Vai ser a IV edição da Arruada de Livros, organizada pela livraria independente Culsete, em Setúbal. Com animação, leituras, palestras... Para já, o programa da abertura do dia 1 de Julho, com o Grupo "Água de Beber". Depois, é para continuar! Forma agradável de levar os livros aos leitores e os leitores até aos livros. A participar!
quarta-feira, 29 de junho de 2016
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Golfinho Parade II, em Setúbal
Cinco anos depois, a Golfinho Parade voltou a Setúbal. Foi em 2011 que se realizou a exposição de golfinhos decorados junto a uma das docas de Setúbal (Doca dos Pescadores). Por lá ficaram a saltar e a gracejar esses golfinhos durante cinco anos. Agora, nova leva de golfinhos invadiu a doca, exposição inaugurada há dias. Aqui ficam as imagens do novo grupo de 20 roazes, decorados com a colaboração de escolas e artistas de Setúbal.
Música
Inês Teixeira - 6º ano
Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi
Poema com Música
Joana Fernandes Soromenho, Mariana Nogueira de Sousa
Escola Secundária D. Manuel Martins
Filigrana Portuguesa
Lara Landim
Agrupamento de Escolas Ordem de Santiago
A pena de Bocage
Sandra Costa, Catarina Domingues, Diana Dias, Bruna Cruz,
Tatiana Chão, Liliana Marques
Escola Profissional Cristóvão Colombo
Amizade
EB 1 / JI Azeda, sala 2
Flash de cores
Beatriz Guerreiro - 6º ano
Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi
O nosso coração tem arte
Sala dos Golfinhos - Centro Paroquial Nossa Senhora da Anunciada - JI A Nuvem
Cyborg Dolphin
Miguel Gracinhas
Agrupamento de Escolas Ordem de Santiago
Aves do Sado
Diogo de Matos - 4º ano
Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi
Este golfinho ama Setúbal, e você?
Carlos Pereira da Silva
Vejo da minha janela
Ana Gabriela Conceição, Inês Conceição
Criatura do Sado
Carolina Pilão - 6º ano
Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi
Espaços negativos
Slopes
Os golfinhos e a serra da Arrábida
Alice Batel, João Vasco Bordeira
Centro Paroquial Nossa Senhora da Anunciada - JI Aquário
O Aquário
Turma 25 - 4º ano
Profs. António José Borreicho, Vanda e Sílvia Martinez
Agrupamento de Escolas Ordem de Santiago - EB 1 / JI nº 5
Metamorfose
Leandro Costa
Agrupamento de Escolas Ordem de Santiago
Sereias do Sado
Bernardo Matos, Joana Fernandes, Paula Pilar, João Couto
Escola Secundária D. Manuel Martins
Golfinho colorido
Turma 24 - 4º ano
Profs. Ana Borreicho, Vanda e Sílvia Martinez
Agrupamento de Escolas Ordem de Santiago - EB 1 / JI nº 5
Natureza VS Máquina
Maria da Conceição Pereira, Pedro Alexandre Robalo
Escola Secundária D. Manuel Martins
Cidade de Setúbal
Carolina Macedo, Alexandra Amaro, Daniela Correia, Tiago Correia, Céu Campos, Carla Carvalho
Clube de Jovens da Cáritas Diocesana de Setúbal
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quarta-feira, 22 de junho de 2016
Sobre "Pedro, Pescador de baleias", de Kingston
Data
de 1851 a publicação de Pedro, pescador
de baleias, do inglês William Henry Gilles Kingston (1814-1880), que chegou
a viver em Portugal, no Porto, onde seu pai era comerciante, que escreveu sobre
Portugal (Lusitanian sketches of the pen
and pencil, 1845) e obteve reconhecimento por parte do governo português.
Cerca de um século depois da edição do livro, a colecção “Biblioteca dos
Rapazes”, criada pela editora Portugália, era enriquecida com este título (nº
7), em tradução devida a Ricardo A. Fernandes, ainda que com a indicação de não
se tratar da edição integral.
