Diário da Auto-Estima – 66
Espaços – Há cerca de duas semanas, em jeito de inquérito para a rubrica “Férias dos Famosos”, o jornal O Setubalense publicou as respostas da Presidente da Câmara de Setúbal. Ao referir-se àquilo que “Setúbal não tem e deveria ter”, a autarca mencionou, entre outras coisas, uma “grande superfície comercial”. Não sei que conceito subjaz a esta ideia, mas, se for o de uma superfície igual a tantas outras que por aí pululam, creio que o ganho e a vantagem serão escassos. Muita gente vai à “grande superfície comercial” que existe em Almada, mas não vai a Almada; aliás, o comércio em Almada parece não ter lucrado nada com o facto de muita mais gente acorrer para aquelas bandas. O mesmo me disseram que se passa em relação ao Montijo. O que me admira é que esta febre de consumo seja considerada uma prioridade para Setúbal, uma vez que o interesse imediato da tal “grande superfície” não é o regional, muito menos o local, mas a regra do lucro, que, não sendo um pecado, nem sempre é a mais conveniente. Recorde-se, aliás, o argumento que, há poucos meses, uma cadeia de distribuição das “grandes superfícies” usou para pressionar quanto à abertura desses espaços nas tardes de domingo – a liberdade que cada um poderia ter de ir comprar onde lhe apetecesse! Ironia, claro! Joga-se com a nossa “liberdade” para satisfazer uma pretensão que se sabe não colher graças. Aqui mesmo ao lado, em Espanha, quando quis ir a uma “grande superfície comercial” num domingo, confrontei-me com o seu encerramento com excepção das áreas dos cinemas e da restauração; países com melhor nível e qualidade de vida do que nós, na Europa a que pertencemos, não integram “grandes superfícies” nos centros comerciais e estes encerram às 19h00, com excepção de um dia na semana, em que o podem fazer às 21h00. Por cá, pensa-se na exploração do consumidor, ainda que usando, por vezes, também o argumento da criação de postos de trabalho… valendo a pena pensar também em quantos postos de trabalho desapareceram por causa desta filosofia comercial. Duvido frequentemente da marca de bem-estar atribuída às “grandes superfícies comerciais”…
Blogues – Durante as férias recebi uma mensagem com o endereço de um blogue e um anúncio que dizia estar o mesmo “a agitar Setúbal”. Consultei, li e não gostei, sobretudo pela forma como as coisas ali são ditas (com recurso à degradação da honra e da imagem dos visados, ao insulto, a uma linguagem por vezes baixa e soez) e também pelo anonimato a coberto de que as afirmações são feitas, estando o leitor quase perante um julgamento na praça pública. Os alvos são autarcas da cidade, mas nada impede que, com esta falta de regras, possam ser outros cidadãos. Na sequência desse blogue já houve inquérito na autarquia. Os blogues têm sido um marcado espaço de opinião, de informação, de aprendizagem e de cidadania, sendo pena que, a troco do insulto (irrisório e vão lucro, com deficiente sentido do que é estar no mundo!), sirvam também para albergar todo o contrário disso. Os blogues são também o retrato da sociedade em que estamos e daqueles com quem nos cruzamos, hipótese aqui reforçada pela desconfiança gerada quanto às fontes que se aquartelam atrás do anonimato… O facto de se poder recorrer à Internet sob forma anónima dará o direito de se poder violar os direitos dos outros?
Blogues – Durante as férias recebi uma mensagem com o endereço de um blogue e um anúncio que dizia estar o mesmo “a agitar Setúbal”. Consultei, li e não gostei, sobretudo pela forma como as coisas ali são ditas (com recurso à degradação da honra e da imagem dos visados, ao insulto, a uma linguagem por vezes baixa e soez) e também pelo anonimato a coberto de que as afirmações são feitas, estando o leitor quase perante um julgamento na praça pública. Os alvos são autarcas da cidade, mas nada impede que, com esta falta de regras, possam ser outros cidadãos. Na sequência desse blogue já houve inquérito na autarquia. Os blogues têm sido um marcado espaço de opinião, de informação, de aprendizagem e de cidadania, sendo pena que, a troco do insulto (irrisório e vão lucro, com deficiente sentido do que é estar no mundo!), sirvam também para albergar todo o contrário disso. Os blogues são também o retrato da sociedade em que estamos e daqueles com quem nos cruzamos, hipótese aqui reforçada pela desconfiança gerada quanto às fontes que se aquartelam atrás do anonimato… O facto de se poder recorrer à Internet sob forma anónima dará o direito de se poder violar os direitos dos outros?
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