quarta-feira, 18 de maio de 2011

“Histórias daqui e dali”, de Luis Sepúlveda

Vinte e cinco crónicas compõem o volume Histórias daqui e dali, de Luis Sepúlveda (Porto: Porto Editora, 2010), numa ponte que nos remete para espaços, para os lugares, que se estende entre a América Latina e a Europa, pontos de fixação do próprio cronista.
Em grande parte dos casos, estas crónicas são visitações a tempos passados, num percurso através da memória, insistentemente mostrando a faceta do exilado. Por elas passam convicções, recordações, amigos, experiências, reencontros, histórias de livros, ironias da vida, chamadas de atenção, não esquecendo um pendor crítico sobre formas de viver de hoje.
Por Portugal e pela literatura em português passam também estas crónicas, havendo uma delas que toma o cenário do “Correntes de Escritas” poveiro e o contador de histórias que é o angolano Nelson Saúte.
Estas crónicas caminham sempre no sentido da procura de pontos de apoio, cimentados por referências comuns, independentemente das latitudes, atitude talvez justificada por esta afirmação de identidade – “Nós, os exilados, somos como os lobos, para onde vamos juntamo-nos às alcateias que não são as nossas, mas convivemos, caçamos juntos, e, no entanto, a lua convida a afastar-nos para uivar de solidão.”
Marcadores
Velhos textos - “Quando nos deparamos com velhos textos é como se nos encontrássemos de novo connosco, e estes reencontros são sempre comoventes.”
Exílio - “Todos os exílios duram demasiado tempo e cada experiência é única.”
Viajar - “O direito de viajar ou de permanecer é inerente ao ser humano. O visto para ir ou ficar é um golpe cruel e planificado na liberdade do indivíduo.”
Alfarrabistas - “As lojas de livros usados são pátrias especiais e necessárias.”
Ficção - “A ficção é sempre um prolongamento da realidade.”
Jornalismo - “A precariedade em que caiu o jornalismo faz com que ninguém seja responsável pelo que se escreve, diz, ou emite, salvo raras excepções, e com que sejam poucos os jornais feitos por jornalistas que, com absoluto rigor, assistem ao funeral de uma profissão tão bela quanto necessária.”

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