Mostrar mensagens com a etiqueta Alexandre Santos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Alexandre Santos. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Para a agenda: Nos 91 anos de Sebastião da Gama



Em 10 de Abril, passam 91 anos sobre o nascimento de Sebastião da Gama, poeta nascido em Azeitão em 1924, com um período de vida que não chegou aos 28 anos e que deixou uma obra reconhecida no domínio da poesia, da pedagogia e do ensaio, apesar de apenas ter publicado três livros e uns quantos poemas em periódicos diversos. A sua obra viria a ganhar projecção postumamente, tendo sido publicados cerca de uma dúzia de títulos, reconhecimento a que não foi alheia a acção desenvolvida por sua mulher, Joana Luísa da Gama (1923-2014), e por vários amigos (como David Mourão-Ferreira, António Manuel Couto Viana, Luís Lindley Cintra, Hernâni Cidade, Matilde Rosa Araújo ou Luís Amaro). Pela pluralidade da sua obra e pela mensagem que transmite, Sebastião da Gama é hoje uma figura da cultura portuguesa, sobretudo nas áreas da literatura e da educação.
Em 10 e 11 de Abril, em Azeitão, será levado a cabo programa comemorativo a cargo da Câmara Municipal de Setúbal, que inclui como pontos altos a leitura de poemas, uma exposição que cruza a poesia do homenageado com a serra da Arrábida e com a fotografia de Maurício Abreu e uma conferência por Alexandre Santos, estudioso do poeta.
[Foto: sítio da Câmara Municipal de Setúbal]

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Associação Cultural Sebastião da Gama - Boletim nº 6

Saiu o nº 6 do Boletim Informativo da Associação Cultural Sebastião da Gama. Conteúdos: “O Diário tem 60 anos”, “Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama 2009”, “Serra-Mãe oferecida a alunos”, “Monumento a Sebastião da Gama em Azeitão vai ter preservação”, “Sebastião da Gama estudado por Alexandre Santos" (com intervenções de D. Carlos Azevedo, José Eduardo Franco e João Reis Ribeiro), “Uma medalha para Sebastião”, “Pintores homenageiam Sebastião da Gama”, “Assinalados os 60 anos do Diário” e “Algumas achegas muito avulsas para a bibliografia (activa e passiva) de Sebastião da Gama (1)” (por Luís Amaro). São oito páginas de informação sobre a vida da Associação e sobre o seu patrono.
Pode ser pedido directamente para a Associação ou para o e-mail que figura ali em cima.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Hoje, no "Correio de Setúbal"

Diário da Auto-Estima – 92
Escola – As recentes negociações entre o Ministério da Educação e a Plataforma Sindical pautaram-se pela desconfiança. E, enquanto tal, tiveram o resultado que mereciam: o peso da irredutibilidade, da obstinação e da teimosia, com resultado de empate. Era esperado mais de parte a parte – pelo respeito que deveriam merecer a Escola, a sociedade, os alunos e os professores. A presença no(s) poder(es) não pode ser a justificação para todos os fins. E a verdade, como disse recentemente Licínio Lima, é que, em educação, a pedagogia foi substituída pela economia. A semelhança está apenas na rima. É quase certo que, no futuro, ambas vão perder por causa desta confusão. Mas todos perderemos muito mais do que elas. Se me estiver a enganar, ficarei feliz…
Deputados – Haverá ainda algo para dizer sobre aquela cena maquiavélica que se passou na Assembleia da República quanto à presença ou ausência de deputados, voltada a notar porque uma votação que parecia ser escaldante volveu votação vencida? Haverá ainda algo a dizer sobre a sugestão de que a sexta-feira fosse libertada do trabalho dos deputados? Não podemos estar a ver o trabalho no Parlamento como uma coisa de somenos, como algo que soa a jogo combinado. Que interesse terão os cidadãos em aproximar-se dos políticos se as políticas andam distantes, se as aprovações parlamentares mais fazem lembrar estratégias do que convicções? E o pior é que o sistema se reproduz – quantas vezes se vê, em sessões públicas, alguns dos intervenientes a sair da sala no momento das votações, só para que o seu nome não lhes esteja associado? Creio que não é para isto que se vota…
Sebastião da Gama – O poeta da Arrábida tem um estudo que merecia e que já aqui sugeri na última crónica. Sebastião da Gama - Milagre de vida em busca do Eterno é o título de que se fala, devido a Alexandre Santos. Linguagem acessível (apesar de ser um trabalho académico), com dose quanto baste de registos biográficos que ilustram o passeio pela obra publicada. Uma chave para entender a escrita e o sonho do poeta de Azeitão, deambulando pela sua poesia e pelo seu Diário, na busca da alegria de viver e na construção de um caminho de amor feito. E fica a convicção de que o poeta, o homem e o pedagogo funcionavam em conjunto, num todo, numa forma poética de ser vida. E também a de que Sebastião da Gama ultrapassa em muito o interesse eventualmente apenas regional, antes sendo uma expressão importante da cultura portuguesa do seu tempo. A ler, obrigatoriamente.
