Na tarde de hoje, bem me apetecia ter estado presente num de dois acontecimentos (ou até nos dois, ainda que dividindo o tempo): na entrega do prémio de poesia que o Rotary Club de Palmela promoveu e está a acontecer na Biblioteca de Palmela (mesmo porque integrei o júri) ou na tarde que a livraria Culsete está a promover para celebrar o Dia Internacional do Livro Infantil. Por razões de trabalho, não pude estar presente em nenhuma das iniciativas, ambas louváveis.
Tenho estado a avaliar trabalhos dos meus alunos – testes, adaptações de um conto de Mário de Carvalho e fichas de leitura. Estas últimas tiveram como objecto a obra de Maria Alberta Menéres Camões, o Super-Herói da Língua Portuguesa (Alfragide: ASA, 2010).
Tive de parar quando acabei de ler a do D.A., que, a dado passo, diz sobre este livro: «Este foi um livro que apreciei bastante, porque nos mostra uma vida mesmo muito difícil que Camões conseguiu superar, embora muito difícil de o fazer por vezes, e ainda escrever uma das melhores obras alguma vez feita. Também me surpreendeu muito o facto de nunca ter deixado de amar a sua Pátria: “morro com a Pátria”, depois de ter sido preso, mandado para a Índia para combater e de ter ficado na miséria.» E, como se isto não chegasse, um pouco adiante, torna-se mais evidente: «Este foi um livro de que realmente gostei, porque mostrou-me um verdadeiro patriota português, que sofre pelo seu país, que torna o seu legado na divulgação do grande feito do seu País e que perdoa o seu País depois de o ter deixado passar por tanto sofrimento. Este é um livro que recomendo definitivamente para quem acha que Portugal nunca fez grandes feitos ou nunca teve ninguém que fosse importante para a história do mundo. Ao lermos este livro tornamo-nos verdadeiros patriotas.»
A gente lê isto e tem de parar. Os jovens apreciam os grandes exemplos. E, além disso, as situações de justiça e de serviço ao próximo.
Já num teste feito ontem, um aluno do 9º ano, o M.C., na parte final, em que sugeri que cada qual escrevesse uma carta ao herói que Camões foi (temos andado a ler e a estudar Os Lusíadas), registava: «Acho interessante a forma como você valoriza os Portugueses, pois hoje em dia já ninguém se valoriza assim e você valoriza os Portugueses como um pai valoriza um filho». Mais à frente, a propósito da opinião de Júpiter sobre os Portugueses, o mesmo M.C. considerava: «a maneira como Júpiter nos valoriza é inspiradora pois isso faz um verdadeiro português sentir orgulho no seu país e não desprezo, que é o que se sente hoje».
Repito: a gente lê isto e tem de parar. Estes pequenos comentadores sentem o que vai acontecendo, sentem a nossa actualidade e são capazes de pensar. Isto é óbvio, mas nem sempre é tido em consideração…
Estas reflexões compensam-me das ausências que cometi.
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