sábado, 24 de janeiro de 2015

Da riqueza da língua portuguesa (sem necessidade de acordos artificiais)



Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

O poema consta na obra Pau Brasil, de Oswald de Andrade (1925), marca do modernismo brasileiro, cuja primeira edição foi feita em Paris. Felizmente, a colecção "800 anos de literaturas em Português", que está a sair com o diário Público, integrou este título, que saiu na terça-feira. E é tão bom este ouvir (ou este ler), mantendo genuinidade e ultrapassando os espartilhos de um qualquer acordo, seja para a escrita, seja para a gramática, que desorienta a língua nas suas faces de registo escrito ou sonoro!

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