Na edição de 25 de Setembro do diário Público, Santana Castilho zurziu no programa “Prós e Contras” que a RTP transmitira cerca de uma semana antes sobre o tema da educação, dizendo que o espectador teria “apreciado uma intervenção jornalística preparada e inteligente para confrontar [a Ministra da Educação] com o imenso contraditório a que nunca responde, senão com a demagogia que lhe toleram”. A conclusão do articulista encaminhou-se para o óbvio: em termos de discussão, o programa não teve interesse, porque acabou por “deixar ausentes as questões mais relevantes sobre a verdadeira situação da Educação em Portugal”. Confesso que não sei de onde vem a surpresa! Já desisti de ver este programa há muito, pois sempre que o vi desconfiei das tendências da sua condução e sobretudo das conclusões, algumas inenarráveis, que a jornalista era useira em tirar, sem ponta por onde se pegasse. Então, no que à educação diz respeito…
Tudo isto me faz lembrar a tristeza que é não haver em Portugal jornalismo especializado em educação – e a consequência não é inócua! É que grande parte das informações que os media fazem circular no que à educação respeita são incorrectas ou não contam toda a verdade, por desconhecimento de quem redige. Provavelmente, é este o tipo de informação que interessa para ofuscar os olhares, porque o pensamento e a reflexão, assim como o traçar da política educativa devem ficar para iluminados (?). Ainda hoje se não conhece, de forma inequívoca, o conjunto de razões que levaram uma editora a pôr fim à revista mensal Pontos nos is, que abordava “política educativa”, ela mesma dirigida por Santana Castilho, que teve 11 números, entre Janeiro e Fevereiro de 2006... mas, provavelmente, não foi só o aspecto financeiro da questão, como a editora quis fazer acreditar aos assinantes e eventuais leitores.
O panorama de se pensar a educação enquanto teia partilhada e discutida está longe de acontecer. Cada vez se tem mais a sensação de que a “política educativa” contém muito de deslumbramento afunilado e escassez de participação, de “coisa pública” e de cidadania. Veja-se como há vozes que se vão afastando por cansaço e por decisão própria, haja em vista o recente caso de Antero Afonso, colaborador do semanário Correio da Educação, editado pela ASA – no seu último número, de 24 de Setembro, na crónica “Despedida”, o final da colaboração era justificado com quatro razões, de que destaco a primeira: “Eu acho que esta equipa ministerial deve ter um sentido, que orienta a sua acção. Apesar de não conseguir vislumbrar o alcance da generalidade das medidas, avulso, com que tem sido presenteada a nossa acção como docentes, apesar de não percepcionar a bondade dos objectivos, apesar de sentir a desmotivação a generalizar-se. Apesar disso, talvez a senhora ministra e seus colaboradores estejam no caminho certo e, nesse sentido, não quero ser, com a minha narrativa, a pedra com a qual a Senhora Ministra e seus colaboradores construam o seu próprio desconforto”. E, já agora, menciono uma outra justificação para o abandono, que Antero Afonso apresenta, porque vem a propósito do que escrevi acima: “sou um homem do norte, habituado ao granito, à asma, à chuva, miudinha, que dá esta cor cinzenta à minha cidade. Estou longe da luz branca que inunda as ruas, as avenidas e os corredores da nossa capital. Falta-me a luz e, na escuridão, é mais difícil escrever.” Questiono-me se haverá o direito de nós, professores, nos sentirmos assim? Pergunto-me se alguém acredita na substituição do humanismo pela tecnologia na educação? Interrogo-me quanto às causas que lançaram este mal-estar que se vai acentuando (e que alguns prognosticam que virá a ser mais intenso) reinante na escola e entre o corpo docente? No caos das respostas possíveis, não há uma única linha de consistência e, como Lapalice advogaria, as leis e os governos passam (tal como os tempos), mas a educação ficará. É da nossa condição? É.
Tudo isto me faz lembrar a tristeza que é não haver em Portugal jornalismo especializado em educação – e a consequência não é inócua! É que grande parte das informações que os media fazem circular no que à educação respeita são incorrectas ou não contam toda a verdade, por desconhecimento de quem redige. Provavelmente, é este o tipo de informação que interessa para ofuscar os olhares, porque o pensamento e a reflexão, assim como o traçar da política educativa devem ficar para iluminados (?). Ainda hoje se não conhece, de forma inequívoca, o conjunto de razões que levaram uma editora a pôr fim à revista mensal Pontos nos is, que abordava “política educativa”, ela mesma dirigida por Santana Castilho, que teve 11 números, entre Janeiro e Fevereiro de 2006... mas, provavelmente, não foi só o aspecto financeiro da questão, como a editora quis fazer acreditar aos assinantes e eventuais leitores.
O panorama de se pensar a educação enquanto teia partilhada e discutida está longe de acontecer. Cada vez se tem mais a sensação de que a “política educativa” contém muito de deslumbramento afunilado e escassez de participação, de “coisa pública” e de cidadania. Veja-se como há vozes que se vão afastando por cansaço e por decisão própria, haja em vista o recente caso de Antero Afonso, colaborador do semanário Correio da Educação, editado pela ASA – no seu último número, de 24 de Setembro, na crónica “Despedida”, o final da colaboração era justificado com quatro razões, de que destaco a primeira: “Eu acho que esta equipa ministerial deve ter um sentido, que orienta a sua acção. Apesar de não conseguir vislumbrar o alcance da generalidade das medidas, avulso, com que tem sido presenteada a nossa acção como docentes, apesar de não percepcionar a bondade dos objectivos, apesar de sentir a desmotivação a generalizar-se. Apesar disso, talvez a senhora ministra e seus colaboradores estejam no caminho certo e, nesse sentido, não quero ser, com a minha narrativa, a pedra com a qual a Senhora Ministra e seus colaboradores construam o seu próprio desconforto”. E, já agora, menciono uma outra justificação para o abandono, que Antero Afonso apresenta, porque vem a propósito do que escrevi acima: “sou um homem do norte, habituado ao granito, à asma, à chuva, miudinha, que dá esta cor cinzenta à minha cidade. Estou longe da luz branca que inunda as ruas, as avenidas e os corredores da nossa capital. Falta-me a luz e, na escuridão, é mais difícil escrever.” Questiono-me se haverá o direito de nós, professores, nos sentirmos assim? Pergunto-me se alguém acredita na substituição do humanismo pela tecnologia na educação? Interrogo-me quanto às causas que lançaram este mal-estar que se vai acentuando (e que alguns prognosticam que virá a ser mais intenso) reinante na escola e entre o corpo docente? No caos das respostas possíveis, não há uma única linha de consistência e, como Lapalice advogaria, as leis e os governos passam (tal como os tempos), mas a educação ficará. É da nossa condição? É.
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