Ana faz pesquisas arqueológicas nas terras de Miranda. Uma chuva intensa que caiu durante a noite alagou as escavações, exceptuando um dos talhões, que apareceu enxuto porque a água da chuva desaparecera. Ana desceu e, ao ver uma abertura, entrou, rumando ao desconhecido, caindo no escuro, onde foi encontrar Atta, uma mulher do passado, que contou a sua história a Ana, uma mulher do presente. Trinta pranchas depois, a narrativa acaba. Tinha passado um quarto de hora na vida de Ana e um dos seus companheiros resgatava-a das profundezas. O que ele não soube foi que esse foi o tempo necessário para Atta conduzir Ana numa viagem pelo passado de um povo e de uma língua.
É este o argumento da obra Mirandés – Stória dua lhéngua i dun pobo (Lisboa: Âncora Editora, 2009), um álbum de banda desenhada de José Ruy, com texto coordenado cientificamente e traduzido para mirandês por Amadeu Ferreira (houve edição simultânea com texto em português).
O traço inconfundível de José Ruy (autor de adaptações para banda desenhada de obras literárias, de biografias e de outras histórias) recua aos tempos pré-romanos, assiste à romanização, convive com os visigodos, acompanha a fundação de Portugal, testemunha a construção do castelo de Miranda no tempo de D. Dinis… viaja na história da região, nas quezílias da vida de fronteira, e vê o desaparecimento e ressurgimento de uma língua como o mirandês, que José Leite de Vasconcelos, em finais do século XIX, trouxe para a comunidade científica. A história acaba fazendo referência à obra mais recente: a edição, na língua mirandesa, da adaptação em banda desenhada d’Os Lusíadas, obra a cargo de José Ruy e de Amadeu Ferreira. Isto, depois de ser lembrado o reconhecimento oficial da língua mirandesa (1999), bem como a existência de um programa para o seu estudo nas escolas.
É uma história de um povo, que tem que coabitar com os sucessivos invasores que o vão alterando; é a história de uma língua, que persiste e vai convivendo com as línguas que a visitam, designadamente com a portuguesa. Epopeia de um povo e de uma língua, ambos se mantêm porque persistem nas suas características, tal como Atta, a pastora, confidenciava à arqueóloga, revelando-lhe como a podia salvar: “Falando la nuossa lhéngua. La lhéngua ye l’alma dun pobo. Anquanto fur falada, l sou pobo nun se muorre.” História de identidade e de cultura, ambas falam pela voz de Atta, ainda, ao explicar a Ana a intensidade dos castros e o papel da memória: “La era an que bibes, Ana, puode tener mais quemodidades, mas estes castros, que ban rejistindo al lhargo de ls seclos, son l mil lhar, cumo la lhéngua mirandesa.” Um livro com uma história da História, pois. E com ensinamentos vários...
É este o argumento da obra Mirandés – Stória dua lhéngua i dun pobo (Lisboa: Âncora Editora, 2009), um álbum de banda desenhada de José Ruy, com texto coordenado cientificamente e traduzido para mirandês por Amadeu Ferreira (houve edição simultânea com texto em português).
O traço inconfundível de José Ruy (autor de adaptações para banda desenhada de obras literárias, de biografias e de outras histórias) recua aos tempos pré-romanos, assiste à romanização, convive com os visigodos, acompanha a fundação de Portugal, testemunha a construção do castelo de Miranda no tempo de D. Dinis… viaja na história da região, nas quezílias da vida de fronteira, e vê o desaparecimento e ressurgimento de uma língua como o mirandês, que José Leite de Vasconcelos, em finais do século XIX, trouxe para a comunidade científica. A história acaba fazendo referência à obra mais recente: a edição, na língua mirandesa, da adaptação em banda desenhada d’Os Lusíadas, obra a cargo de José Ruy e de Amadeu Ferreira. Isto, depois de ser lembrado o reconhecimento oficial da língua mirandesa (1999), bem como a existência de um programa para o seu estudo nas escolas.
É uma história de um povo, que tem que coabitar com os sucessivos invasores que o vão alterando; é a história de uma língua, que persiste e vai convivendo com as línguas que a visitam, designadamente com a portuguesa. Epopeia de um povo e de uma língua, ambos se mantêm porque persistem nas suas características, tal como Atta, a pastora, confidenciava à arqueóloga, revelando-lhe como a podia salvar: “Falando la nuossa lhéngua. La lhéngua ye l’alma dun pobo. Anquanto fur falada, l sou pobo nun se muorre.” História de identidade e de cultura, ambas falam pela voz de Atta, ainda, ao explicar a Ana a intensidade dos castros e o papel da memória: “La era an que bibes, Ana, puode tener mais quemodidades, mas estes castros, que ban rejistindo al lhargo de ls seclos, son l mil lhar, cumo la lhéngua mirandesa.” Um livro com uma história da História, pois. E com ensinamentos vários...
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