sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Samuel Trezor, "Diferença que nos une"


Diferença que nos une, de Samuel Trezor (n. 1986), recentemente apresentado em Setúbal, em edição de pequena tiragem, é o segundo livro do autor.
Organizado em onze partes, por todas perpassa o louvor à vida e àquilo que a compõe, sofrimento incluído. Construído entre a prosa narrativa e os pequenos poemas, entre o relato autobiográfico e o rap, Diferença que nos une é o trajecto do seu narrador, valorizando as aprendizagens, as pequenas vitórias do quotidiano, os apoios prestados, o amor e a paixão, a solidariedade e o respeito pelo outro, a partilha, ao mesmo tempo que vai alimentando uma homenagem à família, com destaque para a figura da avó, mas por onde passam também a mãe e os irmãos, além dos amigos.
A vertente da aprendizagem ao longo da vida vai acompanhando o percurso deste escrito de Trezor (“não vejo este livro como uma biografia mas como um percurso de alguém que está em permanente busca, à procura de algo”, diz no final do segundo capítulo), tornando-se impressionante a delicadeza posta na descoberta do mundo, a simplicidade com que se fala de Deus, a transparência posta na definição de uma relação amorosa (com transcrição de sms e comentários sobre a paixão vivida) ou a energia que resulta da construção de princípios para a vida.
A linguagem corre simples, quase ao sabor dos sentimentos do momento, marca importante neste discurso testemunhal, mas, talvez por isso mesmo, com um texto a carecer de cuidados de revisão. A leitura é agradável, porém, sobretudo pela dimensão humana e de partilha e também pela espontaneidade que o narrador-poeta insufla no texto.
Sublinhados
Identidade – “A nossa origem é a maior tatuagem que um ser humano pode carregar.”

Vida – “A vida é um ensaio das nossas almas em busca da felicidade que cada homem e mulher veneram e sonham.”

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