O "musical" Bocage Inferno & Paraíso, sob a responsabilidade do TAS (Teatro Animação de Setúbal) e de Miguel Assis, estará em cena em 1, 2, 3 e 4 de Setembro. Porque é teatro, porque assinala os 250 anos do nascimento de Bocage, porque é uma companhia de crédito... a não perder! No fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
domingo, 14 de agosto de 2016
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
sábado, 6 de agosto de 2016
A ponte sobre o Tejo, em Lisboa, que Bartissol sonhou
Passam hoje os 50 anos sobre a
inauguração da ponte que ligou Lisboa a Almada, atravessando o Tejo, hoje
chamada “25 de Abril”, mas com o nome de “Salazar” na data da inauguração. A
ponte tinha sido começada a construir quatro anos antes, exactamente em 5 de
Novembro de 1962. Neste mesmo ano de 2016, passaram também 100 anos sobre a
morte de Edmond Bartissol, o francês que concebeu um dos primeiros projectos de
ponte para a travessia do Tejo na zona de Lisboa e que doou a Casa de Bocage ao
município setubalense. Tudo números redondos para evocar Bartissol.
Desde o primeiro trimestre de
1911 que Setúbal tem o nome de Edmond Bartissol consagrado na toponímia, dando
nome à rua que antes teve S. Domingos como patrono. A razão de tal escolha está
ligada à oferta da casa onde terá nascido Bocage, que o engenheiro francês fez,
em 1887, à Câmara sadina. Tendo constado que a casa ia ser vendida, o
engenheiro adquiriu-a, fez-lhe as obras de manutenção e doou-a à autarquia,
tendo a imprensa regional da época dito que a intenção do doador era a de que
ali fosse instalada “a biblioteca municipal ou um museu bocagiano”.
Nascido em 20 de Dezembro de
1841, em Portel-les-Corbières, na região de Perpignan, no sul de França, Edmond
Bartissol desde cedo se tornou empreendedor de génio. Em 1866, já estava na
construção do canal de Suez e, em 1875, estava em Portugal como representante
da Sociedade Financeira de Paris. Estava-se então em plena época do “fontismo”,
política que entendeu como progresso a facilidade de comunicações, ainda que
apoiadas no capital estrangeiro. Foi assim que Bartissol se tornou numa
personalidade incontornável, tendo começado pela exploração mineira e tendo
chegado à construção da via férrea, na linha da Beira Alta (a partir de 1879) e
na linha de Belém-Cascais (em 1886-1890), e às obras do porto de Leixões.
No entanto, o projecto que, em
1889, apresentou, em conjunto com o engenheiro Théophile Seyrig, de travessia
do Tejo por ponte, na zona de Lisboa, não teve sucesso, apesar do renome de
Bartissol nas obras públicas. Interessado em ligar a capital à região
industrial do Barreiro e ao futuro desenvolvimento do sul de Portugal, os dois
engenheiros foram autores do projecto de uma ponte que unisse as duas margens
do Tejo, entre Lisboa e Almada. A ideia não era absolutamente nova, porque, em
1876, já Miguel Pais propusera a ligação entre Lisboa e o Montijo e, em 1888,
Lye admitira a ligação entre Lisboa e Almada.
Tal projecto foi amplamente
noticiado na imprensa, tendo a revista “O Occidente” publicado o desenho da
ponte, feito por L. Freire. A ponte teria 2310 metros de extensão, sairia da
Rocha Conde de Óbidos e rumaria ao castelo de Almada, dando passagem ao
caminho-de-ferro, que ligaria o Barreiro ao Rossio. A ponte completa teria
quatro tramos de 300 metros e seis de 160 metros. Antegozando o uso e a vista
de tal ponte, dizia a revista, na sua edição de 11 de Julho de 1889: “A ponte
será de um só tabuleiro, metade do qual é destinado ao trânsito ordinário,
metade à via-férrea. A largura total é de 25 metros nos pilares e 18 no
tabuleiro. A altura do tabuleiro para o nível da água é de 50 metros. A
perspectiva é elegante e digna de uma cidade como a nossa. Pena será, pois, se
tão grandiosa obra ficar só na gravura.” Numa outra edição da mesma revista,
que tinha saído em Abril, era especificado que o tabuleiro, além da via-férrea,
teria uma “via para carros e peões, tendo esta via 8 metros de largura ao
centro e dois passeios de um metro e meio cada um”.
No entanto, tal projecto exigia a
construção de túneis e tinha custos elevados (nove mil contos de réis), verba
incomportável para as possibilidades financeiras do país. Por estas razões,
aquela ponte, “que seria sem questão alguma a mais notável do seu género em
todo o mundo”, ficou sem efeito.
Vários projectos se seguiram a
este, quer no século XIX, quer na primeira metade do século XX, todos tendo
tido a mesma sorte. As coisas mudaram em 1958, quando foi tomada a decisão da
construção da ponte a ligar Alcântara a Almada. Dois anos depois, havia quatro
propostas, tendo a primazia sido dada à da United States Steel Export, que
arrancou com os trabalhos no início de Novembro de 1962. Cerca de quatro anos
mais tarde, em 6 de Agosto de 1966, era inaugurada a Ponte Salazar, a unir as
duas margens, com uma localização não muito distante da que prognosticara
Bartissol. O seu custo rondou os dois milhões de contos (cerca de onze milhões
de euros). Passavam nessa altura 50 anos sobre a morte de Bartissol. Muito
teria este francês desejado a construção da ponte, mesmo a avaliar pela sua
ligação a Portugal!
