domingo, 21 de dezembro de 2008

Neste dia, em 1805...

... morreu Bocage, o poeta setubalense que se deixara adoptar pelo Sado no pseudónimo que escolheu. Trago para aqui a sua evocação através do trabalho em vitral de Isabel Fidalgo e da poesia de Mário Beirão.


Bocage

Passaste como o vento em desalinho,
Funesta imagem de ilusão cruel,
Dos desenganos o amargoso fel
Libando em taças de inebriante vinho!

Ó santo, a quem deteve no caminho
Das paixões o fantástico tropel,
A tua imagem sangra num painel
Que o Tempo mostra à multidão, escarninho!

Mais pálido que os lírios dos sepulcros,
Tombas no escuro eterno, entressonhando
Da Virgem-Mãe os doces olhos pulcros…

- Estrelas, alumiai o peregrino,
Mais os que seguem, pela noite, errando,
Às lágrimas, aos fados, ao Destino!

Mário Beirão. Lusitânia (1917)

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