Começou na manhã de hoje o
período dos exames nacionais, aberto com o exame de Língua Portuguesa do 9º
ano. Prova acessível, equilibrada, pertinente, respeitando o programa,
diversificada, culta, trabalhosa, valorizando mesmo a prática da leitura.
Tinha dito aos meus alunos que
estivessem preparados para uma prova mais exigente do que nos anos anteriores,
um pouco porque estava convencido desta necessidade, um pouco porque não se
pode dar a ideia de facilitismo ou de menosprezo relativamente ao acto dos
exames e do estudo.
Como muitos colegas, tenho
estado convencido de que os resultados dos exames vão baixar, sobretudo depois
de toda a onda de facilitismo nas transições e de facilidade nas provas a que a
sociedade tem assistido. Veremos…
Nesta mesma manhã de exames, o
jornal Público “descobriu” um eventual novo responsável pelos também eventuais
maus resultados dos exames: o professor corrector. Depois do título “Resultados
dos exames não dependem só do que os alunos sabem”, o lead respectivo na página
do jornal (em suporte papel) adianta: “Falta de fiabilidade entre os
correctores dos exames nacionais pode pôr em causa a equidade destas provas,
alerta especialista em avaliação.” “Fiabilidade” em quê ou em quem?, perguntará
o leitor, depois de ter sido levado a crer que será nos professores
correctores.
Lê-se o texto e, afinal, qual
é o problema? Carlos Barreira, universitário de Coimbra, “chama a atenção para
a falta de fiabilidade entre os correctores, que considera ser um aspecto
preocupante, pois também deste modo se pode questionar a equidade dos exames”.
De facto, a questão está na qualidade dos critérios de correcção, ponto
abordado por uma outra entrevistada ligada à área da Matemática. E na
fiabilidade dos critérios de correcção. E na adequação dos critérios de correcção
às provas. Recordo o exemplo dos critérios de correcção das provas de Língua
Portuguesa de 9º ano do ano lectivo passado, que desfaziam o equilíbrio que a
prova parecia apresentar… e os resultados foram o que se viu.
O "lead" do Público é, assim, menos correcto ou menos fiável e... verdade, verdadinha, não era necessária essa falta de cuidado. No final, o que ressalta da leitura dos comentários dos entrevistados é a necessidade de os critérios de correcção serem bem construídos e adequados. Bem pensados, é claro. Mesmo para que, depois, não se conjuguem no mesmo texto questões tão sérias (como a da qualidade dos critérios de correcção) com outras tão demagógicas como, por exemplo, quando Albino Almeida (das associações de pais) vem dizer que "os exames estão a avaliar o que as escolas não ensinam e o que os alunos não puderam aprender"... diatribe que me escuso de comentar.
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