Diferença que nos une, de Samuel Trezor (n. 1986), recentemente
apresentado em Setúbal, em edição de pequena tiragem, é o segundo livro do
autor.
Organizado em onze partes, por
todas perpassa o louvor à vida e àquilo que a compõe, sofrimento incluído.
Construído entre a prosa narrativa e os pequenos poemas, entre o relato
autobiográfico e o rap, Diferença que nos
une é o trajecto do seu narrador, valorizando as aprendizagens, as pequenas
vitórias do quotidiano, os apoios prestados, o amor e a paixão, a solidariedade
e o respeito pelo outro, a partilha, ao mesmo tempo que vai alimentando uma
homenagem à família, com destaque para a figura da avó, mas por onde passam
também a mãe e os irmãos, além dos amigos.
A vertente da aprendizagem ao
longo da vida vai acompanhando o percurso deste escrito de Trezor (“não vejo
este livro como uma biografia mas como um percurso de alguém que está em
permanente busca, à procura de algo”, diz no final do segundo capítulo),
tornando-se impressionante a delicadeza posta na descoberta do mundo, a
simplicidade com que se fala de Deus, a transparência posta na definição de uma
relação amorosa (com transcrição de sms e comentários sobre a paixão vivida) ou
a energia que resulta da construção de princípios para a vida.
A linguagem corre simples, quase
ao sabor dos sentimentos do momento, marca importante neste discurso
testemunhal, mas, talvez por isso mesmo, com um texto a carecer de cuidados de
revisão. A leitura é agradável, porém, sobretudo pela dimensão humana e de
partilha e também pela espontaneidade que o narrador-poeta insufla no texto.
Sublinhados
Identidade – “A nossa origem é a maior tatuagem que um ser humano
pode carregar.”
Vida – “A vida é um ensaio das nossas almas em busca da felicidade
que cada homem e mulher veneram e sonham.”
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