Já cerca de um mês e meio passa sobre o desaparecimento de Rui Serodio (1937-2011), o compositor, pianista e maestro que Setúbal se habituou a ouvir numa interpretação musical fora do comum, associada a um feitio, atenção e disponibilidade exemplares. Já palavras foram ditas, já sentimentos se atropelaram na reflexão sobre a vida, sobre a amizade e sobre a memória, vindos a propósito deste homem que legou marcas de apreço e de gosto nos passos que deu.
Uma homenagem mais surgiu, desta vez partindo dos alunos da Oficina de Poesia da UNISETI, num opúsculo antológico intitulado Homenagem ao Maestro Serodio, que reúne vinte e quatro colaborações, quase totalmente poéticas, assinadas por Alexandrina Pereira, Eduarda Gonçalves, Alberto Dias, Anna Netto, Arnaldo Ruaz, Beatriz Estrela, Berta Duarte, Carmo Branco, Carmo Súcia, Célia Peixinho, Conceição Portela, Custódia Procópio, Francisco Pratas, Henrique Mateus, João Santiago, Kina Viegas, Lucinda Neves, Maria de Fátima Santiago, Maria Filomena Lopes, Maria Helena Barata, Maria Helena Freire, Maria Sol, Suzete Pereira e Viriato Horta.
Em comum, todos estes poetas cultivam a saudade, a dor da ausência, a lembrança dos momentos felizes, o afecto das sonoridades, a eloquência da música do homenageado, a marca humana que ficou. Em comum, muitos dos poetas se remetem para um próximo encontro enquanto outros tentam adivinhar uma forma de estar no paraíso, maneira de estender o afecto até ao além. É uma homenagem em palavras como podia ser em notas ou acordes ou apenas numa conversa com a eternidade.
A título de exemplo, aqui fica o sentir de Maria Helena Barata:
O rio enfureceu-se.
O céu chorou.
As gaivotas soluçaram.
A música não mais parou
e lá estavam os arcanjos
soletrando os acordes
que o Maestro preparou.
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