma searinha feita em caco de barro
se oferecia a Jesus.
Desse tempo em que gente devota
na Missa do Galo cantava, louvando
o Menino que nasceu, símbolo do ano inteiro.
Do tempo em que só um dia era Natal.
Eu sou do tempo em que se cantava ao Menino.
Em que não havia Pai Natal
e o Menino descia p’la chaminé
à meia noite em ponto.
Onde o sapatinho nos saía do pé
e a um canto se acomodava, pronto
a receber a prenda habitual.
Bombons em prata colorida
tal qual nossos olhos como estrelas brilhando
na negrura da noite, esperançando a vida.
Sou do tempo em que se prendava
filhós e azevias e rosetas
polvilhadas de açúcar e canela.
Em que se rufava a ronca
entoando louvores ao excelso e ao infinito céu.
Onde a família galhofava reinadia,
à lareira por dentro a noite fria.
Sou do tempo em que a nossa aldeia
tinha a dimensão do mundo
e o mundo se fazia de todos nós.
Em que o presépio se construía
com musgo catado pelas nossas mãos
e uma searinha feita em caco de barro
se oferecia a Jesus.
Desse tempo em que gente devota
na Missa do Galo cantava, louvando
o Menino que nasceu, símbolo do ano inteiro.
Do tempo em que só um dia era Natal.
Setúbal, Natal de 2012
José-António Chocolate
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