O
título da colecção (em que surgiram clássicos como Cervantes, Cooper, Defoe, Gautier,
Melville, Stevenson, Swift ou Twain) é significativo da época (década de 1940),
mas o conjunto das obras dadas a conhecer é também elucidativo quanto ao género
de livros divulgados – narrativas em que a aventura era a condição necessária e
em que o herói se impunha.
Assim
acontece com a personagem Pedro, jovem que, por ter sido apanhado a caçar em
propriedade privada, é obrigado a partir para o estrangeiro, forma de o crime
lhe ser perdoado. Neste primeiro episódio da caça percebe o leitor que o
protagonista, que também é narrador das suas façanhas, é amante do risco (“seduzia-me
a ideia do perigo”) e, depois, quando o castigo de partir para a América lhe é
imposto, aceita-o com uma justificação de todo aventureira – “A vida de
marinheiro, se é certo o que dela tenho ouvido, deve agradar-me.” Obviamente,
não era uma vida fácil.
Fica,
no entanto, como marca menos positiva, o sofrimento devido ao afastamento da
família, registo que servirá para acentuar também o tom moralista que povoa a
história, vivida “por longos e penosos anos” – “Escrevo para uma maioria feliz
dos meus leitores; alguns serão menos afortunados e merecem de facto a simpatia
de todos os outros. Enquanto puderdes, acarinhai o vosso lar; vereis como, à
distância, nas horas de saudade, a simples recordação da vossa casa será como
um oásis verdejante no árido deserto da vida, porque, como diz a velha canção,
não há lugar de maior encanto do que o nosso lar…”.
Filho
de clérigo que exercia a sua função no sul da Irlanda, Pedro parte para Dublin
e dali para Liverpool, âncora de onde sairá para o mundo e para a aventura que
compõe o livro. A sua vida vai ser, sobretudo, de marinheiro a bordo de vários
navios: o “Cisne Preto”, onde começa a prender a arte de marear, que se
incendiará na viagem rumo à América; o “Mary”, que o resgata, pertencente ao
capitão Dean, pai da rapariga que dá o nome ao barco e por quem Pedro se
apaixona; o “Espuma”, barco de piratas, marinhagem com quem Pedro tem de
conviver e cujo estatuto tem de adquirir para sobreviver; o “Neptuno”, da
marinha americana, que luta contra a pirataria e o socorre; o “Pocahuntas”,
corveta que naufragará contra um icebergue; o “Shetland Maid”, baleeiro que o
salva mas que acaba por perder numa caça à baleia, tendo sido Pedro e alguns
dos seus companheiros dados como mortos; o “St. Jean”, que o recupera na safra
seguinte e o traz de volta à Irlanda.
No
decurso de um trajecto que demorou anos, Pedro circulou pela América e pelas
terras do Árctico, conviveu com vários grupos de marinheiros e viveu durante
uma temporada longa com esquimós, tendo-se adaptado a diversos ambientes, em
todos eles sendo protagonista, contando sempre com um grupo reduzido de amigos,
que se foi tornando mais pequeno à medida que os acidentes foram ocorrendo.
Evidente
para o leitor é a simpatia de Pedro por valores humanistas como a
solidariedade, a amizade, o respeito pelo outro, assim como se torna visível a
sua repulsa por algo que contrarie estes mesmos valores – prova máxima desta
rejeição é verificada no tempo em que tem de conviver e participar no barco de
piratas, ambiente que suporta por sobrevivência, mas que não perfilha e que
acaba por ajudar a destruir, onde encontrará um João Pinto, “português de
nascimento, se bem que afirmasse ser americano e falasse bem o inglês”, amante
de bebida, que Pedro acabará por embriagar para tentar salvar o capitão Dean e
a sua filha, Mary, cujo barco fora assaltado pelos corsários.
