Ontem foi o Dia Internacional do Livro Infantil, caído em 2 de Abril por ser esse o dia em que, em 1805, nasceu Hans Christian Andersen, o contista dinamarquês universalmente conhecido, que foi também viajante e andou por Portugal em 1866 (passará, dentro de quatro anos, o 150º aniversário dessa viagem), dessa experiência tendo deixado relato.
Setúbal foi um ponto de poiso nessa longa jornada e foi nesta terra que lhe surgiu a ideia para um conto como “O sapo” (“Skrubtudsen”, no original), narrativa que homenageia o sonho de ir mais além, apesar dos riscos.
O fascínio dos contos de Andersen, na sua totalidade traduzidos para português por um setubalense, João José Pereira da Silva Duarte (1918-2011), mantém-se sobre os seus leitores, independentemente das latitudes ou das gerações.
Há poucos meses, a M. C., minha aluna de 7º ano, leitora compulsiva, fazia-se acompanhar do livro Os contos, de Andersen, numa edição devida a esse espantoso divulgador e amante da obra do seu conterrâneo que é Niels Fischer, feita em 2005 (aquando do bicentenário do nascimento de H. C. Andersen). Pedi-lhe uma opinião sobre a sua leitura e a resposta deu para conversa em parte significativa de uma aula: “Os contos de Andersen não são tão felizes na escrita como aparecem nos filmes, dizia, mas são muito mais bonitos e encantadores, mais surpreendentes, na leitura do que nas versões que nos mostram.”
É claro que, perante uma observação destas, uma parte considerável da turma quis saber as razões que levavam a M. C. a falar assim e quiseram saber a opinião do professor. Daí o tempo que, em aula, se gastou a falar de Andersen… com a consequente recomendação de leitura de “O sapo”, que tinha sido gerado em Setúbal, e com olhares atentos para uma (re)descoberta de Andersen graças à M. C.
Quanto a “O sapo”, o início é nas profundezas, enquanto o final é nas alturas. Assim começa:
“O poço era fundo, por isso a corda era comprida. A roldana rodava com dificuldade quando se puxava o balde com água para a borda do poço. O sol nunca conseguia descer para se espelhar na água, por muito clara que fosse, mas até onde chegava o seu brilho, crescia a erva entre as pedras. (…)”
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