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Está
anunciada para hoje a última emissão de "As escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa" na RTP 1. Mais uma vez, o programa de comentário político do professor Marcelo Rebelo de Sousa se torna notícia, desta vez mesmo antes de a emissão acontecer.
Louvado por uns, menos querido por outros, a verdade é que uns e outros o ouvem e comentam logo a seguir. Acho piada quando alguns comentadores vão falando na "homilia" ou nas "prédicas" de Marcelo, isto escrito com um ar de enfado ou de ironia, porque me parece que a fidelidade às ditas "homilias" ou "prédicas" ou o que lhe queiram chamar talvez comece logo nesses!
Não custa entender o porquê da fidelidade de tantos ouvintes relativamente aos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa, mesmo que não concordem com tudo. O poder de comunicação, a clareza do raciocínio, a simplicidade da linguagem, a credibilidade intelectual, tudo ajuda.
Não me esqueço do que, há cerca de dois anos, se passou na minha escola, quando, a propósito dos 50 anos da Comunidade Europeia, Marcelo Rebelo de Sousa veio para falar com os alunos do ensino secundário. Auditório cheio e, a cinco minutos do início, o professor telefona, dizendo que estava a sair de uma reunião na Universidade que fora marcada de urgência. Demoraria cerca de 50 minutos a chegar. Os alunos foram avisados e... não arredaram pé. Passado o tempo da viagem entre Lisboa e a minha escola - 45 minutos talvez -, o convidado chegou, cumprimentou e falou.
Toda a gente ficou a perceber a história da Europa em pouco mais de meia hora de comunicação. Depois, foram as perguntas. Que choveram, com Marcelo Rebelo de Sousa a sair do lugar reservado à mesa e a vir sentar-se na boca de palco, mais próximo. Os alunos perguntaram sobre política, sobre educação, sobre juventude, sobre o futuro, que línguas deveriam estudar, que cursos deveriam seguir, quase como se estivessem a trocar impressões entre eles ou com alguém que lhes fosse familiar. E Marcelo Rebelo de Sousa respondeu a tudo. Aconselhou, recomendou, comentou, ensinou, despertou.
Quase duas horas tinham passado e ninguém queria sair, apesar de a hora dos autocarros para os alunos regressarem a casa estar a cair. "Bom, já sei, vocês têm que ir embora, mas não querem ir sem uma fotografia comigo, não é? Vamos lá a isso!" E uns quantos, muitos, chegaram ao palco e deixaram-se fotografar com o professor. Depois, começaram a sair. Por vários dias, foram falando daquele encontro e da facilidade com que tudo tinha acontecido, incluindo a compreensão da história da Europa económica e política.
Que dúvidas pode haver quanto à facilidade com que este cativar se exerce, mesmo na televisão?