Apesar de ter andado por outras
partes do mundo, em que se incluiu Moçambique, em construções e empreendimentos
de grande envergadura, Bartissol estabeleceu raízes também no Alentejo,
adquirindo a Herdade do Pinheiro, onde, a partir de 1880, passava uma parte
significativa do ano.
Já no século XX, Bartissol
dedicar-se-ia também à política, chegando mesmo a ser presidente da Câmara na
sua região. Em Março de 1916, Bartissol rumou de Paris para a Herdade do
Pinheiro a fim de ali passar os costumeiros três meses. Foi a sua última
estadia em Portugal. No final de Junho, regressou a Paris e, em 16 de Agosto,
vítima de uma congestão pulmonar, faleceu na sua casa parisiense. Assim acabava
os seus dias aquele que Christophe Charle apresentou como “o único exemplo de
um self-made-man na plena acepção do
termo”.
A tão desejada ponte sobre o Tejo
só viria 50 anos após a sua morte. Quanto ao museu bocagiano em Setúbal, esse
levaria mais uns anos a chegar e, coincidência ou não, foi apenas em 2006, ao
passarem 90 anos sobre a morte de Bartissol, que ele foi inaugurado na Casa de
Bocage.
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Edmond Bartissol,
efeméride,
Ponte 25 de Abril
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Samuel Trezor, "Diferença que nos une"
Diferença que nos une, de Samuel Trezor (n. 1986), recentemente
apresentado em Setúbal, em edição de pequena tiragem, é o segundo livro do
autor.
Organizado em onze partes, por
todas perpassa o louvor à vida e àquilo que a compõe, sofrimento incluído.
Construído entre a prosa narrativa e os pequenos poemas, entre o relato
autobiográfico e o rap, Diferença que nos
une é o trajecto do seu narrador, valorizando as aprendizagens, as pequenas
vitórias do quotidiano, os apoios prestados, o amor e a paixão, a solidariedade
e o respeito pelo outro, a partilha, ao mesmo tempo que vai alimentando uma
homenagem à família, com destaque para a figura da avó, mas por onde passam
também a mãe e os irmãos, além dos amigos.
A vertente da aprendizagem ao
longo da vida vai acompanhando o percurso deste escrito de Trezor (“não vejo
este livro como uma biografia mas como um percurso de alguém que está em
permanente busca, à procura de algo”, diz no final do segundo capítulo),
tornando-se impressionante a delicadeza posta na descoberta do mundo, a
simplicidade com que se fala de Deus, a transparência posta na definição de uma
relação amorosa (com transcrição de sms e comentários sobre a paixão vivida) ou
a energia que resulta da construção de princípios para a vida.
A linguagem corre simples, quase
ao sabor dos sentimentos do momento, marca importante neste discurso
testemunhal, mas, talvez por isso mesmo, com um texto a carecer de cuidados de
revisão. A leitura é agradável, porém, sobretudo pela dimensão humana e de
partilha e também pela espontaneidade que o narrador-poeta insufla no texto.
Sublinhados
Identidade – “A nossa origem é a maior tatuagem que um ser humano
pode carregar.”
Vida – “A vida é um ensaio das nossas almas em busca da felicidade
que cada homem e mulher veneram e sonham.”
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escrita autobiográfica,
ficha de leitura,
identidade,
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Samuel Tremor
Bocage: Poemas à solta nas ruas de Setúbal (2)
O projeto para 30 poemas de Bocage andarem
à solta pela cidade de Setúbal, denominado "Bocage - 30 poemas na
rua", teve a sua segunda fase de instalação há dias. Com a participação do
Teatro Estúdio Fontenova, da Câmara Municipal de Setúbal e de diversos artistas
e actores, uns para darem cores aos poemas, outros para lhes emprestarem a voz,
o segundo grupo de quatro recantos, preenchido com oito poemas, está espalhado
pela cidade, em sítios relacionados com o tempo de Bocage:
5) Na Avenida
Luísa Todi, onde era a beira-mar setecentista, com os poemas "Um governo
sem mando, um bispo tal” (interpretado por Tânia Cardoso e Rodrigo Crespo) e
"Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado” (dito por Rafael Bidarra e Matilde Javier Ciria) e a intervenção plástica de Wagner Borges.
6) Na Avenida
Luísa Todi, onde era o Regimento de Infantaria, com os poemas "Sobre o
degrau terrível assomava" (interpretado por Odete Santos) e "Ao
crebro som do lúgubre instrumento” (dito por José Lobo) e a intervenção plástica
de André Mares.
7) Na Avenida
Luísa Todi, onde era o Postigo do Cais, com os poemas "Adamastor cruel! De
teus furores” (interpretado por “Um corpo estranho”) e "Camões, grande
Camões, quão semelhante” (dito por José Nobre) e a intervenção plástica de André
Mares.
8) Na Rua
Arronches Junqueiro, junto à Porta de S. Sebastião, com os poemas "Neste
horrível sepulcro da existência” (interpretado por Maria Clementina) e "Enquanto
o sábio arreiga o pensamento” (dito por Moniztiko) e a intervenção plástica de Prahlad
Fernando Aranda.
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