2009 – O ano que está a chegar tem números redondos para gostos plurais. Eis algumas hipóteses de trabalho com a memória: 900 anos do nascimento de Afonso Henriques, 250 anos da morte de Bernardo Gomes de Brito, 200 anos do nascimento de José Estêvão, 150 anos do nascimento de António Feijó, centenário do nascimento de Soeiro Pereira Gomes, de António Pedro e de Adolfo Simões Muller, 90 anos do nascimento de Ricardo Alberty, 60 anos da morte de António Aleixo e 50 anos das mortes de António Botto e de Gago Coutinho. No que à região de Setúbal respeita, as oportunidades de celebrar a vida, a cultura e a memória são também algumas: 390 anos da morte de Frei Agostinho da Cruz, 200 anos da morte do Morgado de Setúbal, 150 anos do nascimento do Padre Cruz e de João Vaz, 80 anos do nascimento de José Afonso, 35 anos da morte de Celestino Alves e de Antoine Velge e, finalmente, 60 anos sobre o início da escrita do Diário de Sebastião da Gama.
Votos – Boas Festas é o desejo inevitável nesta quadra, que gostaria de transmitir a todos os leitores, ainda que sabendo que a realidade dos tempos é difícil. Seja com o calor do presépio, seja com o ritmo comercial e global do Pai Natal, votos de Boas Festas, pois! E também de um 2009 que seja o melhor possível!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Sebastião da Gama lido por Alexandre Ferreira dos Santos

Sebastião da Gama – Milagre de vida em busca do eterno (Lisboa: Roma Editora, 2008), de Alexandre Ferreira Santos, é o título do mais recente estudo sobre a obra do poeta que a vida levou aos 27 anos, em 1952, resultante de um trabalho académico defendido como tese de mestrado na Universidade Aberta em Maio deste ano. Matilde Rosa Araújo e Maria Barroso, colegas que foram de Sebastião da Gama, escreveram o prefácio e o posfácio a esta obra, respectivamente.
Alexandre Santos cruza poemas, testemunhos, leituras, correspondência e o ambiente cultural e literário da época e dá-nos um retrato que ajuda a entender a obra deste poeta, primeiro passo para descobrirmos que a escrita, o sentir, a vida e a pessoa, no caso de Sebastião da Gama, são indissociáveis, são os pilares de uma mesma catedral.
Este texto transporta verdades que demonstram um caminhar a passo que Alexandre Santos fez pela obra de Sebastião da Gama, com nítida e notável simpatia, com esclarecido e assumido envolvimento. Repare-se, a título de exemplo, em afirmações que faz sobre Sebastião da Gama, que pressupõem o conhecimento da obra, mas também o fascínio que essa mesma obra exerceu sobre o seu leitor e estudioso: “um hino luminoso à sagração da Vida” é a metáfora escolhida para contrapor e classificar o trajecto dos 27 anos que Sebastião da Gama viveu; sobre a escrita, acentuará que é constituída por “páginas vivas e coloridas, cheias do brilho e do calor coloquial que ele era tão exímio a transmitir”; sobre a humanidade de um percurso de vida, afirma que “Sebastião da Gama, alma genuinamente sensível e profunda, descobriu que a vida é uma conquista diária feita de contínuas quedas e voos, de fraquezas e de triunfos”; sobre o trajecto poético, a sua autonomia e independência, entende que Sebastião da Gama “pretendia ser genuíno e livre, fazendo da poesia o reflexo da vida e do pulsar do seu coração, nunca se submetendo à tutela de qualquer corrente ou ideologia”.
