terça-feira, 22 de março de 2011

Memória: Artur Agostinho (1920-2011)

Artur Agostinho, o homem da rádio que atravessou gerações e também foi escritor, deixou-nos hoje. Habituei-me a ouvi-lo desde muito cedo e sempre me impressionou o seu saber estar, a sua conversa, o seu dizer. Depois, vi que, também por estas razões, mereceu a admiração de Sebastião da Gama, conforme um registo que entra no Diário com a data de 14 de Janeiro de 1949. Nesse dia, ao falar com os alunos sobre a leitura, destacou várias condições e assinalou as qualidades de comunicador de Artur Agostinho na rádio nos seguintes termos:
«Conveniências de ler bem. (Para que nos oiçam; para que nos compreendam; para que se convençam. — Quem é que vai perder tempo a ouvir, na rádio, alguém que diz coisas estupendas numa leitura péssima? Mas todos ouvem com gosto o Artur Agostinho... — Quem é que compreende o que eu digo, se o que eu digo é incompreensível por incolor ou baço, apesar de significar claridade? — A quem comunicarei o meu entusiasmo se não falar entusiasmado, a minha tristeza se parecer que estou alegre, a minha necessidade de chegar depressa se der a mostrar que tenho muito tempo? »
Jornalista desportivo, Artur Agostinho desde cedo se dedicou ao jornalismo radiofónico, tendo trabalhado na Emissora Nacional a partir de 1945. Passou também por vários programas televisivos de entretenimento e participou em alguns filmes. É autor de Até na prisão fui roubado (1976), Português sem Portugal (1977), Ficheiros indiscretos: memórias (2002), Ninguém morre duas vezes (2007) e Flash-back - Uma história da vida real (2011).

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