Miguel de Castro, pseudónimo de Jasmim Rodrigues da Silva, é um grande poeta. Quem o "descobriu" foi Sebastião da Gama. A sua poesia foi "lida" por David Mourão-Ferreira, Fernando J. B. Martinho e outros. Partiu há tempos, mas deixou-nos obra de qualidade, construída no seu atelier de poeta. Nem todos os livros estão disponíveis; estarão, um dia. Para já, o leitor vai poder apreciar Miguel de Castro em "site" que José Teófilo Duarte lhe dedicou. E fica a certeza de um encontro com poesia, com "a" poesia. Para a agenda.
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quinta-feira, 12 de setembro de 2013
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
"Setúbal na rede", 12 anos
Em 5 de Janeiro de 1998, as notícias que abriram o Setubalnarede foram, por ordem de aparecimento: “Bispo de Setúbal acredita no triunfo da verdade”, “PS ganha terreno no distrito de Setúbal”, “Governador Civil privilegia a área do social”, “Mata Cáceres admite culpas e promete mais trabalho”, “Rádios de Setúbal com défice de rigor informativo”, “Trabalhadores da Sodia querem respostas do Governo”, “Principais acontecimentos de 1997”, “O Senhor Povo decidiu: E agora, Mata Cáceres?”, “Sonae tem caminho aberto” e “Banco Essi já apresentou proposta”. Trocando por miúdos, o Bispo de Setúbal era D. Manuel Martins; as eleições autárquicas tinham levado os socialistas ao poder nos concelhos de Montijo e de Sesimbra; o Governador Civil era Alberto Antunes; Mata Cáceres era eleito presidente da Câmara de Setúbal pela quarta vez, mas perdendo a maioria absoluta no executivo; várias rádios sadinas estavam na mira dos socialistas por, alegadamente, os terem difamado; trezentos funcionários da Sodia/Renault estavam apreensivos porque Março se aproximava e a linha de montagem do Clio terminaria nessa altura; surgia a retrospectiva do que fora o ano de 1997; o jornalista Rogério Severino opinava sobre a descida de resultados protagonizada por Mata Cáceres; o Banco Essi deixava a corrida sobre a Torralta, agora a favor da Sonae, e virava-se para a SAD vitoriana.
Uma dúzia de anos passa hoje sobre estes relatos e todos nos lembramos destes protagonistas e destas histórias. Muitos as poderiam contar, mas a memória delas chega-nos através do jornal digital Setubalnarede (www.setubalnarede.pt), que obteve o Prémio Gazeta da Imprensa Regional em 1999. Momentos altos, outros nem por isso, tempos de muita informação, outros assim-assim, fábrica de sonhos e de projectos, o Setubalnarede cedo se impôs como uma referência, num tempo em que os blogues não tinham significado e em que a difusão noticiosa via net começava a entusiasmar as massas. Recordo um projecto bem interessante como Memórias da Revolução no distrito de Setúbal 25 anos depois, obra em dois volumes (Setúbal: Setubalnarede, 2001-2002), organizada por Pedro Brinca e Etelvina Baía, reunindo cerca de uma centena de entrevistas a protagonistas dessa época, espaço de encontro de nomes como Carlos Beato, Cristina Rocha Neto, Isabel Guerra, Joaquim Pires, Machado Luciano, Francisco Lobo, Regina Marques, João Aldeia, Jaime Graça, Orlando Curto, Odete Santos, Carlos César, Vasco Lourenço, José Rebelo, Dimas Pereira ou Fernando Cardoso Ferreira, entre muitos outros citáveis e justificáveis. Textos de comentário para essa obra escreveram Vítor Alves, Ramalho Eanes e Otelo Saraiva de Carvalho e o jornalista Adelino Gomes dedicou ao primeiro volume uma página no Público. Recordo a iniciativa da tertúlia bocagiana que tem acontecido há vários anos na noite de 14 para 15 de Setembro, devida ao jornal. Recordo o trabalho de maratona que foi o vasto conjunto de entrevistas a autarcas e a candidatos a autarcas a propósito das últimas eleições autárquicas.
Uma dúzia de anos. E de trabalhos. De notícias. De intervenção. Um tempo para não esquecer, de serviço para a comunidade, para a cidadania.
