É uma entrevista de sabedoria, de calma e de olhar crítico sobre o mundo aquela que Pedro Tamen deu a Carlos Vaz Marques, publicada na revista Ler deste mês (Lisboa: Fundação Círculo de Leitores, nº 99, Fevereiro de 2011). Ressalta a vida do poeta e também a vida do tradutor que Tamen é. E está ainda presente o olhar sobre um certo mundo literário, bem como o seu último livro, que entra pelos problemas da comunicação. Dessa entrevista saltam estes excertos:
* “As relações humanas não são um rio pacífico e sereno.”
* “Nós somos actores das nossas vidas e dialogamos com os actores que estão ao nosso lado mas nunca, até ao fim, é perfeitamente clara a relação que estabelecemos com os outros, com os comparsas, com os companheiros ou com as companheiras.”
* “A gente nunca aprende nada. O que o tempo e a vida fizeram foi permitir-me experimentar essas dificuldades [de comunicação] e fazer-me reflectir sobre elas, senti-las na pelo e tentar ultrapassá-las.”
* “Mesmo aqueles que a gente não pode definir como vaidosos descaem inevitavelmente para falar de si mesmos. As pessoas levam-se muito a sério.”
* “Os poetas, no seu reduto próprio de poetas, não são tipos normais. Em princípio, o poeta é aquele que vê um bocadinho mais do que os outros. Ou que, pelo menos, é capaz de exprimir coisas que vê e que os outros, mesmo quando vêem, não são capazes de formular. Estou a falar tanto dos poetas como dos artistas em geral: músicos, pintores, etc. A poesia é, para mim, um permanente arranhar o mundo, com unhas na cal, para tentar encontrar coisas que se pressentem por detrás do branco uniforme do mundo e da vida.”
* “As pessoas estão muito mais dispersas, cada vez tratam mais ou pensam mais em tratar das suas vidinhas.”
* “Há um endeusamento de falsos valores.”