sábado, 29 de novembro de 2014

Valter Hugo Mãe: a simplicidade dos afectos



“Reparo desde pequena que os adultos vivem muito em casais. Mesmo que não sejam óbvios, porque algumas pessoas têm par mas andam avulsas como as solteiras (…)” Assim se inicia o recente livro de Valter Hugo Mãe, O Paraíso são os outros (Porto: Porto Editora, 2014).
E as observações da menina narradora seguem o caminho da visão do amor, acompanhado pelas ilustrações de Esgar Acelerado. A primeira frase convida-nos para a seguinte, a seguinte, a seguinte. E cada uma delas revela-se pela beleza da simplicidade, mostra-se repleta de sentido, dá um contributo para que o amor se apresente, ondule nos gestos de vida. Um livro bonito sobre os afectos, sobre a simplicidade dos afectos, sobre a vitória dos afectos. Entusiasma!

Sublinhados
Amar – “As pessoas que amam estão sempre com ar de urgência, porque têm saudades quando não estão acompanhadas e sentem uma euforia bonita quando estão juntas.”
Amor – “O amor é um sentimento que não obedece nem se garante. Precisa de sorte e, depois, de empenho. Precisa de respeito. Respeito é saber deixar que todos tenham vez. Ninguém pode ser esquecido.”
Feio – “Ser feio é complexo e pode ser apenas um problema de quem observa.”
Esperança – “A esperança parece inventada pela espera.”
Tristeza – “[A tristeza] é como algo descartável. Precisamos de usar mas não é bom ficar guardada.” 

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