No final deste primeiro capítulo, a conclusão só pode ser uma: “para Sebastião da Gama, a poesia, mais do que um modo de fazer, um comportamento, era, sobretudo, um modo de ser, uma atmosfera espiritual, uma ética de acção, um transcendente exercício de um sacerdócio.”
O ciclo mais biográfico, enraizado numa vasta leitura da obra, fecha-se e o segundo capítulo traz-nos “o poeta e o pedagogo”, logo não nos surpreendendo que um e outro coexistam numa íntima abordagem.
Em primeiro lugar, aparece o ciclo das obras publicadas pelo autor, a saber: Serra Mãe (1945), Cabo da boa esperança (1947) e Campo aberto (1951). A leitura dos poemas é convenientemente anotada nas suas linhas temáticas e de amadurecimento, num caminho que segue a chamada da poesia: desde a busca da perfeição (seja no texto, seja na mensagem a fazer passar) até um “grito à alegria, à vida e à esperança”, numa leitura simbólica da estrutura dos livros, ajudada, por exemplo, pelos títulos dos dois últimos poemas de Serra Mãe, respectivamente “Alegria” e “Claridade”, uma forma eufórica e luminosa de concluir um trajecto, de atingir, como Sebastião da Gama referia numa carta a Luís Amaro, o “Presente Eterno”, mensagem por demais bonita e promissora.
O trajecto por estes livros continua em Cabo da boa esperança, roteiro de descoberta da poesia por toda a parte de onde surja vida, género de oferta que se expõe ao poeta, aprendizagem na lição dada pela Natureza, de onde não está ausente Deus nem um diálogo com Ele. Em 1951, Campo aberto fecha esta espécie de trilogia, já com maior maturidade, onde surgem ecos de grandes poetas como Torga ou Pessoa, por exemplo. E continua a ser significativo o domínio do simbólico e das associações neste percurso – é que o fecho da trilogia é feito com dois poemas, um dedicado a “Cristo” e outro à “Senhora da Lapa”, modelo com quem dialoga, um, e protectora, a outra; e não pouco significativo é que os dois últimos versos que Sebastião da Gama publicou em livro tenham sido “Em Tuas mãos me entrego / como se ao Mar me desse”.
Depois deste ciclo da trilogia, um outro é estudado por Alexandre Santos: o da obra que Sebastião da Gama deixou preparada, com título escolhido, mas que não chegou a ver publicada. Falo de Pelo sonho é que vamos, publicado em 1953, quase dois anos após a sua morte, obra que atesta a maturidade do poeta e que, convictamente, afirma aquelas que são as características da construção dos seus poemas – “simplicidade, espontaneidade e aproximação à oralidade”, talvez a chave que explica a tão grande adesão à leitura dos textos de Sebastião da Gama e constitui, em simultâneo, o cadinho em que assegurou também a sua prática pedagógica, conforme se pode ver no Diário.
Aqui chegados, a este “poema do pedagogo”, curiosa designação para um livro em prosa, em que o leitor é banhado pela espuma dos dias de um professor em contacto com os seus alunos! Tal como os poemas, pela sua espontaneidade, também as melhores aulas de Sebastião da Gama aconteciam “de repente”, com dose acentuada de “improviso”. E Alexandre Santos regista o essencial, o ponto de união da poesia com a vida, da prosa do Diário com os poemas dos livros, ao dizer: “O amor não é para Sebastião da Gama apenas uma palavra, mas sim o acontecimento soberano da vida humana, o centro de toda e qualquer teoria educativa. E aqui está a essência da pedagogia deste mestre que irá pautar toda a sua actividade de Poeta e professor que semeia ternura em tudo o que faz. Para ele, fazer alguma coisa é pura e simplesmente amar.” E todos nos lembramos daquelas duas linhas do Diário, escritas em 23 de Março de 1949: “Tens muito que fazer? Não. Tenho muito que amar.” E acrescentava Sebastião da Gama: “Não entendo ser professor de outra maneira.” (Que bela mensagem para a escola dos tempos que correm e para todos aqueles que nela intervêm!...)
Este Diário é outro livro de maturidade, assumida enquanto processo de construção, obra iniciada há quase 60 anos, data redonda que ocorrerá daqui a menos de um mês – precisamente em 11 de Janeiro, dia desse distante 1949 em que aconteceu a primeira página do Diário, obra que considero dever ser de leitura obrigatória na formação de professores (e que, já agora, deveria ser de conhecimento não menos obrigatório para pais e governantes preocupados com a educação!...).
