Intitula-se Importuna
Ragione e é uma antologia de 40 poemas bocagianos (Bergamo: Edizioni Lemma
Press, 2017). O título é tomado do primeiro verso do soneto “Importuna Razão, não
me persigas” e o conjunto de poemas resulta de escolha de Daniel Pires na obra
editada em e-book Da Inquietude à
Transgressão: Eis Bocage (Biblioteca Nacional de Portugal, 2016).
Daniel Pires, estudioso e
divulgador da obra de Bocage e diretor do Centro de Estudos Bocageanos, é também
autor do prefácio, em que considera ser a poesia o “elemento vital do
quotidiano de Bocage”, poeta que cultivou uma pluralidade de géneros e se
assumiu como revolucionário, sendo “autenticidade e originalidade dois atributos”
do poeta setubalense.
A antologia está dividida em dez
partes: “Poemas autobiográficos” (cinco textos, em que não falta o “Magro,
occhi azzurri, faccia scura”), “Poemas líricos” (quatro, aí constando o soneto
que dá título ao livro), “Poemas de intervenção política” (seis, incluindo o
soneto “Libertà, dove sei? Chi ti trattiene?”), “Poemas de intervenção social”
(quatro), “Poemas do cárcere” (quatro), “Poemas eróticos” (quatro), “Poemas satíricos”
(três), “As sete partidas do mundo” (quatro, com o inesquecível “Io mi assento
da te, mio patrio Sado”), “A religião” (três) e “Doença e morte” (três).
Ada Milani teve a seu cargo uma nota biográfica sobre
o poeta, bem como a tradução, que pretendeu ser coerente não só nas linhas de
sentido, mas também no plano da sonoridade, do ritmo, da rima e do espírito. A obra
contém ainda um texto posfacial devido a Vincenzo Russo, que considera Bocage “um
poeta de transição, um poeta em trânsito”, afirmando, a propósito da designação
de “pré-romântico” normalmente associada ao poeta sadino, tratar-se de uma “etiqueta”
que permite “encontrar na obra de Bocage mais elementos do ‘novo’ que do ‘velho’”,
assim salientando o carácter inovador da poesia bocagiana.
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