“Ou é azar meu ou é de Vasco Mouzinho de Quevedo; mas digo que é de Vasco Mouzinho de Quevedo e da cultura de Setúbal”. Assim começou Manuel dos Santos Rodrigues a sua conferência de ontem no II Encontro de Estudos Locais do Distrito de Setúbal, intitulada “Os mistérios de Vasco Mouzinho de Quevedo”.
Queria este investigador, com tese defendida sobre este autor setubalense dos séculos XVI-XVII, referir-se ao tempo que passa desde que a Câmara Municipal de Setúbal, em Julho de 2002, assumiu editar a sua obra O "Afonso Africano" de Vasco Mouzinho de Quevedo, tendo para o efeito promovido uma subscrição pública, publicação que ainda não viu a luz do dia, sem que ao autor tenha sido dada justificação para o impasse.
Este incidente prolonga, afinal, o desconhecimento pelo público dessa personagem da cultura portuguesa que foi Vasco Mouzinho de Quevedo, figura que teve a sua vida envolta em mistérios e que, apesar de ser o autor da segunda mais importante epopeia portuguesa, permanece na memória do quase silêncio. Entre outros enigmas que recaem sobre Quevedo, há o do seu nome, uma vez que assinou também como Vasco Mouzinho de Castelo Branco, ou uma vez que o apelido “Quevedo” surge também com as variantes “Quebedo” e “Cabedo”; há ainda o mistério do seu período de vida, garantindo Manuel Rodrigues que ele nasceu antes de 1564 e morreu depois de 1629, mas antes de 1631; e há ainda o não menor segredo que reside na diferença entre o que Quevedo escreveu e deixou nos manuscritos e o que foi publicado…
São mistérios que Manuel dos Santos Rodrigues tem perseguido e tentado desvendar, para alguns deles tendo encontrado respostas. Por resolver continua, no entanto, o enigma com que abriu a conferência…
Sem comentários:
Enviar um comentário