Segundo António Barreto, o momento actual do país “corresponde à ideia do primeiro-ministro de provocar uma crise na qual ele possa, eventualmente, passar por vítima”. Há dias, na televisão, um político socialista dizia que era necessário deixarmos o discurso de agressividade que tem dominado a política. Não foi exactamente por estas palavras, mas a ideia era esta…
Não sei se agora há mais gente desmotivada com a política do que há uns anos atrás. Provavelmente haverá… Mas, por incrível que pareça, esse problema – porque é um problema – não parece preocupar os nossos políticos. Afinal, até é mais fácil ganhar eleições com elevado abstencionismo!...
José Sócrates não foge ao figurino que criou de si mesmo: o discurso contundente contra tudo e contra todos, por um lado, sempre dizendo que ninguém lhe dá lições, e a vitimização, depois. Desde há umas semanas, tem-se andado a tentar dar uma imagem do primeiro-ministro como homem que esteve à espera e disponível para outras soluções apresentadas pela oposição, um homem de consensos, afinal. E só podemos sorrir… talvez tenha sido assim, mas chegou tarde.
Provavelmente, a solução não passa por estas caras de que todos vamos andando fartos. Mas deverá passar por um governo que se empenhe com o país, que tenha representações alargadas, sem que haja maioria absoluta de um único partido. É difícil? É, mas a política não vive de coisas fáceis e quem a ela se dedica tem obrigação de saber isso. É fácil governar com maioria absoluta de um só partido; mais difícil é encontrar soluções e tomar decisões quando o poder tem de ser partilhado.
Escusávamos de ter chegado aqui. Mas o cansaço motivado por uns e a sede de poder de outros atirou-nos para esta eira. Lamentavelmente!
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