Na colecção “Edição Especial Viagens”, a National Geographic publicou o título Jóias do Passado em Portugal, obra que reúne 51 propostas de visitas a esse passado em 160 páginas assinadas por um leque de 16 autores.
Organizada em seis partes - “Pré-História”, “Idade dos Metais”, “Mundo Romano”, “Mundo Pós-Romano”, “Antes da Nacionalidade” e “Museus Inesperados” -, esta revista propõe quatro visitas no distrito de Setúbal: Quinta do Anjo (Palmela), Alcácer do Sal, Tróia (Grândola) e Miróbriga (Santiago do Cacém).
Os hipogeus (monumentos funerários do final do Neolítico) de Quinta do Anjo, escavados pela primeira vez em 1876 por António Mendes, são abordados no primeiro capítulo, em texto subscrito por Paulo Rolão - “este conjunto tumular, constituído por quatro hipogeus, é único no território nacional” e as construções “obedecem à arquitectura característica deste tipo de sepultamento, com topo aplanado, uma câmara subcircular dotada de abóbada com clarabóia superior central, antecâmara de planta ovalada e um corredor estreito com sentido descendente para a entrada da câmara”.
Já no segundo capítulo, é apresentado o recém-inaugurado Museu Pedro Nunes, em Alcácer do Sal, espaço que deve o seu nome a “um dos maiores matemáticos de todos os tempos” nascido naquela cidade. Pedro Sobral Carvalho garante que esta valência “é um daqueles espaços onde nos orgulhamos do nosso passado, onde todos nós, mesmo não sendo de Alcácer do Sal, sentimos e percebemos o que somos como povo e como país”.
As ruínas de Tróia integram a terceira parte, sendo consideradas por Inês Vaz Pinto “o maior centro de produção de salgas de peixe do Império Romano” - no que ainda existe, são identificáveis 29 oficinas de salga e cerca de 180 tanques, pensando-se que o enchimento destes tanques levaria 700 toneladas de peixe e 300 toneladas de sal, dados que conferem a este antigo povoado o estatuto de importante “motor económico do baixo vale do Sado” e ponto fulcral no desenvolvimento do Império.
Finalmente, a região de Santiago do Cacém surge pelo espaço das ruínas de Miróbriga, também incluída na terceira parte, referindo Filomena Barata tratar-se de complexo urbano que se estenderia até 9 hectares e que incluía um hipódromo, identificado em 1949, “raridade no contexto da Lusitânia”, com as dimensões de 359 metros de comprimento por 77,5 metros de largura.
Dirigida ao grande público, esta edição de Jóias do Passado em Portugal constitui uma acessível listagem de pontos relevantes da História de sítios que vieram a ser Portugal, com documentação fotográfica que passa também pela reconstituição dos espaços abordados.
1 comentário:
Muito bom, João. Obrigado pela síntese apelativa.
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