Depois de ler Jesus Cristo bebia cerveja, de Afonso Cruz (Carnaxide: Santillana Editores / Editora Objectiva, 2012 – já com 3ª edição, de 2013), uma história bem contada pelo Alentejo dentro, um lote de máximas, organizadas por ordem alfabética e não pela ordem por que aparecem no livro.
Conhecimento – “O auto-conhecimento é uma coisa muito difícil, é
como os cães, que roem ossos mas não roem os seus próprios ossos.”
Dor – “As nossas dores acompanham-nos até morrermos, como cães fiéis
atrás dos donos.”
Espaço – “Quando o espaço comum é demasiado pequeno, surgem inúmeros problemas. Numa sociedade, se houver
espaço, nunca há conflito.”
Futuro – “Conhecer o futuro dá cabo do presente.”
Idade – “A idade de uma criança ainda é um fenómeno mitológico. Fenómeno
que se perde com a adolescência. A partir de certa altura a cronologia passa a
ser um número sem qualidades metafísicas. Os deuses greco-romanos perdem
protagonismo e acabam por ser substituídos por leis físicas, por sebentas aos
quadrados e, fatalmente, por um bilhete de identidade.”
Instinto – “O instinto é um processo admirável que se sobrepõe a
todas as virtudes, mesmo às mais celestiais, castas e abençoadas.”
Morte – “A morte come muita coisa, mas deixa os ossos.”
Natureza – “A natureza é um lugar sem higiene nenhuma, cheia de
bichos e de terra e de coisas desorganizadas. É o oposto dos jardins e das
cidades e das hortas e do cimento. A natureza é o maior inimigo do homem
civilizado.”
Sonho – “As coisas que imaginamos que irão ser o futuro, e jamais o
serão, existem mesmo, mas num universo ao lado deste, coladinho a este. (…)
Tudo o que pensamos acaba por acontecer, mas noutro lado a que não temos
acesso.”
Tempo – “O tempo, nas relações, não anda necessariamente de trás
para a frente, do passado para o futuro. É fácil verificar que uma mulher nova
pode ser muito mais velha do que um velho e que um homem de idade
impressionante pode ser uma criança. Nas relações, o tempo comporta-se de
maneira diferente. O único relógio que mede o passar destes tempos são os
sentimentos.”
Trabalho – “Se o trabalho desse dinheiro, os pobres seriam ricos.”