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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Para a agenda - As almenaras que atravessam o Tejo, entre Palmela e Lisboa



Por 1384, os castelhanos eram derrotados no Alentejo, na batalha de Atoleiros, graças à introdução de novas técnicas militares. Nuno Álvares Pereira era o chefe incontestado do exército português nas terras do Sul. No entanto, ainda mal saboreada a vitória, eis que Lisboa era cercada por D. João de Castela, numa acção que trouxe muitas tribulações e padecimentos à cidade. As hipóteses de ser posto fim ao cerco eram escassas, mas a população de Lisboa pôde receber um sinal de apoio a partir de Palmela, graças à vinda de Nuno Álvares do Alentejo.
Relata Fernão Lopes, no capítulo 147 da Crónica de D. João I: "Nun'Álvares foi comer a Coina e ali repartiu o esbulho per todos, sem havendo pera si parte alguma. E daí cavalgou e foi a Palmela; e, quando foi de noite, mandou fazer tais almenaras de fogo, de guisa que o viam os de Lisboa, por saberem os da cidade que estava ele ali e tomarem algum esforço. E certamente assim foi de feito, que o Mestre, quando viu aquelas almenaras de fogo em Palmela, bem entendeu que era Nun'Álvares que ali estava com suas gentes, e houve mui grande prazer, ele e todos aqueles que o viam; e mandou acender grandes tochas no grande eirado dos paços de el-rei, hu estonce pousava, por as verem de Palmela e lhe dar a entender que via suas almenaras e que lhe respondia com aqueles lumes, pois outra fala entre eles haver não podia. E assim esteve o Mestre per um bom espaço falando com os seus nos feitos de Nun'Álvares com aquele doce razoar e louvores quais tão leal servidor merecia de se dele dizerem."
Palmela contribuía desta maneira para a história das comunicações e para a história da vitória de Lisboa. Quando, em 1893, Oliveira Martins escrevia a biografia A Vida de Nun'Álvares, ali registava o sentimento dos lisboetas ao serem surpreendidos pelas fogueiras do outro lado do Tejo: "nas luzes de Palmela, em que se iam todos os olhos, viam tremer uma esperança", sendo Nuno Álvares Pereira apresentado pelo mesmo biógrafo como "a luminosa esperança de asas abertas no seu ninho de Palmela".
O projecto "Almenara", entre Lisboa e Palmela, a evocar este acontecimento e a celebrar o estabelecimento de pontes, vai ter lugar em 17 de Setembro, pelas 21 horas, contando com a participação dos grupos "Teatro o Bando" e "Companhia da Esquina".

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Para a agenda - Teatro "O Bando" com José Saramago, na jangada



Pouco mais de dez dias para ver "O Bando" com Saramago, a bordo da Jangada de pedra. De 30 de Outubro a 10 de Novembro. Para a agenda!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Arrábida - O livro da candidatura a património da Humanidade



O livro da candidatura da Arrábida a património da Humanidade está, desde há dias, ao dispor do público, em edição da Associação de Municípios da Região de Setúbal (Arrábida. Setúbal: AMRS, 2013). Em cerca de 230 páginas, recheadas com muitas fotografias, a obra alberga o processo de candidatura da Arrábida, assente em variadas facetas, porque, como é dito logo a abrir, “o espírito deste lugar, a sua alma, reside nesta união orgânica, reflectida na sua paisagem, de geologia e clima, de paleontologia e iconografia, de flora e fauna, de espeleologia e religiosidade, de património edificado e imaterial, de lendas e tradições”, tudo fazendo dele “um lugar de fronteira e de mistério, de memória e de herança”.
Se outra vantagem não existisse, esta chamada de atenção sobre a Arrábida bastaria para um olhar atento sobre o património que nos rodeia e de que somos feitos. É essa ideia que Alfredo Monteiro, Presidente do Conselho Directivo da AMRS, defende na nota de abertura: “o nosso conhecimento do Bem é hoje mais profundo e actualizado, mais rigoroso e ajustado, fazendo jus à excepcionalidade dos valores que a Arrábida contém”.
A obra organiza-se em três partes: “identificação do Bem”, “Património Natural” (paisagem, geologia, clima, vegetação, fauna terrestre, parque marinho) e “Património Cultural” (património arqueológico, património edificado, património imaterial). Na prática, num complexo que ocupa uma extensão de 35 km por uma largura de 6 km, entre Setúbal e o Espichel, a Arrábida revela-se em 85 valores encontrados (42 do património natural, 38 do património cultural e 5 do património imaterial) e a fundamentação para o seu elevado valor para a Humanidade vive com as justificações de textos científicos, como os de Orlando Ribeiro ou José Gomes Pedro, e de textos literários, como os de Torga, Arronches Junqueiro, Sebastião da Gama, Camões ou Saramago, entre outros.
Apesar de esta obra ser a apresentação de um projecto, ela constitui uma mais-valia no conhecimento da Arrábida, indispensável para a bibliografia e para o saber sobre a serra que nos fascina e nos convoca, essa “varanda de ver o mundo”, como lhe chamou o poeta setubalense Miguel de Castro.
A propósito do lançamento desta obra, feito no Convento da Arrábida, em 18 de Julho, é de toda a justiça louvar o grupo de teatro “O Bando” pela representação com que este acto foi ilustrado. “Al-Rabita” se intitulava a dramatização que, em torno da figura feminina da Arrábida, mostrou o quão importante do ponto de vista cultural a serra é, navegando sobre textos vários de carácter científico e de cunho literário, em que marcaram presença nomes tão diversos como Alexandre Herculano, Sebastião da Gama ou José Saramago. Excelente este trabalho, a merecer também divulgação, devido à encenação de João Brites, à música de Jorge Salgueiro e aos actores Guilherme Noronha, João Neca, Paula Só, Raul Atalaia e Sara de Castro e a toda a equipa do “Bando” que para “Al-Rabita” trabalhou.