"Afonso ainda ia longe, como ele dizia, de ser um velho borralheiro. Naquela idade, de verão ou de inverno, ao romper do sol, estava a pé, saindo logo para a quinta, depois da sua boa oração da manhã que era um grande mergulho na água fria. Sempre tivera o amor supersticioso da água; e costumava dizer que nada havia melhor para o homem - que sabor de água, som de água e vista de água. O que o prendera mais a Santa Olávia fora a sua grande riqueza de águas vivas, nascentes, repuxos, tranquilo espelhar de águas paradas, fresco murmúrio de águas regantes... E a esta viva tonificação da água atribuía ele o ter vindo assim, desde o começo do século, sem uma dor e sem uma doença, mantendo a rica tradição de saúde da sua família, duro, resistente aos desgostos e anos - que passavam por ele tão em vão, como passavam em vão, pelos seus robles de Santa Olávia, anos e vendavais."
Lembrar-se-á o leitor desta personagem, Afonso da Maia de seu nome, figura carismática do romance Os Maias, de Eça de Queirós, cuja primeira edição apareceu em 1888... Pois bem, Afonso, se real fosse e se ainda hoje vivesse, celebraria com garra este Dia Mundial da Água. Bendito Afonso! Sagaz Eça!
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