A conclusão do estudo de Alexandre Santos dá-se com o capítulo intitulado “Em demanda de uma arte poética”, que tenta fazer o laço com todos os fios percorridos: quanto à liberdade de inspiração e de imaginação, Sebastião da Gama surge na linha dos poetas românticos; conhece os clássicos e domina as técnicas por eles seguidas; a poesia é revelação que se assume na forma de “captar o universo poético contemplado”; a poesia é “a mais perfeita expressão do ser humano”; o poema é espontâneo e dá voz ao poeta (tão espontâneo que Sebastião da Gama quase não apresenta versões melhoradas ou diferentes dos seus poemas); os temas são o que são, mas a poesia nasce de sentimentos, de “momentos de alma e momentos da paisagem”; a sua poesia é diurna, apolínea, num elogio à vida, revela a verdade. Em conclusão, a espontaneidade de Sebastião da Gama é um processo em que “está latente todo um percurso, não raro longo e árduo, que, partindo do alerta inicial de um símbolo visto ou sentido, abrange, além deste momento de génese, uma fase mais ou menos prolongada da gestação poética até ao auge da epifania modulada em música”. No poema, em suma.
Alexandre Santos não esconde, como já disse no início, o fascínio de leitor perante o dizer de Sebastião da Gama, confessando ter-se sentido impressionado “vivamente” com “a extraordinária vitalidade que [a sua obra] irradia para o leitor”, fenómeno explicável pela reconstituição que esta poesia faz entre o homem, a Natureza e as coisas, não estando ausente uma relação com o divino. E assim se lê a poesia de “um adulto que soube conservar em si o deslumbramento, a simplicidade e a ternura de criança”.
Não fique o leitor pelas imagens que de palavras se vão fazendo. Este livro contém também o registo fotográfico, em 30 páginas, de passos da vida de Sebastião da Gama e dos espaços de influência e de bem-estar que motivaram poesia, com particular destaque para a Arrábida. É uma agradável forma de partilhar textos, ambientes, paisagens, olhares e dizeres, numa não menos agradável obra que, tendo um propósito inicial académico, soube trazer para o fácil acesso a chave da poesia de Sebastião da Gama, disponível para todos.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Sebastião da Gama estudado por Alexandre Santos em investigação de mestrado

A obra de Sebastião da Gama, sobretudo os três títulos de poesia por ele publicados e o Diário, foi objecto de estudo no âmbito de mestrado a cargo de Alexandre Ferreira dos Santos.
A defesa da tese, sujeita ao título Sebastião da Gama – Milagre de vida em busca do eterno – Uma leitura da sua obra, ocorreu na tarde de hoje, na Universidade Aberta, em Lisboa, com um júri constituído pelos professores Rui Azevedo Teixeira (orientador da tese e docente da UA), Dionísio Vila Maior (docente da UA) e José Tolentino de Mendonça (arguente e professor da Universidade Católica).
Segundo Alexandre Santos, "um dos segredos da singularidade e frescura da poesia [de Sebastião da Gama] residirá, porventura, no facto de estarmos perante um poeta profundamente adulto e ao mesmo tempo com uma postura de criança deslumbrada e enternecida". Na conclusão da apresentação do seu trabalho, Alexandre Santos defendeu que o poeta da Arrábida "é de um humanismo integral, em que a vedrtente religiosa é nuclear".
O júri considerou que este trabalho teve como linhas importantes “a seriedade científica, a maturidade e uma investigação apaixonada”. José Tolentino de Mendonça iniciou a arguição dizendo que Sebastião da Gama foi um “poeta precoce” e que, devido ao seu curto período de vida, foi a obra legada que, postumamente, o firmou como poeta e escritor de mérito.
Sebastião da Gama publicou apenas três livros de poesia – Serra Mãe (1945), Cabo da boa esperança (1947) e Campo aberto (1951). Os restantes oito títulos publicados são póstumos, aí se incluindo o Diário, sobre cuja publicação passa neste ano o 50º aniversário e sobre cujo início de escrita se celebrarão os 60 anos em Janeiro de 2009.
Alexandre Francisco Ferreira dos Santos (n. 1960), pertencente à Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), é pároco em Queijas.
[foto: Alexandre Santos e Joana Luísa da Gama (mulher de Sebastião da Gama), na tarde de hoje, na Universidade Aberta]