Uma dúzia de anos passa hoje sobre estes relatos e todos nos lembramos destes protagonistas e destas histórias. Muitos as poderiam contar, mas a memória delas chega-nos através do jornal digital Setubalnarede (www.setubalnarede.pt), que obteve o Prémio Gazeta da Imprensa Regional em 1999. Momentos altos, outros nem por isso, tempos de muita informação, outros assim-assim, fábrica de sonhos e de projectos, o Setubalnarede cedo se impôs como uma referência, num tempo em que os blogues não tinham significado e em que a difusão noticiosa via net começava a entusiasmar as massas. Recordo um projecto bem interessante como Memórias da Revolução no distrito de Setúbal 25 anos depois, obra em dois volumes (Setúbal: Setubalnarede, 2001-2002), organizada por Pedro Brinca e Etelvina Baía, reunindo cerca de uma centena de entrevistas a protagonistas dessa época, espaço de encontro de nomes como Carlos Beato, Cristina Rocha Neto, Isabel Guerra, Joaquim Pires, Machado Luciano, Francisco Lobo, Regina Marques, João Aldeia, Jaime Graça, Orlando Curto, Odete Santos, Carlos César, Vasco Lourenço, José Rebelo, Dimas Pereira ou Fernando Cardoso Ferreira, entre muitos outros citáveis e justificáveis. Textos de comentário para essa obra escreveram Vítor Alves, Ramalho Eanes e Otelo Saraiva de Carvalho e o jornalista Adelino Gomes dedicou ao primeiro volume uma página no Público. Recordo a iniciativa da tertúlia bocagiana que tem acontecido há vários anos na noite de 14 para 15 de Setembro, devida ao jornal. Recordo o trabalho de maratona que foi o vasto conjunto de entrevistas a autarcas e a candidatos a autarcas a propósito das últimas eleições autárquicas.
Uma dúzia de anos. E de trabalhos. De notícias. De intervenção. Um tempo para não esquecer, de serviço para a comunidade, para a cidadania.
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terça-feira, 31 de março de 2009
A propósito da língua portuguesa na net...
Mais Twitter, menos Camões
«(…) Soube-se na semana passada que os britânicos estão a estudar uma reforma do ensino primário que acentua o foco na aprendizagem das novas tecnologias, em particular das redes sociais da Internet, em detrimento dos velhos saberes convencionais. (…) Se me permitirem transferir livremente esta ideia para o universo português, poderíamos dizer por exemplo mais Wikipédia, menos Luís de Camões. É uma ideia potencialmente chocante. Perdida há muito a esperança de ver os jovens aprender a contar as sílabas dos versos alexandrinos - desde o meu tempo e isso foi muito antes de haver Internet -, não parece que o futuro vá passar pela conversão das 12 sílabas dos versos alexandrinos nos 140 caracteres que as mensagens no Twitter não podem ultrapassar.
A ideia dos britânicos faz todo o sentido. E devia fazer pensar este nosso Governo português que só no século XXI descobriu a importância estratégica da tecnologia. Não é mau darmos tecnologia às pessoas, no limite mesmo se implique o folclore deprimente do "computador português", herdeiro moderno do artista português dos antigos anúncios da pasta medicinal Couto (palavras para quê?). O que os trabalhistas britânicos nos estão a dizer é que dar tecnologia não basta, é preciso dar ferramentas às pessoas que lhes permitam usar a tecnologia.
É escusado ter dúvidas. A Internet não é a primeira revolução mediática da história. O livro, o jornal, a rádio e a televisão, todos eles, desde o século XV até aos nossos dias, mudaram a nossa forma de comunicar, interferiram no modo como nos organizamos e afectaram a nossa relação com a política. Mas esta revolução é um bocadinho mais acelerada do que as anteriores. Hoje em dia, todos os dias são ontem.
Então, nada melhor do que começar a partir da escola a familiarizar os miúdos com o ambiente em que vão crescer, socializar-se, arranjar emprego, informar-se e aprender.