A
história é muito mais de acção do que de revelação dos mundos que vai
conhecendo – “É meu objectivo descrever os factos que ocorreram na minha
mocidade, mais do que as paisagens que meus olhos puderam admirar”, diz. Ainda
assim, a vida que lhe merece mais longa descrição é a do tempo que passou com
os esquimós, em que são descritos hábitos, formas de viver, maneiras de
construir abrigo, tudo num ritmo que acompanha a própria aprendizagem que Pedro
e os seus poucos companheiros tiveram de fazer para sobreviver no meio do gelo
durante uns meses. Preocupação do narrador é o relato do que se passou no mar,
com os pormenores dos acidentes, das dificuldades e da forma de as ultrapassar,
percurso lento para a construção do herói, várias vezes dando nota ao leitor
dessa sua preocupação – “Desculpem-me os leitores se fui breve na descrição dos
factos passados em terra; mas lembrem-se de que estou a narrar as minhas
aventuras marítimas”.
O
herói regressa a casa, na Irlanda, passados anos, sob um ar tão miserável que
nem as pessoas que lhe eram mais próximas o reconhecem, pois o davam como
morto, acreditando que se tinha perdido “nos Mares do Norte havia cerca de um
ano”. Tal como Ulisses, o herói será mais facilmente reconhecido pelos seus
antigos cães do que pelas pessoas…
Contudo,
o final é feliz e há o reencontro de Pedro com a família e com os seus amigos
Dean e Mary. Está a história pronta para finalizar, pois o que poderia
acontecer a seguir era óbvio e, por isso, o narrador dirá: “Não vale a pena
enfastiar o leitor, contando-lhe o que foi a minha vida subsequente”. Há, no entanto,
uma derradeira mensagem de teor moralista, quando Pedro diz ao pai: “Eu volto
imensamente mais rico. Aprendi a temer a Deus, a venerá-lo nas suas obras e a
confiar na sua infinita misericórdia. Também aprendi a conhecer-me a mim
próprio e a seguir os conselhos de todos aqueles que me ensinam a praticar o
bem.” Perante tal confissão e reconhecimento, a última intervenção no livro
pertence ao pai de Pedro, que, como clérigo e habituado ao discurso em torno
dos exemplos, exclama: “Nesse caso, sinto-me imensamente feliz com a tua
riqueza espiritual e espero que os outros saibam extrair uma lição proveitosa
das aventuras de Pedro, pescador de baleias.”
Económico
na descrição, farto na acção e na forma de vencer o perigo que está sempre a
rondar o herói, este Pedro, Pescador de
baleias entusiasma por esse lado aventureiro em que a adversidade (mesmo
aquela que é propositadamente provocada pelos homens) é continuamente vencida pela tenacidade e pela crença na possibilidade
que é o ser humano, sempre num equilíbrio com a Natureza e com os outros,
sempre com um esgar que se debruça sobre a necessidade de aprender e sobre a
fragilidade que a vida é, nunca fechando a porta aos outros.
Sublinhados
Destino – “As coisas acontecem pelo melhor, mesmo quando
parecem resolver-se num pleno fiasco.”
Emigração – “Apesar das dificuldades, a emigração continuará a
fluir; mas dependerá de todos nós o ser ela uma maldição ou uma bênção para
aqueles que partem; de nós dependerá ainda o gravar-se para sempre, no coração
dos emigrantes, um sentimento ou de aversão ou de amor pela pátria que
abandonam.”
Esperança – “A esperança não deve ir ao ponto de nos ocultar a
verdade dos factos.”
Mal – “Quando a gente procura razões para cometer uma acção má, os piores
argumentos são muitas vezes utilizados para servir esse fim.”
Mal – “Quando não puderes remediar o teu mal, arreganha os dentes e
suporta-o; mas, se podes safar-te dele, nesse caso atira-te corajosamente para
diante até te libertares.”
Mulher – “Onde existe doença e miséria, aí encontraremos mãos delicadas de
mulher a cuidar de quem sofre.”
Paisagem – “Não são os panoramas exteriores que dão satisfação
e felicidade ao homem, mas sim o que reside dentro dele, a consciência e o
sentimento.”
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