Conheci Ireneu Cruz como médico, como amigo e como escritor estudioso e meticuloso. Sempre me comoveu a sua curiosidade pela História e o seu fascínio por D. João II, as narrativas de sabor histórico, o estudo dos casos clínicos de personalidades da literatura, o apego à bibliografia setubalenses que se relacionasse com o mar.
Desde Agosto que estava acamado em hospital. Na manhã de hoje, a Teresa, esposa de Ireneu Cruz e minha ex-colega na escola, telefonou-me a noticiar o desfecho desta narrativa que ele não pôde contar.
Da sua obra, redigida a par do exercício da medicina na área da gastrenterologia (tendo exercido funções no meio hospitalar na África do Sul, em Luanda, em Lisboa e em Setúbal), ficam títulos como O Caso Clínico de Eça de Queirós – Considerações de um Gastrenterologista (2004, que teve prefácio de Campos Matos na segunda edição, em 2006), Hemingway – O seu último legado (2005), Narração da Tormentosa Viagem dos Desterrados nos Mares da Índia (2006), O Ano de 1492 – o da Verdadeira Primeira Viagem (2007) e A crise dos Bragança – Considerações a propósito do reinado de D. Luís (2010, em coautoria com José Manuel Moreira e a cujo lançamento, em Outubro, Ireneu Cruz já não assistiu por estar hospitalizado). Paralelamente, foi publicando diversos artigos em revistas e, relativamente a Setúbal, foi doador à Câmara Municipal de um acervo constituído por cerca de 120 peças constituindo a exposição “Instrumentos de Ciência Náutica”, patente ao público na Casa do Corpo Santo e que teve catálogo com texto de sua autoria em 2004.
Pelo envolvimento que teve com a cidade e pela obra que desenvolveu, bem merece Ireneu Cruz ser perpetuado na memória sadina.
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