Mas não deixou de fazer sentido continuarmos a querer saber de Luís de Camões. A Internet é uma extraordinária ferramenta de conhecimento, mesmo se no universo da Web 2.0 a vertente comunicacional esteja francamente inflacionada. Mas não deixou por isso de ser um enorme armazém de conhecimento e de informação. Com riscos, mas enorme. E com vantagens únicas. E não é por causa dos 140 caracteres do Twitter que o ensino deixou de ser eficaz a explicar-nos a importância das 12 sílabas dos versos alexandrinos.
Um ponto de partida para ligar as duas coisas era perguntar porque não nos indignamos todos os dias com a escassez de conteúdos em português na Wikipédia e na Internet de um modo geral. Uma política da língua e uma política de cultura sérias implicam um investimento estratégico na qualidade e na quantidade desses conteúdos. Dão-se máquinas aos estudantes para acederem à Net, mas não nos preocupamos em produzir para a Web informação relevante para esses alunos. Porque é que tem que ser mais fácil encontrar online dados sobre a história da América do que sobre a história de Portugal? Porque é que a informação na Internet se tornou um assunto dos brasileiros em que os utentes europeus do português são marginais? Ressalvadas as devidas proporções de uns e de outro, a experiência do dia-a-dia mostra claramente as limitações da nossa produção de conteúdos. É só precisar de fazer uma pesquisa para perceber a diferença. Nestes tempos em que se volta a falar da cultura como arma económica contra a crise, passar o paradigma da nossa estratégia para a Internet das máquinas para os conteúdos era uma boa descoberta. Valia um Magalhães.»
A ideia dos britânicos faz todo o sentido. E devia fazer pensar este nosso Governo português que só no século XXI descobriu a importância estratégica da tecnologia. Não é mau darmos tecnologia às pessoas, no limite mesmo se implique o folclore deprimente do "computador português", herdeiro moderno do artista português dos antigos anúncios da pasta medicinal Couto (palavras para quê?). O que os trabalhistas britânicos nos estão a dizer é que dar tecnologia não basta, é preciso dar ferramentas às pessoas que lhes permitam usar a tecnologia.
É escusado ter dúvidas. A Internet não é a primeira revolução mediática da história. O livro, o jornal, a rádio e a televisão, todos eles, desde o século XV até aos nossos dias, mudaram a nossa forma de comunicar, interferiram no modo como nos organizamos e afectaram a nossa relação com a política. Mas esta revolução é um bocadinho mais acelerada do que as anteriores. Hoje em dia, todos os dias são ontem.
Então, nada melhor do que começar a partir da escola a familiarizar os miúdos com o ambiente em que vão crescer, socializar-se, arranjar emprego, informar-se e aprender.
Mas não deixou de fazer sentido continuarmos a querer saber de Luís de Camões. A Internet é uma extraordinária ferramenta de conhecimento, mesmo se no universo da Web 2.0 a vertente comunicacional esteja francamente inflacionada. Mas não deixou por isso de ser um enorme armazém de conhecimento e de informação. Com riscos, mas enorme. E com vantagens únicas. E não é por causa dos 140 caracteres do Twitter que o ensino deixou de ser eficaz a explicar-nos a importância das 12 sílabas dos versos alexandrinos.
Um ponto de partida para ligar as duas coisas era perguntar porque não nos indignamos todos os dias com a escassez de conteúdos em português na Wikipédia e na Internet de um modo geral. Uma política da língua e uma política de cultura sérias implicam um investimento estratégico na qualidade e na quantidade desses conteúdos. Dão-se máquinas aos estudantes para acederem à Net, mas não nos preocupamos em produzir para a Web informação relevante para esses alunos. Porque é que tem que ser mais fácil encontrar online dados sobre a história da América do que sobre a história de Portugal? Porque é que a informação na Internet se tornou um assunto dos brasileiros em que os utentes europeus do português são marginais? Ressalvadas as devidas proporções de uns e de outro, a experiência do dia-a-dia mostra claramente as limitações da nossa produção de conteúdos. É só precisar de fazer uma pesquisa para perceber a diferença. Nestes tempos em que se volta a falar da cultura como arma económica contra a crise, passar o paradigma da nossa estratégia para a Internet das máquinas para os conteúdos era uma boa descoberta. Valia um Magalhães.»
Miguel Gaspar. "Mais twitter, menos Camões". Público: 31.03.2009.
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