Já não o via há uns dois anos. O encontro foi hoje, casualmente, na cabina de pagamento do parque de estacionamento.
Que é feito? Pergunta dobrada, surgida dos dois lados…. Lá disse da vida, das ideias, dos afazeres, do pensar. Lá me disse que, apesar de aposentado, tinha desistido da intervenção cívica. Gritante!
Participara na vida política a troco de zero durante muitos anos. E também na vida partidária. Mas fartou-se. “Eh pá, sabes o que é estar-se a expor uma ideia e a única preocupação de quem não é da nossa linha é saber: Quem é o gajo? Qual é a cor dele?” Encheu o saco de desprimores e desfeitas. No partido e na vida política local… “A minha vida na política foi por intervenção cívica e nada recebi… Deixei de suportar estar sempre a ouvir para cima de mim as dicas contra os políticos, contra a corrupção e contra os favorecimentos… Eu, que nada tinha a ver com isto, tinha de estar a ser metido no mesmo saco?” Mas o que mais o indignava era essa impossibilidade de se discutirem ideias ou projectos sempre sob o ferrete do “quem é o gajo?”, como se a filiação partidária fosse sinónimo de qualidade ou da sua falta, como se fosse necessário ter um cartão para poder exprimir ideias, para poder apresentar projectos… “Tivesse eu menos idade e ia-me embora daqui para fora…”, rematou.
Bem o entendi. Também já passei por momentos desses do “quem é o gajo?”, ponto de partida para se ser (ou não) aceite numa discussão cívica… Lamentavelmente, é um retrato bem forte da democracia à portuguesa, apesar de todas as maravilhas que dela possam dizer!
1 comentário:
Se a pessoa não concorda e se cala,é rotulada na mesma.
Em politica tudo é subjectivo.
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