A Ermida da Memória e Hildebrando
Hildebrando não é nome habitual nas latitudes latinas. Consta no título de um poema heróico germânico do século VIII, chegou, em tempos remotos, à Arrábida e fez lenda. De vez em quando, a sua história tem sido invocada e recriada conforme as épocas, alterando-se mesmo a caracterização da personagem que ora é um rico mercador, ora é apresentado como um frade. De comum entre os dois, existe o facto de ser originário do norte da Europa, chegado à Arrábida em virtude de uma tempestade que atirou o barco para esta região, devoto de uma imagem de Nossa Senhora e salvo de um naufrágio graças a essa mesma devoção.
O mais antigo documento conhecido respeitante a Hildebrando e à sua ligação à Arrábida data do século XIII e apresenta Hildebrando como fundador de um templo atribuído à ordem agostiniana.
O mais antigo documento conhecido respeitante a Hildebrando e à sua ligação à Arrábida data do século XIII e apresenta Hildebrando como fundador de um templo atribuído à ordem agostiniana.

DOUTROS TEMPOS: "Estando um certo mercador, de nacionalidade inglesa, em perigo, no mar, por causa de uma tempestade que se levantara, e, como não lhe restasse qualquer esperança de salvação, com o navio, em que viajava, a baloiçar entre rochedos e as ondas do mar a encapelarem-se cada vez mais e a cair a noite escura, longe de qualquer auxílio humano e remédio, resolveu, com os restantes marinheiros, em atitude de súplice oração, refugiar-se junto de certa imagem devotíssima da gloriosa Virgem que consigo levava e, não a tendo podido encontrar de forma nenhuma, desiludido na sua esperança, nada mais esperava para além do naufrágio e de uma amarga morte. E eis que, quando menos o pensava, uma certa luz brilhou para si do lado do Monte Arábico. (…) Atribuindo isto à bondade e misericórdia divinas, o próprio mercador, divididas, primeiro, as mercadorias, nesse mesmo lugar onde se fixara a imagem, tratou de construir um eremitério e uma torre contígua a ele, na qual passou o resto de vida que teve sob o hábito de anacoreta, em extrema pobreza, perpétua oração e santidade."(Francisco Gonzaga, De Origine Seraphicae Religionis Franciscanae, 1587)
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