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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Máximas em mínimas (98) - Afonso Cruz


Depois de ler Jesus Cristo bebia cerveja, de Afonso Cruz (Carnaxide: Santillana Editores / Editora Objectiva, 2012 – já com 3ª edição, de 2013), uma história bem contada pelo Alentejo dentro, um lote de máximas, organizadas por ordem alfabética e não pela ordem por que aparecem no livro.

Conhecimento – “O auto-conhecimento é uma coisa muito difícil, é como os cães, que roem ossos mas não roem os seus próprios ossos.”
Dor – “As nossas dores acompanham-nos até morrermos, como cães fiéis atrás dos donos.” 
Espaço – “Quando o espaço comum é demasiado pequeno, surgem  inúmeros problemas. Numa sociedade, se houver espaço, nunca há conflito.”
Futuro – “Conhecer o futuro dá cabo do presente.” 
Idade – “A idade de uma criança ainda é um fenómeno mitológico. Fenómeno que se perde com a adolescência. A partir de certa altura a cronologia passa a ser um número sem qualidades metafísicas. Os deuses greco-romanos perdem protagonismo e acabam por ser substituídos por leis físicas, por sebentas aos quadrados e, fatalmente, por um bilhete de identidade.”
Instinto – “O instinto é um processo admirável que se sobrepõe a todas as virtudes, mesmo às mais celestiais, castas e abençoadas.”
Morte – “A morte come muita coisa, mas deixa os ossos.”
Natureza – “A natureza é um lugar sem higiene nenhuma, cheia de bichos e de terra e de coisas desorganizadas. É o oposto dos jardins e das cidades e das hortas e do cimento. A natureza é o maior inimigo do homem civilizado.”
Sonho – “As coisas que imaginamos que irão ser o futuro, e jamais o serão, existem mesmo, mas num universo ao lado deste, coladinho a este. (…) Tudo o que pensamos acaba por acontecer, mas noutro lado a que não temos acesso.”
Tempo – “O tempo, nas relações, não anda necessariamente de trás para a frente, do passado para o futuro. É fácil verificar que uma mulher nova pode ser muito mais velha do que um velho e que um homem de idade impressionante pode ser uma criança. Nas relações, o tempo comporta-se de maneira diferente. O único relógio que mede o passar destes tempos são os sentimentos.” 
Trabalho – “Se o trabalho desse dinheiro, os pobres seriam ricos.”

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Máximas em mínimas (69)

MUDANÇA
“Em tempo de mudança ocorrem, com frequência, coisas que em demais ocasiões dificilmente se passariam. E nós, sem darmos conta, a elas nos habituamos, acabando o inusitado por converter-se em acontecimento comum. Rota a textura que nos liga, os actos dependem então da contingência de cada um e só a continuidade no tempo e no espaço une os factos desconexos.”
Arlindo Barbeitos. “O Carro”. O Rio – Estórias de Regresso.
Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1985.