quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Arrábida em foto, curtas e doc - a objectiva da imaginação



Atenção, amantes da imagem! Atenção, amantes da Arrábida!
No âmbito da apresentação da candidatura da Arrábida a Património Mundial da Humanidade, a Associação dos Municípios da Região de Setúbal está a promover os concursos “Arrábida Foto” e “Arrábida – Curtas e Doc’s”. A intenção é “incluir também os cidadãos” no processo desta candidatura.
O tema, segundo os regulamentos, deverá ter “como inspiração a ocupação humana na Arrábida e toda a sua cultura, a fauna, a flora, o trabalho e o lazer”. A entrega dos materiais a concurso deverá ocorrer até 31 de Maio e, entre 20 de Junho e 15 de Julho, acontecerá a selecção dos vencedores por parte do júri e também pelo público, através de uma votação online. Os regulamentos podem ser consultados aqui.
Agora… toda a imaginação para a Arrábida do nosso encanto!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Diário, de Sebastião da Gama - pela primeira vez completo

É já a partir da próxima semana que o leitor poderá encontrar nas livrarias a mais recente edição do Diário, de Sebastião da Gama, título que inaugura a colecção das suas “Obras Completas” (Lisboa: Editorial Presença), em que serão incluídos os títulos já publicados e textos até hoje inéditos ou nunca publicados em livro (declaração de interesses: sou coordenador da colecção).
Relativamente a esta edição do Diário, as novidades resultam do facto de ser a primeira edição completa da obra que Sebastião da Gama legou (uma vez que as anteriores edições desta obra sempre omitiram partes do manuscrito por razões editoriais) e de ser uma edição anotada (por onde passam quase três centenas de notas de contextualização ou informação adicional).
Não sendo uma edição crítica, esta edição do Diário é estabelecida a partir do original manuscrito do professor e poeta. Num total de 356 páginas, o volume integra, além do escrito de Sebastião da Gama, o estudo introdutório “Sebastião da Gama: A Voz do Poeta – Da Poesia e do Diário” (48 páginas), “Para uma cronologia de Sebastião da Gama” (16 páginas), o prefácio da primeira edição (1958) e um conjunto de sete anexos que Sebastião da Gama incluiu no seu diário.
Obra que contém referências pedagógicas ainda hoje válidas, que dá voz aos alunos protagonistas da experiência lectiva vivida por Sebastião da Gama em Lisboa e em Estremoz, que é marcada pelo espaço de reflexão do professor perante as aulas leccionadas e perante o seu público, que dá uma imagem do que pode ser o professor de Português, que se afirma também como documento literário, este Diário bem deveria ter leitura obrigatória por parte de todos quantos se interessam pela causa da educação (independentemente do papel que aí desempenham).
Recorde-se que, em Abril de 2010, um conjunto apreciável de excertos desta obra mereceu tradução italiana (Frammenti di ‘Diario’, tradução de Maria Antonietta Rossi) e integra o curriculum académico na Universidade de Viterbo.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ridícula forma de chegar ao fim

Uma senhora desaparece, vizinhos e familiares dão pela ausência e queixam-se da falta. Não é conseguida autorização para entrar na casa da dita senhora. Nove anos depois, descobre-se que a senhora estivera morta dentro de casa durante todo esse tempo. Com ela, estão também mortos os seus animais de estimação.
Isto aconteceu no Portugal que conhecemos, nos tempos que correm, lá para os lados da linha de Sintra.
No último episódio deste romance, a casa em que jazia a senhora foi penhorada pelo fisco e foi vendida por uma alegada dívida fiscal de cerca de mil e quinhentos euros. Segundo o Público, o Ministério das Finanças, ao confrontar-se com o insólito desta situação, garantiu que “a Administração Fiscal actuou sempre dentro da legalidade e com o zelo e a prudência aconselhados pelas várias circunstâncias”. Augusta Duarte Martinho, assim se chamava a senhora, completaria 96 anos neste Fevereiro, mas estava morta desde 2002! Ali, no seu apartamento, no meio da turbulência da cidade!...
História exemplar que dará um bom filme. Um bom e tétrico filme! E um bom retrato do que vale hoje uma pessoa… Muito pouco ou nada, perante o cavalgar de uma civilização que vai matando o que pode haver de humanidade, que vai esquecendo que o ser pessoa devia ser o mais importante!
Triste sociedade, mais tristes tempos, deplorável onda de desumanidade! Tudo num tempo em que há “dia dos vizinhos”, “apoios à terceira idade”, discursos sobre a solidão, voluntariado, verificações e “provas de vida”! Tudo num tempo em que até o ser humano se torna ridículo!
“A velhice ridícula é, porventura, a mais triste e derradeira surpresa da natureza humana.” Disse-o Machado de Assis em 1881, quando escreveu a história de Brás Cubas. Não se aprendeu e chegou-se à morte ridícula!...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Pedro Tamen: uma entrevista de saber

É uma entrevista de sabedoria, de calma e de olhar crítico sobre o mundo aquela que Pedro Tamen deu a Carlos Vaz Marques, publicada na revista Ler deste mês (Lisboa: Fundação Círculo de Leitores, nº 99, Fevereiro de 2011). Ressalta a vida do poeta e também a vida do tradutor que Tamen é. E está ainda presente o olhar sobre um certo mundo literário, bem como o seu último livro, que entra pelos problemas da comunicação. Dessa entrevista saltam estes excertos:
* “As relações humanas não são um rio pacífico e sereno.”
* “Nós somos actores das nossas vidas e dialogamos com os actores que estão ao nosso lado mas nunca, até ao fim, é perfeitamente clara a relação que estabelecemos com os outros, com os comparsas, com os companheiros ou com as companheiras.”
* “A gente nunca aprende nada. O que o tempo e a vida fizeram foi permitir-me experimentar essas dificuldades [de comunicação] e fazer-me reflectir sobre elas, senti-las na pelo e tentar ultrapassá-las.”
* “Mesmo aqueles que a gente não pode definir como vaidosos descaem inevitavelmente para falar de si mesmos. As pessoas levam-se muito a sério.”
* “Os poetas, no seu reduto próprio de poetas, não são tipos normais. Em princípio, o poeta é aquele que vê um bocadinho mais do que os outros. Ou que, pelo menos, é capaz de exprimir coisas que vê e que os outros, mesmo quando vêem, não são capazes de formular. Estou a falar tanto dos poetas como dos artistas em geral: músicos, pintores, etc. A poesia é, para mim, um permanente arranhar o mundo, com unhas na cal, para tentar encontrar coisas que se pressentem por detrás do branco uniforme do mundo e da vida.”
* “As pessoas estão muito mais dispersas, cada vez tratam mais ou pensam mais em tratar das suas vidinhas.”
* “Há um endeusamento de falsos valores.”