terça-feira, 9 de maio de 2017

Memória: Baptista-Bastos (1934-2017)



Morreu Baptista-Bastos. Recordo o jornalista, o escritor, o crítico. E aquela célebre frase que lhe é devida: “onde estavas no 25 de Abril?”, pergunta que é mais do que a curiosidade porque é uma forma de comprometer o indivíduo com a História.

Estive com ele três vezes, a última das quais em Novembro de 2007, há uma década, portanto. Apresentava-se em Palmela a sua obra As Bicicletas em Setembro e fui convidado para fazer essa apresentação. Recordo o tom afável com que, no final, me agradeceu a minha “leitura atenta e generosa” e a simpatia com que fez questão de registar esse testemunho na dedicatória. Eu é que lhe fiquei grato, claro!
E recordo também a alegria e a convicção que punha nas palavras. Há uma frase sua, num texto de cariz autobiográfico, em que, ao falar da sua experiência jornalística, diz: “Andei pelo mundo a ver como o mundo andava.” A frase não está completa, porque a terminação é a seguinte: “E cheguei à conclusão de que o mundo não tem emenda.” Saiu de cena com esta amargura, por certo. Mas, em cena, ficam os seus textos, os seus testemunhos, a sua experiência. Que temos de agradecer.

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