O
Ministro das Finanças de Portugal deu hoje conferência de imprensa que ouvi na
rádio. Apreciei o tom académico, técnico, que utilizou. Não duvido da eficácia
deste tipo de discurso perante os seus pares. Não duvido sequer da sua
competência na área. Duvido da sua capacidade política porque, queira-se ou
não, um ministro tem de ser um político também. E, no caso do Ministro das
Finanças, não foram as alusões à liberdade e ao princípio da independência com
que concluiu o seu discurso que salvaram o tom tecnocrático e elaborado (mesmo
com metáforas da economia), nada vocacionado para os contribuintes saberem,
afinal, umas coisas simples: quanto vão ter de pagar mais, o que resolvem estes
aumentos, quais foram os erros cometidos nos princípios que têm vigorado, o que
fica para fazer, por quanto tempo a situação vai ser esta de nos confrontarmos
com aumentos de impostos, com aumentos de impostos, com aumentos de impostos, o
que vai ser feito para não se repetirem eventuais erros, quais as razões que levam a sacrificar a educação, a segurança social e a segurança interna?
Nada
disto foi dito. Nenhum português pode pensar, depois da conferência de
imprensa, na forma como vai gerir a sua casa, a sua família, a sua vida. Nenhum.
Apenas se sabe que é uma carga “enorme” (adjectivo do Ministro), mas isso não
basta para fazer contas nem para se adivinhar em nome de quê. Rematar com a
liberdade, a democracia e a independência é poético, mas não é objectivo. E a
esses remates já o Almada Negreiros respondia no célebre Manifesto anti-Dantas…
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